Os ThE SPiLL, conjunto formado por Sara Badalo, André Fernandes, Óscar Graça, Nuno Lucas, Ruca Lacerda e Marcos Cavaleiro, estão de volta aos discos com Pretty Face, lançado no início do mês de março.
Depois de What Would You Say?, editado em 2017, o novo álbum surge agora como o início de um novo capítulo na história do conjunto, criado no princípio dos anos 2000. Ao longo dos anos, passaram pelos ThE SPiLL músicos como Kalaf (Buraka Som Sistema), João Gomes (Orelha Negra, Cool Hipnoise), Marta Hugon, e ainda DJ Ride, num percurso que deambulou entre o jazz, a eletrónica e o rock.
Em entrevista concedida ao Gerador, André Fernandes, guitarrista da banda, explicou que a história dos ThE SPiLL pode ser contada a partir das “várias encarnações” que o grupo conheceu, cujo som apresentado era resultante daquilo que eram também as influências sonoras dos seus membros.
André Fernandes faz parte, por exemplo, da geração que viu os Nirvana ao vivo no Dramático de Cascais, em 1994. Na mesma década, o músico estudou jazz no Hot Clube de Portugal e rumou aos Estados Unidos para completar a sua formação. Mas é no fim da década de 90 que decide criar os Spill (ainda sem o “ThE”), grupo que misturava, originalmente, eletrónica, pop e rock.
“Nunca estive apenas ligado ao jazz e foi nessa altura, marcada pelo fenómeno das raves, que decidi criar os Spill.Foi um período marcado pela eletrónica e criei a banda porque tinha ideias que queria experimentar”, conta.
Anos mais tarde, Fernandes reformula a banda, trazendo-a para um universo marcadamente rock. “Estava inclinado em virar mais para o lado do rock. Mudei o pessoal e basicamente saiu isto”, afirma.
Em certa medida, o novo disco do grupo segue a mesma linha de What Would You Say? (Blitz/Sony), editado em 2017, distinguindo-se por ser mais explosivo, arrojado e pontuado de riffs que fazem lembrar músicas de bandas como Eagles Of Death Metal.
“É um disco que numa pincelada geral, conta com uma parede de guitarras e baterias, com a voz da Sara a transbordar por cima. Queria um disco com garra, e a verdade é que preciso de ouvir música que tenha esse tipo de pujança”, salienta André Fernandes, realçando ainda o facto de a banda contar com duas baterias, o que, naturalmente, modifica a maneira como pensam as músicas.
Em Pretty Face, a banda contou também com mistura Alain Johannes, músico e produtor do disco, associado a nomes como Queens of the Stone Age, Chris Cornell, No Doubt, Mark Lanegan, e Arctic Monkeys.
“Contactei-o para lhe pedir um contacto de um produtor que ele achasse bom, mas ele respondeu-nos a dizer que tinha algum tempo livre e que não se importava de nos ajudar. Desta forma, o envolvimento dele foi uma tirada de sorte e acabou por ser o fio condutor em termos da estética do novo disco”, realça o guitarrista.
Hiato momentâneo e regresso à estrada em julho
Logo após o lançamento de Pretty Face, os ThE SPiLL atuaram no CCOP, no Porto, no Sabotage, em Lisboa e no Salão Brazil, em Coimbra. Devido à gravidez da vocalista, Sara Badalo, a banda encontra-se, momentaneamente, num hiato que deverá terminar em julho, quando esperam regressar à estrada.
“Vamos estar uns meses em hiato, mas voltamos à estrada em julho e esperamos já ter mais concertos agendados até lá. Neste momento, queremos trabalhar este álbum ao vivo o máximo que conseguirmos”.
Tendo em conta o atual panorama de festivais em Portugal, André Fernandes acredita também que este é um bom momento para os projetos nacionais. “Tens muito mais coisas a acontecer e mais festivais a apostar em bandas portuguesas. Mais do que isso, temos hoje uma vasta oferta de festivais fora dos grandes centros, espalhados por todo o país. Dito isso diria que é um momento muito bom para se ser criativo”, admite.
O novo disco dos ThE SPiLL está disponível nas plataformas digitais e também nos concertos da banda. Ao contrário do disco anterior What Would You Say?, o novo registo discográfico foi produzido apenas pela banda, sem recurso a editora. Sobre este aspeto André Fernandes realça sobretudo a liberdade de se poder impor uma visão mais autoral no disco.
“Embora seja muito bom editar por uma label, a verdade é que não nos trouxe muita coisa de diferente. Além disso, desta forma, conseguimos ter à nossa volta malta com quem queríamos trabalhar, nomeadamente com a agência Sons do Asfalto. Decidimos fazer as coisas por nós. A grande vantagem de estares com uma editora é o circuito a que eles têm acesso, mas depois depende se eles usam esses trunfos para te ajudarem. Se isso não acontece, então mais vale seres tu a assumir os riscos”, termina.