Depois do lançamento do single "Caminhos do Sul", o guitarrista Manel Ferreira editou, este mês, o seu segundo álbum, Vento Ibérico. O concerto de apresentação acontece este sábado, às 18h30, no Teatro Ibérico, em Lisboa.
Natural de Sintra, o músico funde estilos musicais tão distintos como os lugares por onde já se aventurou. De mochila às costas e guitarra na mão, já percorreu desde as selvas da Guatemala aos caminhos dos Himalaias. Guarda as memórias em formato musical – peças instrumentais, com sonoridades desde o Flamenco ao Tango, e em canções que nos transportam para o lugar onde foram criadas.
Em casa, trilha um percurso não menos estimulante. Manel Ferreira foi um dos vencedores do prestigiado European Guitar Award 2021, e conta com a participações desde África do Sul à Rússia, e por toda a Europa – tanto a solo, como a acompanhar artistas, como Ana Moura, com quem trabalha atualmente.
Depois de Afterglow, editado em 2020, o guitarrista lança, este mês, Vento Ibérico – o seu segundo álbum a solo, composto e produzido com o apoio do “Garantir Cultura".
Para além das suas composições, o disco conta com temas de artistas que o marcaram, como Carlos do Carmo e Sérgio Godinho, e arranjos ecléticos, a que se juntam Iúri Oliveira, na percussão, e Carlos Garrote, no contrabaixo.
Falámos com o artista, antes do concerto de apresentação do novo disco, que acontece este sábado, 30 de abril, às 18h30, no Teatro Ibérico, em Lisboa.
Como surge a música na tua vida?
Desde a minha infância que sempre demonstrei muito interesse em música. Bastava porem música a tocar em casa, ou no carro, que era o primeiro a dançar e a começar a cantar – a maior parte das vezes improvisando as letras de músicas em inglês, das quais nem percebia a letra.
Também tenho um tio que toca bateria e sempre me interessei muito por isso. Apesar disso só comecei a tocar guitarra com 14 anos.
Como tem sido o teu percurso no mundo da música?
Comecei a tocar com 14 anos, e o primeiro desafio foi tocar numa festa que a minha escola organizava. Lembro-me de que a primeira música que toquei ao vivo foi o "Simple Man", dos Lynyrd Skynyrd, que, na altura, venerava, poucos meses depois de começar a tocar.
Nos primeiros anos, dediquei-me maioritariamente à guitarra eléctrica, a tocar rock e blues, mas, ao mesmo tempo, tinha aulas com um professor do clássico. Ao longo dos anos, fui passando por imensos géneros musicais, do rock ao jazz, à guitarra fingerstyle.
Há cerca de sete anos, comecei a tocar fado e guitarra portuguesa, e isso abriu-me imenso os olhos para o mundo da world music – por mais estranha que seja a designação. Para além do fado, comecei a interessar-me muito por música e ritmos brasileiros, tango e, nos últimos dois anos, comecei a debruçar-me sobre o Flamenco, que veio influenciar muito este trabalho que vou lançar agora.
Atualmente trabalho no meu projecto a solo, no qual fundo todas essas influências, e toco com alguns artistas ligados ao fado e à world music, como a Ana Moura, o Jonas e a Beatriz Rosário.
Como surge o álbum "Vento Ibérico"? E o que trás ao público?
Este álbum foi possível de concretizar graças ao apoio "Garantir Cultura", que financiou o projeto. Já há algum tempo que queria tocar as minhas composições com outros músicos, não só a solo, e também já há algum tempo que falava com o meu amigo Iúri Oliveira, percussionista, sobre começarmos um trio.
Com o apoio surgiu a oportunidade de financiamento para gravar e desenvolver o projecto. Imediatamente falei com o Iúri e, de seguida, com o Carlos Garrote, que se juntou a nós, no contrabaixo, e começamos a montar o esqueleto do que iríamos fazer. Acho que conseguimos trazer uma abordagem de fusão de muitos estilos, de uma forma pouco vista em Portugal. Espero que o público consiga sentir isso e sentir que de facto trazemos algo novo e fresco.
Como te definirias como artista?
Pergunta difícil. Mas diria que, acima de tudo, tento não seguir os estereótipos e fazer coisas fora da caixa, mesmo que não seja do agrado de todos. Tento explorar sempre os caminhos menos convencionais na esperança de chegar a algo novo e inovador.
Que sonoridades são mais evidentes na tua música?
Neste momento, acho que é possível encontrar influências de muitos estilos diferentes: flamenco, fado, música clássica e música latino-americana.
Quais são as tuas referências e inspirações musicais?
Tenho muitas! Nos últimos anos tenho-me inspirado muito em guitarristas como o Yamandu Costa, Vicente Amigo, Antonio Rey e Antoine Boyer. Ao mesmo tempo, acho que é possível sentir influências de guitarristas de guitarra portuguesa, como o Ricardo Rocha e o José Manuel Neto, e de compositores como o Piazzolla ou Egberto Gismonti.
O que pode o público esperar do concerto, e o que esperas tu deste concerto?
Estou muito feliz por finalmente poder apresentar este novo álbum que tanto trabalho me deu! Acho que podem esperar composições e arranjos que tocam em muitos estilos diferentes. E espero que traga uma lufada de ar fresco à música instrumental em Portugal.