Laudo são João Ferreira, na tiorba e alaúde, e Pedro Sousa nas guitarras. Porque o antigo se pode unir ao novo e ao contemporâneo, este duo propõe-nos a união de instrumentos de diferentes épocas, afastados por 500 anos, isso mesmo. Estamos a falar dos cordofones dedilhados antigos, como a tiorba e o alaúde, e as guitarras e lap steel actuais. Caracterizam-se, também, pela experimentação e improvisação ao vivo, às quais se juntam o equipamento electrónico de modelação sonoro. Vamos conhecer os sentidos da música dos Laudo? É para já!
Para se evocar um sentimento ou uma emoção através da música, o lado racional pode atrapalhar ou, pelo contrário, ajudar?
O lado racional é quadrado, cinzento e matemático e as emoções uma palete de cores. A nosso ver, os sentimentos e emoções pertencem ao domínio do etéreo e da intuição.
Qual é ou quais são as músicas que fazem o vosso corpo mexer?
Requiem de Mozart :D
E aquelas que vos conduzem, de imediato, a um estado de espírito específico?
Laudo he he.
Acham que o facto da música ser invisível, não palpável, ajuda-a a ser mais intuitiva e, por conseguinte, ter uma outra relação com a nossa consciência?
Sem dúvida. Vemos a música como algo inerente à consciência e a consciência não pode ser reduzida nem encaixotada a uma perspectiva ou imagem. Deve ser intangível e expansível.
Já pensaram numa imagem, num ambiente específico ou espaços enquanto compõem?
Várias vezes. O quadro mais recorrente que surge no processo criativo é a Serra do Marão em dias de chuva.
Se pudessem desenhar e pintar a vossa música, como seria e que cores teria?
O Universo com tons de vermelho, azul e verde.
Como é que imaginariam o sabor da música mais especial para vocês? Doce, amargo, salgado como o mar, agridoce?
Agridoce.
Pensem no cheiro mais importante para vós, aquele que ficou na vossa memória. Que música lhe associariam?
Dead Combo: Cuba 1970.
Acham que a música pode ser um bom veículo para fixar e guardar memórias?
Sem dúvida. A música é a nostalgia da consciência.
Fotografia por Maika
Entrevista por Ana Isabel Fernandes