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Quatro Dias, Cem Soldos: somos todos o BONS SONS

Como assim, já estamos no último dia? Mas tem mesmo que acabar? Sim, que o…

Texto de Gerador

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Como assim, já estamos no último dia? Mas tem mesmo que acabar? Sim, que o que é bom passa depressa! E passou a correr este último dia – não menos intenso que os outros que o antecederam. Foi logo à entrada da aldeia que nos deparámos com Moonshiners num concerto surpresa,numa varanda mesmo por cima do palco Giacometti. Nem o sol evitou que as pessoas se juntassem ali para ouvir “Hello Again”.

Dos concertos surpresa aos imaginários, há espaço para tudo em Cem Soldos. Imaginários? Perguntam vocês. Sim, leram bem. É que dentro do festival BONS SONS há um Festival de Bandas Imaginárias: durante estes quatro dias, Johnny de Almeida e Catarina Serafim desafiaram os festivaleiros a criarem bandas imaginárias, numa oficina de escrita, e outros a ilustrarem, em oficinas de ilustração, as capas dos singles dessas mesmas bandas. As oficinas deram origem a uma exposição no Sport Clube Operário de Cem Soldos. No dia em que a visitámos, vimos em palco Jónito Cantor (que usava sempre texanas, até para dormir) e os Invisíveis, entre tantos outros.

Mas a participação dos visitantes de Cem Soldos não se limitou à escrita e à ilustração. Também houve espaço para bandas improvisadas no Palco Garagem. Aqui, os visitantes são as estrelas. Com uma bateria, duas guitarras, um baixo e teclas, qualquer pessoa pôde começar a tocar, assim que o palco estivesse livre. Passámos por lá à tardinha e vimos um grupo que bem que podia ter ocupado o Palco Lopes-Graça. Quem sabe se pró ano?

Não restam dúvidas que os cabeças de cartaz deste festival são as pessoas: dos festivaleiros aos voluntários, à própria organização do festival: ninguém se sente de fora ou a dar mais do que recebe, é uma experiência recíproca. Confirmam-nos isso Maria e Paulo, voluntários nesta edição do festival, com quem acabámos por ficar a conversar. São ambos desta região, mais precisamente do Entroncamento, ela com 18 anos e ele com 22. Já cá tinham estado, mas nunca como voluntários, e este ano não tiveram dúvidas: “chegou a altura em que a aldeia já nos deu tanto que nós quisemos retribuir um bocadinho. Também faz parte de experienciar e de viver a aldeia, ajudar a construir o festival”, contou-nos o Paulo. Os voluntários chegam antes à aldeia, vindos de várias partes do país para ajudar nas preparações e nas montagens: “isto acontece no espaço da aldeia, ou seja, as coisas são nos quintais das pessoas, que precisam de ser preparados. Tudo o que aqui está foi montado pelos residentes e pelos voluntários, e tudo tem uma mãozinha de alguém, todos os espaços são pensados e cuidados, não há nada deixado ao acaso, e é muito giro ver que todos os anos vai mudando um bocadinho”, continuou.

A valorização da música portuguesa, o planeamento ecológico e o ambiente da aldeia foram algumas das razões que ambos apontaram para a diferenciação relativamente a outros festivais. “Tu nos outros festivais vais lá e é como se fosse uma visita ao médico ou uma ida ao cinema.  Vais lá, vês o concerto e voltas. Aqui estás envolvido no festival, não és o cliente, és parte do festival, é uma relação horizontal”, concluiu o Pedro. Quisemos saber se para o ano também os íamos encontrar cá e não hesitaram em dizer que este era apenas o primeiro de muitos. A Maria despediu-se de nós enquanto afirmava: “desafio alguém a encontrar uma pessoa que diga que veio como voluntário e que não quis mais. Não vão encontrar.”

A tarde corria já para a noite quando Luís Severo invadiu o Palco Giacometti, ou como nós gostamos de chamar-lhe, o palco pôr-do-sol: é que são sempre ali os concertos mais bonitos de fim de tarde. Foi impossível ficar indiferente às letras bonitas de Severo: dançámos em câmara lenta pelo concerto fora, de mãos dadas, em abraços e fotografias. Ninguém é de ferro, não é?

