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Palhetas Perdidas: Cine Incrível

Inaugurado em 1926 e parte integrante da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, o Cine Incrível mantém…

Texto de Redação

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Inaugurado em 1926 e parte integrante da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, o Cine Incrível mantém desde 2011 uma programação regular de música ao vivo e foi escolhido para dar seguimento a esta rubrica. Marco histórico da cidade, o antigo cinema abre de quinta a sábado, apresentando a cada dia uma proposta musical diferente.

Chegados ao local, quem nos recebe é Clara Correia, presidente da Associação Alma Danada, criada especialmente para reabilitar e dinamizar o espaço há 8 anos. Também responsável pela programação do espaço, Clara assume que desde muito jovem esteve sempre ligada a associações culturais, numa cidade onde há uma tradição histórica de movimentos associativos. “Ao criar a associação, queríamos precisamente arranjar um espaço que pudéssemos dinamizar culturalmente.” O Cine Incrível, na altura fechado e em estado de degradação, foi então reabilitado e reestruturado, de forma a conseguir ser um espaço com condições técnicas para a apresentação de espetáculos, servindo de apoio a artistas das mais variadas áreas. Hoje em dia, dada a quantidade e diversidade de criativos que reúne, a associação Alma Danada acaba também por dar suporte a esses mesmos artistas e técnicos em trabalhos fora do antigo cinema.

Quanto ao Cine Incrível, desde a sua reabertura em 2011, recebe anualmente mais de 200 artistas, pelo que houve desde o início uma aposta assumida no jazz, com uma noite semanal reservada: “é um estilo que que pode ser muitas coisas diferentes, pelo que quisemos cultivar no público aqui em Almada um hábito para o jazz”, assume a programadora. Inicialmente às terça-feiras e passando posteriormente para as quintas, o Cine Incrível procurou desde cedo complementar a oferta de jazz ao vivo que já existia em Lisboa. Aposta ganha segundo Clara, que refere que “quem vem às quintas-feiras, muitas das vezes não sabe qual é o projecto específico que vai actuar, mas tem já o interesse em ver qual a proposta que é oferecida neste género musical”. Por lá, passaram já nomes conhecidos do panorama jazzístico nacional como Nelson Cascais, Salvador Sobral, Luís Barrigas, Ricardo Pinheiro; sendo que também são recebidas propostas vindas de fora. Miguel Fernandez, músico galego de 28 anos e residente em Portugal há 5, estreou-se em 2016 no Cine Incrível, acompanhando a pianista russa Olga Reznichenko, e refere que, no momento em que se planeia uma série de concertos, o antigo Cinema (que foi o primeiro edifício do concelho de Almada para este fim) é sempre um dos espaços a ter em conta: “Se, por um lado, está próximo de Lisboa e é de fácil acesso para nós, por outro, é sempre uma cidade diferente, com um público diferente.”

Cine Incrível

Em complemento ao jazz, as sextas e sábados recebem projetos de outros estilos (em grande parte de rock e metal), englobando tanto bandas de tributos como de originais, de dimensões e projeções diferentes. Desde Selma Uamusse, Tim, Legendary Tigerman, ao tributo Led On, passando pelo concerto de celebração dos 30 anos dos Ena Pá 2000, é impossível não sentir num espaço como este a aura de uma cidade onde a tradição do rock é incontornável, e de uma instituição como a Sociedade Incrível Almadense, que recebia nos anos 80 bandas como Xutos & Pontapés, UHF, Ratos do Porão, entre outros.

Se à quinta-feira a entrada é livre, precisamente para sedimentar no público uma paixão pelo jazz, nos restantes dias, a casa funciona à base de bilheteira, retirando apenas uma percentagem simbólica, de forma a sustentar os custos de manutenção do espaço e tornar igualmente sustentável o bar. Assumindo que aquilo que consegue garantir aos músicos não é tanto quanto gostaria, Clara destaca a quantidade de propostas que recebe, pelo que revelou ter fechada a programação até ao final do ano, estando já a ser contactada com propostas para 2020. Para tal, terá eventualmente contribuído o respeito de quem assiste aos concertos, e a dedicação e profissionalismo de quem lá trabalha, acumulando funções: “Tanto eu, como quem aqui colabora comigo trabalhamos durante o dia, tudo o que aqui fazemos é por paixão”, refere a presidente da associação, que é também funcionária do Departamento de Cultura da Câmara de Almada.

Referindo que o espaço é único na cidade, tanto pelas condições como pela oferta cultural que proporciona, Clara assume que, por vezes, se torna complicado manter um formato com programação regular com afluência consistente, numa cidade onde o acesso à cultura é facilitado, tanto pela oferta que existe nessa mesma cidade, como pela proximidade com Lisboa, com toda a dinâmica cultural que existe na capital. Ainda assim, destaca a autossuficiência de um projeto que apenas nos seus dois primeiros anos (o primeiro dos quais na fase de reabilitação do espaço) recebeu apoios externos.

Havendo possibilidade de investir e de fazer mais daquilo que já é feito neste espaço, Clara não esconde, mais uma vez, a paixão pelo jazz, referindo a vontade de adquirir, a médio prazo, um piano acústico para o espaço, e ainda a perspetiva de um festival de jazz, com um orçamento que lhe permitisse trazer projetos específicos a esta casa. Tudo isto sem deixar fora da mesa o alargamento dos estilos à world music (e todas as suas sub-variantes) e a realização de residências artísticas.

Para já, o crescimento vai sendo gradual, movido pela vontade e paixão dos seus colaboradores, pela abertura às diferentes propostas que são recebidas e pela crença “na iniciativa, na força da cultura, na importância da criatividade.”

Texto de João Espadinha
Fotografias de Associação Alma Danada

Se queres ler mais crónicas do Palhetas Perdidas, clica aqui.

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