fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Da nova escola à velha escola — todos festejaram os 3 anos de Skills Radio Show no Hard Club

Hard Club, 23h00 do dia 15 de fevereiro. O encontro estava marcado para festejar o…

Texto de Carolina Franco

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Hard Club, 23h00 do dia 15 de fevereiro. O encontro estava marcado para festejar o 3.º aniversário do Skills, o programa de rádio de Mundo Segundo que passa na Nova Era todas as quartas entre as 23h00 e a 1h00. Da sala de espetáculos, saíam clássicos como "Bairro" do Expeão e "Poetas de Karaoke" do Sam the Kid, com o DJ Suprhyme a fazer as honras da casa; na fila para a bilheteira, os grupos iam-se encontrando para começar a ocupar o lado do público.

Ao DJ Suprhyme juntou-se o DJ Guze e, mais tarde, Mundo Segundo para apresentar o primeiro convidado: Ruca. Ali se percebeu como viria a ser a noite: o palco era dado a MCs ou Crews mais recentes, que se iam encontrando com rappers da velha escola. Foi com Ruca que surgiu o primeiro “bom presságio”, como lhe chamou; o sistema de som foi abaixo, mas a persistência acabou por ganhar a melhor.

Abyss apresentou logo a seguir Já Não Sei Se é Rap, o disco que lançou em 2018 com a tranquilidade de quem se está a iniciar, mas com a confiança em palco de quem sabe que é ali que pertence.

O encontro de M’Cirilo com Berna — que a certa altura foi destacado por Mundo como “um dos membros fundadores do hip hop tuga” — lançou o segundo presságio daquele que viria a ser o ensinamento da madrugada de 15 para 16 de fevereiro. Ao lançar o beat de "Lições", a faixa produzida pelo DJ Caique, o sistema de som foi abaixo e M’Cirilo e Berna acabaram por apresentar o tema à capela, naquele que acabou por ser um dos momentos mais aplaudidos da noite.

No público juntavam-se várias gerações e públicos com diferentes afinidades aos cabeças de cartaz — e que tanto usavam baggy jeans e camisolas dos Dealema ou da TV Chelas, como vestiam camisas e blazers. A mãe do M’Cirilo, que veio da Irlanda de propósito para o ver, grupos que já se juntaram vezes sem conta para festas no Hard Club, e outros que estão a entrar agora na cultura do hip hop. No palco e no público, gerações diferentes a mostrar que há fases que se repetem, e que nem sempre são só fases.

Vindos de Gaia, Santo Tirso ou até Viana do Castelo, os MCs iam mostrando que as rimas se podem fazer de muitas formas, mas que o mais importante está sempre lá: os valores que se foram construindo desde as raízes do hip hop. Amizade, união, persistência, improviso, perseverança.

A energia positiva dos Omega Krew, com uma participação especial de H2O e a poesia complexa — dita sem grandes rodeios — de Smelio, relembraram que descomplicar pode ser o segredo e que enfrentar os medos é mais terapêutico do que juntarmo-nos a eles, e os Enigmacru consolidaram. "Triticum" e "Falta Tão Pouco" foram cantadas pelo público com o mesmo entusiasmo que por Each e Chek, que guardaram uma faixa surpresa para o fim em que se mostraram gratos a todos os que foram estando do seu lado.

Able e Dekor já tinham pisado o palco do Hard Club juntos no concerto dos Enigmacru, em julho de 2018 e voltaram a fazê-lo. Numa perfeita sintonia, acabaram com "Clássico" e um uníssono a acompanhá-los.

Berna voltou ao palco para anunciar (ou, pelo menos, dar a entender) o seu regresso. “Alguns de vocês aí em baixo podem não saber, mas a pessoa que vem a seguir foi um dos membros fundadores do hip hop tuga”, apresentou-o Mundo. Quem estava no público podia até não o conhecer — mesmo que tenha voltado ao palco recentemente com Pro’Seeds, o projeto que partilha com Score e Serial —, mas rendeu-se às rimas diretas e sinceras que ia casando com os beats. Consigo trouxe a memória dos tempos em que a cultura do hip hop não era tão aceite e com Birro, membro dos Gatos do Beko, na atuação deste, relembrou os velhos tempos na Lapa. Seguiu-se-lhes Porte, mais um nome clássico do rap da zona Norte.

Eram já três da manhã e ainda faltavam três nomes do cartaz: Maze, Fuse e Mundo. A sala continuava cheia, à espera de ouvir os três membros do coletivo Dealema. Mundo voltou ao microfone, como foi fazendo ao longo da noite, para apresentar aquele que esteve sempre do seu lado, “no palco e na vida”: Maze, o profeta de boas energias. Começou com "Moinhos de Vento" e levou mais dois temas de Entranhas, o seu único disco a solo que confessou já não cantar há algum tempo. Depois de Maze chegou Fuse, acompanhado pelo DJ FLIP, que o público mais novo acompanhava do início ao fim de cada música, com mais conselhos para quem vê no hip hop uma fonte de inspiração e motivação.

Mundo regressou ao palco, mas pela última vez. Com temas a solo e outros da parceria Gaia-Chelas, que tem com Sam the Kid, conseguiu lançar do palco para a plateia o grande ensinamento da noite, sem precisar de recorrer a novas dicas, já que é “da escola de b-boys que na rua deram os primeiros passos” e sabe que seja Nova escola ou velha escola”, esta é “a melhor escola de sempre” a do hip hop tuga.

A festa continuou onde cada grupo quis. No Hard Club, ficaram gravadas as memórias de mais uma festa em que o hip hop uniu gerações de desconhecidos com vivências diferentes, mas que, no fundo, se tocam de alguma forma.

Texto de Carolina Franco
Fotografias de João Ribeiro / Shifter

 

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

19 Março 2024

O Teatrão: 30 anos de história, de novos desafios e de velhos problemas

19 Fevereiro 2024

Assistência sexual e a democratização do acesso ao corpo

14 Fevereiro 2024

Direito de resposta

14 Fevereiro 2024

Do Brasil até Portugal: uma “metamorfose ambulante”

12 Fevereiro 2024

Lenocínio simples: exploração ou autodeterminação?

5 Fevereiro 2024

Entre o reconhecimento e a abolição, prostituição mantém-se à margem 

29 Janeiro 2024

Entre o chicote e a massagem: como se define um trabalho sexual?

15 Janeiro 2024

Apesar dos esforços, arquivos digitais ainda deixam margem para dúvidas

8 Janeiro 2024

Das boas práticas aos problemas: como os órgãos de comunicação arquivam o seu trabalho?

1 Janeiro 2024

Arquivos de jornais históricos portugueses estão desmembrados e dispersos

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

8 DE ABRIL 2024

A pobreza em Portugal: entre números crescentes e realidades encobertas

Num cenário de inflação galopante, os salários baixos e a crise da habitação deixam a nu o cenário de fragilidade social em que vivem muitas pessoas no país. O número de indivíduos em situação de pobreza tem vindo a aumentar, mas o que nos dizem exatamente esses números sobre a realidade no país? Como se mede a pobreza e de que forma ela contribuiu para outros problemas, como a exclusão social?

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0