Avançámos para a visita diária de fim de tarde ao parque de campismo, para ir buscar as camisolas: a partir das 19h, o sol dá lugar ao vento e, neste último dia de BONS SONS, o céu até ameaçava com uma chuva tímida. Mas nada que nos parasse, estávamos em pulgas para ver Dead Combo. Pedro, Tó Trips e os restantes elementos da banda entraram no palco Lopes-Graça de um salto: sem aviso tomaram conta do público. A cada música a intensidade foi subindo e os solos davam lugar a aplausos que nunca mais acabavam. O concerto acabou e ficámos a salivar por mais. Para acalmar esta pequena dor do fim do concerto só mesmo a Lena D’Água e o Manuel Lourenço (ou Primeira Dama), que nos esperavam no backstage.

Fomos conduzidos pela Inês Matos, guitarrista da Banda Xita, que tocaria com os dois, mais tarde, no palco Lopes-Graça. Sentados na rua, é difícil pararmos para conversar, “toda a gente quer falar com ela – é a Lena D’Água”, diz-me o Manuel, entre desabafos sobre a correria do verão a tocar a solo e com Filipe Sambado. Chamamos a Lena para voltar para nós e começamos a conversar. Quando lhes pergunto sobre o que acham do festival, são rápidos a responder: “o espírito do festival diz tudo, as famílias, a música portuguesa - a canção pop, a canção mais tradicional – isso passa e tu percebes que as pessoas de facto gostam e sabem o que estão a ouvir. Percebes que nestes festivais, só de música portuguesa, as pessoas prezam e valorizam o que tu constróis não só pela música mas também pelas coisas das quais tu falas.” Inês junta-se de novo à conversa, pergunta se estamos a gravar e, quando percebe que sim, manda um beijinho à mãe: por isso aqui vai um beijinho à Cidália.

Este era o terceiro concerto da Banda Xita com Lena D’Água e por isso quisemos saber o que têm aprendido um com o outro, desde que começaram a trabalhar juntos. Manuel diz com assertividade: “com a Lena aprende-se tudo! Em cima de um palco é sublime: é muita noção de como gerir uma plateia, de como estar em palco.  Com a Lena ao lado é muito mais fácil. Metade do trabalho é ela que faz e eu depois fico muito mais solto.” Ao mesmo tempo que Manuel termina a frase Lena apressa-se a dizer que já começa a ficar nervosa – sim, já está quase na hora do concerto e assim deixámos o backstage para ir para a frente do palco.

Como se trabalhassem há anos juntos, a Banda Xita e Lena D’Água tomaram conta da praça da aldeia: os mais jovens cantaram a pulmões abertos “Rita”, o tema de Primeira Dama, mas também outros mais antigos, da Lena como foi o caso de Jardim Zoológico. A noite aqueceu com Rua das Flores, o tema de Primeira Dama que termina com o verso de Lena D’Água “Perto de Ti”, e foi mesmo esse o tema que encerrou o palco Lopes-Graça nesta edição do festival, num perfeito encontro de gerações e troca de amores.

A festa continuou no palco Zeca Afonso, com Linda Martini e, logo de seguida, Foque fechou a noite, no palco Aguardela, com a performance de Godot, ou Rui Paixão, que trouxe balões e animou o encerramento da festa.

Quanto a nós – arrumámos a tenda e fomos caminhando até ao parque de campismo, a ouvir a música lá ao longe. Estamos cansados, mas cheios de vida da aldeia dentro de nós. Quando falámos com o Jorge Silva, da organização do festival, ele disse-nos uma coisa que ficou no ouvido e no coração: “Cem Soldos é um buraco de luz, a partir do momento em que cais na sua órbita, sentes-te atraído”. É impossível ficar indiferente à magia da aldeia: das pessoas de Cem Soldos às de fora, do que é mais tradicional ao contemporâneo. Aqui a festa tem espaço para todos. Vamos embora felizes, que para o ano há mais!

Vê aqui o que aconteceu no primeiro, segundo e terceiro dia do festival.

Reportagem por André Imenso Cruz, Clara Amante e Patrícia Roque

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