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Ignição Gerador: debater sobre ideias em torno de ciência e cultura no MUHNAC

À hora marcada já uma fila de pessoas se reunia na porta lateral do Museu…

Texto de Ricardo Gonçalves

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À hora marcada já uma fila de pessoas se reunia na porta lateral do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), em Lisboa, para mais uma Ignição Gerador de 2019. Rapidamente, o espaço de preâmbulo foi-se enchendo de grupos de pessoas, maiores e menores, com visitantes mais ou menos assíduos.

Na chegada à sala onde iria decorrer a primeira performance surpresa da tarde encontra-se Miguel Ponte, ator que nesta ocasião veste a pele de um médico português do século XIX. “Bem-vindos ao ano de 1819”, diz o ator que, desta forma, acolhe na sala as cerca de 80 pessoas que vieram à descoberta desta segunda Ignição Gerador de 2019.

Num século marcado por grandes avanços científicos, na peça “A Ciência do Futuro” - com texto e direção de Daniel Gamito Marques -, o médico português vem falar de uma nova ciência que aprendeu durante uma recente estadia em Londres: a frenologia.

Escolhe dois voluntários e começa a dissertar sobre a morfologia do cérebro humano. Para espanto do público, o médico tenta demonstrar, à luz da ciência, porque razão é que a raça branca é superior às outras e qual a explicação para a superioridade intelectual dos homens em relação às mulheres. No fim e num momento de epifania, o médico transforma-se num símio e deambula por entre o público.

Posteriormente ao teatro seguia-se a performance MAD, uma criação de Madalena Pereira, que junta dança e patinagem. Devido às condições climatéricas adversas, não foi possível realizar a performance. No entanto, foi mostrado um filme com a criação da artista, o que permitiu à Ignição Gerador manter a sua promessa com o público.

Vídeo da performance MAD, de Madalena Pereira

Depois destes dois momentos seguiu-se uma conversa com os artistas, onde se despiram as personagens e se conversou em nome próprio.  As ideias conservadoras exploradas na peça de teatro, mas aceites no século XIX, dão mote a um debate adaptado aos dias de hoje.

Rita Ferrão é estudante de medicina e esta não é a primeira vez que vem a uma Ignição Gerador. Nesta edição apreciou, sobretudo, o debate que se gerou em torno de algumas ideias defendidas pela frenologia ao longo do século XIX.

“Muito daquilo que foi dito acaba por estar presente na nossa atualidade, sendo encarado como algo que não é ciência mas que na altura foi proclamado dessa forma. É super interessante que por detrás da máscara da ciência, se tenha conseguido transmitir ideias misóginas e racistas”, conta.

Para Helena Louçã, que se estreava numa Ignição Gerador, o balanço da iniciativa é positivo. “É uma iniciativa boa porque é improvável e num museu que muita gente não conhece. Além disso, pegou em dois temas que me interessam muito - a dança e o estudo do cérebro – e que eu no dia a dia acabo por não dar tanta atenção”, realça.

Esta segunda Ignição Gerador de 2019 marca também a continuação de uma parceria bem sucedida com a Universidade de Lisboa. Para Pedro Saavedra, diretor artístico do Gerador, o balanço desta edição é positivo. “O Museu Nacional de História Natural e da Ciência era um sítio que nós queríamos trabalhar porque achamos que a arte e a ciência são áreas de conhecimento, logo são cultura. Fazia todo sentido ter uma Ignição Gerador aqui e interligar algumas destas ideias com o espaço. Assim, surge essa ideia de fazer uma performance que tivesse algo a ver com o passado e o futuro, com essa ideia de regressarmos a um tempo passado em que alguns destes preconceitos eram aceites”, explica.

“A segunda performance não foi possível devido às condições climatéricas mas ainda assim funcionou muito bem”, explica realçando que este tipo de eventos se foca, em especial nas “reações das pessoas” e no debate que gera.

Em relação ao evento, Pedro Saavedra salientou o facto da Ignição Gerador dar destaque a outros espaços da cidade de Lisboa, por vezes, com menos visibilidade. “Acho que continuamos a encontrar sítios e a dar-lhes uma outra vivência. As pessoas vão uma vez a um museu, riscam da lista e não voltam. O que é interessante é que estas propostas culturais intervenham nos espaços e potenciem a curiosidade das pessoas para que voltem a visitar”, conclui.

Texto de Ricardo Ramos Gonçalves
Fotografias do Gerador
A Ignição Gerador é uma iniciativa do Gerador

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