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CAFÉ CENTRAL COM TERESA RICOU E SUSANA ROMANA

[fusion_text]No Parque Mayer, com Susana Romana e Teresa Ricou  Por Joana Rita Sousa,  Geradora de…

Texto de Margarida Marques

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[fusion_text]No Parque Mayer, com Susana Romana e Teresa Ricou 

Por Joana Rita Sousa, 

Geradora de filosofices e de conteúdos avulso*

Um Café Central com Susana Romana e Teresa Ricou? Só podia ser no Parque Mayer, pois claro. Ou então não: podia mesmo ser em qualquer lugar do mundo. Todavia, foi importante pôr os pontos nos is e homenagear um dos espaços mais emblemáticos da cidade de Lisboa, no que ao teatro e à cultura diz respeito. Há muitos anos que eu não ia ao Parque Mayer: descobri que o Capitólio foi renovado, encontrei um Variedades degradado e um Maria Vitória cheio de vida. Ao fundo, lá bem ao fundo, o mítico restaurante Gina. E foi até lá que eu, o Herberto e o Pedro conduzimos a Susana e a Teté, para conversarmos e, quem sabe, colocarmos os traços nos t.[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]Susana Romana e Teresa Ricou já foram praticamente vizinhas: Susana viveu alguns anos junto ao Chapitô, o “filho” que Teresa – mais conhecida por Teté – fez acontecer. Ainda assim, não se conheciam pessoalmente. O nosso café começa precisamente por aí. Susana, podes começar por te apresentar? “Trabalho para vários sítios, como freelancer, e escrevo humor, profissionalmente, desde os vinte e um. Escrevo humor há mais ou menos catorze anos – e é o que faço quando não estou ocupada a mudar de casa”. É que a Susana já mudou de casa algumas vezes, aqui por Lisboa. E a Teresa, a Teté, quem é? “Eu sou uma pessoa sénior, já. Estou a caminho dos oitenta. O Chapitô é o meu calcanhar de aquiles. É uma máquina muito pesada. O que eu sei fazer, não faço. E eu faço aquilo que não sei fazer: gestão. Esta parte de administração é fundamental e é fatal. [O Chapitô] não é só uma escola, é um projecto com tudo: os jovens, os séniores, os presos, os que estão em liberdade, os pobres, os ricos, a escola, a cultura, a economia social, a madrugada, o dia, a criação de emprego para os miúdos... A maior parte das pessoas não sonha o que se passa no Chapitô”. A vizinhança entre Teté e Susana aconteceu precisamente durante o tempo em que a autora de Escrever para comédia – um guia prático para arruinar (ou salvar) vidas morava ali para os lados da Costa do Castelo. Nesse tempo era – e ainda é, verdade seja dita – presença assídua nos espectáculos promovidos pelo Chapitô. Teresa não esconde a sua insatisfação com o papel de gestora que a impede de palhaçar com as sete saias e a galinha: “[Com o Chapitô] corre tudo bem. Mas corre corre cabacinha, corre corre cabação. E para ter qualidade não dá para uma pessoa se distrair. Eu quero fazer as pessoas rir. E ali só faço chorar. Mas estou contente. Missão cumprida. Agora, a missão tem que ser cumprida. Aprendi, estou a aprender sempre, a muito custo. Mas está de pé. O que eu sei fazer é mesmo palhaçadas”.[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]E “há quanto tempo não faz palhaçadas?”, perguntou a Susana. “Há 30 anos”, respondeu Teresa. Como? Trinta anos sem palhaçar? Teresa não hesita: “mas fui eu que escolhi. Aquilo é um projecto de intervenção, de activismo. Eu sempre fui activista”. Não é o humor, ele próprio, uma espécie de activismo? Teresa acena que sim com a cabeça: “Sim, mas é feito de uma forma determinada”. Susana acrescenta: “A pessoa tem que estar preparada para tudo. Quando tu dizes as coisas em forma de piada acontecem duas coisas opostas ao mesmo tempo: uma é as pessoas não te levarem a sério e a outra é prestarem mais atenção. Não é à toa que as campanhas publicitárias usam piadas: tu prestas mais atenção. Construir humor sobre as coisas é como ser o miúdo irritante que grita que o rei vai nu. E às vezes as pessoas não têm paciência para o miúdo