fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

BEM COMER #21

A forma como somos tratados num restaurante é importante na repetição da experiência. De tal…

Texto de Margarida Marques

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

A forma como somos tratados num restaurante é importante na repetição da experiência.

De tal forma que alguém – como o vosso escriba – que pedala há mais de 35 anos por estas vielas de Bem ou Mal Comer acaba muitas vezes por se dar como relapso, evitando as novas experiências.

Dever ser este (entre outros) um dos sintomas mais gritantes da idade a instalar-se nas nossas articulações. Perdida a vontade de experimentar, o cota “meia idade” acaba por ir sempre aos mesmos lados.

Porquê?

Porque é bem tratado, porque é conhecido, porque sabem o que come e o que bebe, porque o acarinham e mimam, em suma, porque se sente bem.

Convenhamos que haverá pessoas mais aventureiras do que eu, dispostas a tudo para conhecerem o novo lugar que está na moda, o tal onde aparecem as figuras emergentes da nossa TV, do “fashion set”, da publicidade, da política, do futebol e da finança.

Desejo-lhes obviamente muita boa fortuna e rápida gratificação ( sem segundos entendimentos).

Na minha idade, e depois de ter gastado dezenas de milhares de euros no “treino” (aconchego da minha real barriga), aquilo que desejo é cada vez mais simples: Que não me chateiem, que não me provoquem, que não me surpreendam.

E mais: que o prato listado seja mesmo aquilo que é dito e escrito, que o vinho seja mesmo do ano que está na carta, que a confeção respeite os produtos e a época do ano. Que seja tudo (ou quase) feito ao momento. E – muito importante – que o serviço seja calmo, dedicado, simpático mas nunca invasivo, conhecedor mas sem ser petulante.

Obviamente que quando encontro algum local onde estas variáveis coincidem e ainda por cima se come bem, o que querem que faça?

Vou à procura de outro ainda melhor, correndo o risco de ser enganado? Não! Fico ali. Ponho na lista dos “amigos” e frequento-o sempre que posso.

Para ser sempre bem tratado, não nego que ter algum "conhecimento interno" é importante. E não nego também que tenho retirado até trunfos desses conhecimentos pessoais: mesas de restaurantes "todas reservadas" e que por milagre se abrem ao "Je", miminhos dos chefes para  o meu prato, e coisas assim.

Nunca deixei de pagar ( coisa que me faria nunca mais voltar) a não ser em casos excecionais. O mais que aceito será um "cheirinho" de whisky no copo.

Mas com estas ideias de velho acomodado vou perdendo a emoção da "caça"... E não é apenas  dessa "caça" em que estão a pensar! Da "caça e captura" das boas novidades que se podem ir abrindo no ramo da restauração.

Bem posso ir lendo as crónicas do Expresso e do Público\Fugas (Fortunato e Moreira fazem um belo trabalho!) sempre a "abrir" nesta área.

Mas quando chegamos aos "finalmentes", à hora de escolher? Lá vai o gordo cascalense para os mesmos lados outra vez: O Beira Mar, o Solar, o maluco do Pedro da Horta, o Galito, o Jockey, a Tia Matilde...

Por isso estimo as  deslocações à “província”, que me permitem variar. Bem, variar um pouco apenas, porque tudo o que é demais deita por fora. E com as experiências repetidas ao longo dos anos já ali mesmo no “sertão” se descobrem as moradas que devemos repetir: a Adega do Sossego, o Carvalheira, os Castelhanos, a Júlia e a Julinha, o Arcoense, a Tasca do Oliveira, e por aí fora…

Questiono: Esta falta de audácia terá a ver com a idade ? Ou com o necessário aprumo da escolha, agora que o dinheiro está cada vez mais caro  e que não tenho ninguém (como nunca tive) para pagar as contas?

E se for para ir, sentar, comer mal, pagar e nunca mais lá pôr as solas, porque diabo iremos?

Lembra-me esta conversa as minhas aulas de análise de risco que dei no ISCTE, quando associava valores de probabilidade a certas decisões de gestão.  Quanto maior o risco (medido em custo ,  despesa, ou prejuízo potencial) mais alta deveria ser a medida de probabilidade que aconselhava a ação.

Ou, dito por outras palavras: "Se vais ter uma reunião importante de tarde e almoças antes arroz de lampreia, tira a gravata de seda à mesa!"

Há ainda tanta casa boa e conhecida  para comer... Porque é que havemos de correr o risco?

Porque, parece que estou a ouvir o David Lopes Ramos e o Zé Quitério a criticar esta posição demasiado comodista, “quem não arrisca, não petisca”.

E é o caso aqui. Não petiscas mesmo!

Manuel Luar

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

Saber mais

8 DE ABRIL 2024

A pobreza em Portugal: entre números crescentes e realidades encobertas

Num cenário de inflação galopante, os salários baixos e a crise da habitação deixam a nu o cenário de fragilidade social em que vivem muitas pessoas no país. O número de indivíduos em situação de pobreza tem vindo a aumentar, mas o que nos dizem exatamente esses números sobre a realidade no país? Como se mede a pobreza e de que forma ela contribuiu para outros problemas, como a exclusão social?

Saber mais
A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0