Em pleno período de campanha para as próximas eleições legislativas, foi lançada uma plataforma que reúne as principais medidas para a educação de cada partido político com assento parlamentar. Nuno Can, jovem de 18 anos, que este domingo irá votar pela primeira vez na sua vida, é o responsável pela iniciativa a que chamou falta de educação.
O trocadilho presente no nome do projeto não é inusitado. Para este estudante de Economia da Universidade do Porto (UP), existe uma clara “'falta de educação' nestas legislativas, nas campanhas, no debate e no discurso político em geral”. Tendo estado, por diversas ocasiões, ligado a questões relacionadas com a Educação e a Juventude, a falta de medidas propostas mas também o crescente "descontentamento dos jovens, das próprias instituições de ensino e professores relativamente ao modelo de educação atual" foram razões mais que suficiente para que em pouco mais do que dois dias fosse ler todos os programas dos seis partidos representados na Assembleia da República.
No seguimento dessa leitura surge então o site, onde contou com a ajuda de Paulo Correia, estudante de Engenharia Informática no 5º ano da Faculdade de Engenharia da UP. Na plataforma, que se apresenta como não tendo “qualquer apoio, nem agenda política ou comercial”, é possível comparar as propostas de cada força política na área da educação e juventude, ver qual a percentagem dedicada a cada uma destas áreas e o número de vezes que se mencionam certos termos como “jovens”, “professores” e “ensino superior” nos diferentes programas eleitorais.
Em entrevista ao Gerador, Nuno Can salienta o facto de existir uma falta de visibilidade mediática para medidas relacionadas com a educação, acrescentando ainda que temas como “o ambiente, um tema absolutamente fundamental para todos, mas que os jovens assumiram, trouxe um discurso que se esvaziou de Educação”.
“A verdade é que o ambiente não pode faltar, mas precisamos de evoluir, e até para a questão do ambiente a Educação, a Academia e a Ciência são fundamentais. Por outro lado, a eficiência das medidas da educação é difícil de mensurar e só é possível perceber se resultam no longo prazo. A Educação é um dos temas mais difíceis de pôr nos cartazes”, acrescenta.
No contexto destas eleições legislativas, são vários os projetos que têm surgido na mesma linha, na sua maioria com o intuito de promover um maior esclarecimento das pessoas face aos vastos programas eleitorais apresentados pelos partidos. Sobre esta tendência, à qual não é indiferente a presença das redes sociais, Nuno Can sublinha que é possível ajudar a manter as pessoas esclarecidas com este tipo de plataformas. “Pensei que chegar aos 500 seguidores seria muito bom, e já estaria contente se tivesse conseguido ajudar apenas algumas pessoas a votar de forma mais responsável. Não conseguimos saber quantas pessoas já visitaram o site, mas no Instagram já tivemos mais de 10 mil visitas. Só seria possível passar 3 dias a analisar programas eleitorais acreditando muito, uma vez que não havia garantias de sucesso”, conclui.