As minhas memórias mais antigas são partilhadas com o meu irmão (Marco Mendes, autor de BD), lembro-me de passarmos horas a fio na marquise da nossa casa, eu a construir naves espaciais com Lego e ele a desenhar cavalos e super-heróis. Eu viria a estudar física, ele haveria de tornar-se professor de desenho e artista. Estava já tudo lá.
Que objecto te define? Algo genérico, algo específico? Nenhum?
Talvez as minhas canetas de tinta permanente. Aprendi a escrever com uma dessas e ainda hoje as uso, tanto para tirar notas como para dar autógrafos. Gosto do prazer táctil das canetas de aparo, são objectos que resistem ao tempo e às modas.
Qual é o teu lugar predilecto?
Junto ao mar, sempre. Seja na minha cidade natal, a Figueira da Foz, como na Praia da Barra, junto a Aveiro, onde vivi 4 anos, ou na Ericeira, uma das minhas praias preferidas, apesar do frio e do vento.
Conta-me uma história que te tenha marcado.
Quando fui trabalhar para o CERN, na fronteira da Suíça com a França, vi-me pela primeira vez longe do meu país, dos meus amigos e da minha família. Numa paisagem gélida, coberta de neve, socorri-me dos livros e do caderno de apontamentos. Foi por esses dias que comecei a escrever mais a sério, e nunca mais parei.
Entrevista por Gil Sousa