A Revista Gerador foi até à Ponte 25 de Abril. Como não gostamos de guardar tudo para nós, fazemos questão de te dar boleia.
Nas alturas, falámos com o João Carvalho, técnico de inspecção de pintura da Ponte 25 de Abril ;-)
Se pudesses ter uma banda sonora a acompanhar um dia de trabalho, o que escolherias?
Qualquer álbum de Moby, algumas canções do Camané também me fariam uma óptima companhia e para finalizar uns temas de heavy metal para iniciar as segundas-feiras mais furiosas.
Alguma vez imaginaste que irias trabalhar tão perto do céu?
Nem de perto, nem de longe. Admirava desde de sempre a ponte 25 de Abril, mas nunca pensei que viesse aqui parar, a fazer o que faço hoje em dia. Na realidade, penso que nunca podemos realmente prever onde vamos parar.
Na tua perspectiva, ao longo da estrutura da ponte 25 de Abril, onde se vê o melhor pôr-do-sol?
No topo da Torre 3. Sem dúvida que é lá que tenho a melhor perspectiva.
E onde te sentes mais em paz?
Mais uma vez, no topo do topo.
Qual a melhor forma para atravessar a ponte? Carro, mota, bicicleta ou a pé?
A pé.
Confessa lá, é preciso roçar um pouco a loucura para te dedicares a um trabalho de alto risco como este, não é?
É preciso uma certa dose de loucura, mas o medo é o que nos protege sempre, e nos faz agarrar às escadas.
Disseste-me que existem vários tipos de inspectores. Qual é o teu tipo?
Sou do tipo pedagógico. Gosto de me relacionar com a equipa. Gosto de chegar a casa e sentir que fiz um bom trabalho ao comunicar as necessidades vitais de uma estrutura como esta, a cada técnico que vai manter a pintura, e por conseguinte mantermos a estrutura segura a longo prazo.
Entrevista por Ana Pracaschandra
Foto por Herberto Smith