irritante. Às vezes ele é só chato”. “E incomoda”, diz Teresa: “E eu incomodo muita gente. Às vezes ando um bocado cansada, apetece-me ir ver o mar, as árvores”. Susana sente o mesmo: “A minha vontade pessoal e a minha vontade profissional estão a ir em direcções opostas. A minha vida profissional vai muito pelo escárnio, pelo juízo de valor. Depois, na minha vida pessoal, tento fazer o mínimo juízo de valor possível – e isso entra em colisão com o facto da minha profissão implicar fazer juízos de valor sobre as pessoas. Mas eu na minha vida tento cada vez mais dizer as pessoas são como são e está tudo bem. E apetece-me ir ver o mar. Às vezes é uma coisa um bocadinho esquizofrénica”. Da esquizofrenia à implicação social na qual está imerso o Chapitô, acabamos por falar do papel da educação: afinal, Teresa tem uma escola de circo e Susana dá aulas de escrita para humor. Como é que se cruza a educação para a cultura através do humor? Para Susana, “quando um miúdo está a escolher o que quer ser... tem que ter lá dentro uma inquietação para ‘eu acho que é isto que eu quero fazer’”. Teresa interrompe para partilhar que “independentemente de vir da burguesia ou não, eu fui sempre fora da escola. A minha preocupação não é formatá-los, mas sim educá-los para a cidadania. A escola tem mesmo que ser repensada. Tem que se pensar como se inclui, como é que se convive, como é que se come, como é que se gosta das raparigas e dos rapazes. E precisamente com humor. E a escola é uma escola de circo. Não é palhaço quem quer, é quem pode e quem trabalha muito. De madrugada, tens uma ideia, levantas-te e tens que escrever e depois testar. Não é só colocar o nariz e já está”.[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]“É muito difícil dizer-lhes que têm que encontrar a sua voz. Os pintores quando estão a treinar pintam quadros que já são conhecidos. Faz parte, mas depois tem que se ir além disso. As pessoas mais novas, por causa da pressa, se percebem que isto não é automático, frustram com muita facilidade. Eu escrevo profissionalmente e escrevo coisas que são uma merda”, confessa Susana. “Eu dou aulas de escrita criativa, ali ensinam-se técnicas. É uma espécie de ginásio mental”. E isto de exigir treino vai de encontro à preguiça dos dias de hoje, alerta Teresa. Afinal, “as pessoas estão um bocado preguiçosas, porque já está tudo feito. E isto é um exercício de pensar. Temos que pensar”. Há ainda o lado pouco romântico da coisa. Nem todos os dias são maravilhosos, nesta vida de artista ou de escritor: há que preparar as pessoas para o facto de haver dias em que não há prazer, mas apenas dor. Em que não vão gostar nada do que estão a fazer. “E depois vai passar”, remata Susana. “Tens que treinar todos os dias. E aí a relação pedagógica entre professor e aluno é fundamental. Ousei fazer com a Europa uma parceria e trazer para cá gente muito boa. Nós cá não temos professores formados para estas coisas. Essa educação não é toda a gente que é capaz de a dar. Tenho duas professoras de português que são mesmo muito boas. Nós praticamos o ensino integrado, porque o circo tem muita coisa, português, geometria descritiva, entre outras coisas”, diz-nos Teresa. E como é que são os miúdos que chegam à escola do Chapitô? “Os miúdos são todos complicados, pobres ou ricos. Uns têm a mais, outros têm a menos. Muitos deles até têm competência – mas é preciso o professor descobrir”. Conversa puxa conversa e quando demos por nós já tardava. No restaurante Gina já se ouviam os preparativos para o jantar. Era hora de voltarmos para o Chapitô, para os textos de humor e para a aldeia: a Teté, a Susana e eu despedimo-nos com um até já. Faço votos para que esse reencontro aconteça numa das palhaçadas da Teté.[/fusion_text][fusion_text]

Café Central por Joana Rita
*A autora não escreve segundo a nova ortografia e, de vez em quando, inventa novas palavras.
Fotos do Herberto Smith

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