A exposição de Paula Rego no Museu de l’Orangerie em Paris esteve patente entre 17 de outubro de 14 de janeiro e foi visitada por mais de 183 mil pessoas. O feedback por parte da direção do museu é bastante positivo, não só no que toca à adesão por parte dos visitantes — cerca de 2.530 por dia desde a abertura até ao encerramento da exposição — mas também da crítica, como foi o caso do Le Figaro que apelidou a exposição de “formidável".
A obra de Paula Rego foi apresentada através da sua pintura, na exposição Les Conts cruels de Paula Rego, e de um ciclo de conferências e cinema em torno da artista. Cécile Debray, a diretora do museu e curador da exposição, em declarações à agência Lusa, diz que "houve quase um choque não só devido ao poder da sua obra, mas com o porquê de não se conhecer melhor esta artista em França”.
Na mesma entrevista, a diretora do museu destaca a atualidade da obra de Paula Rego pela “maneira como ela aponta o dedo” e como “trata a condição feminina”, mas também “as relações entre os homens e as mulheres, entre os adultos e as crianças”. Cécile Debray, nas desclarações que deu à Lusa, não esconde a vontade de ver a pintora portuguesa a ser exposta nos Estados Unidos, e conta que a ideia da exposição onde tratou da curadoria foi sempre “dar um novo sopro à sua obra”.
Paula Rego nasceu a 26 de janeiro em Lisboa. Mudou-se para Londres para estudar na Slade School of Fine Art, onde recebeu o 1º prémio de Summer Composition e conheceu Victor Willing, o artista que se viria a tornar o seu marido e pai dos seus filhos. Voltou para Portugal e viveu uns tempos na Ericeira com a família, sendo bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian no último ano (1963). Estabeleceu residência definitivamente em Londres, após mais de dez anos a viver entre Portugal e o Reino Unido, no ano de 1976 e em 1988 realizou a sua primeira grande exposição individual na Serpentine Gallery, também em Londres. Recebeu vários títulos honoris causa e foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada, pelo Presidente da República em Portugal.
Em 2009 abriu a Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, um museu que se dedica à obra de Paula Rego e Victor Willing, num edifício desenhado pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura, e onde até ao dia 26 de maio é possível visitar a exposição Paula Rego: Anos 80, uma seleção de obras que, na sua maioria, se encontram em coleções particulares, com curadoria de Catarina Alfaro.
No ano de 2017 Nick Willing, cineasta e filho da pintora, deu a conhecer ao mundo o lado mais privado da mãe através do documentário Paula Rego, Histórias & Segredos, onde reune entrevistas que lhe fez, vídeos de arquivo com entrevistas e outros com filmes caseiros, numa combinação que dá ao espectador ferramentas para interpretar melhor a obra de Paula Rego.