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Vivemos num mundo em que grande parte da população está tão rodeada por ecrãs que estes já se tornaram banais. O tempo passado por dia em frente a retângulos de luz azul, o fluxo incessante de informação, a facilidade com que sabemos o que se passa no outro lado do planeta, a frequência (ou até predominância) de notícias negativas, a violência extrema com que nos deparamos casualmente em conteúdos de entretenimento ou testemunhos de acontecimentos reais, a velocidade a que funcionamos. Tudo isto é banal, mas tudo isto tem consequências na mente, mesmo quando não temos consciência disso.

 

[Aviso de conteúdo sensível.]

Ao longo dos últimos anos, a preocupação com o tempo passado em frente a ecrãs tem gerado alarmismo crescente, ao ponto de até haver pedidos de calma e reflexão informada. As redes sociais, que ainda há duas décadas estavam a começar a sair do berço, são inevitavelmente olhadas de sobrolho franzido, já que são dos espaços onde a maior parte das pessoas mais gasta – e perde – tempo. Estima-se que existam 4.76 mil milhões de utilizadores destas plataformas, que em média as usam duas horas e meia por dia – “o mundo passa quase 12 mil milhões de horas a usar plataformas sociais todos os dias, o que equivale a quase 1.4 milhões de anos de existência humana”, referem os relatórios estatísticos globais da firma Kepios. E, para lá das redes sociais, os próprios meios de comunicação social debatem-se com a contradição em que operam, uma vez que os ciclos noticiosos desempenham um papel fulcral nas sociedades atuais, mas também contribuem para o declínio da saúde mental em massa.

[Lê a reportagem anterior aqui.]

Como todos temos no bolso dispositivos capazes de filmar e partilhar com o mundo o que ocorre à nossa frente em meros segundos, todos somos agentes de informação e comunicação. Depois do estabelecimento dos ciclos noticiosos de 24 horas, a proliferação do user generated content (USG, conteúdo criado por cidadãos comuns e partilhado online) é apontada como a principal responsável pela exposição das populações de forma generalizada a acontecimentos traumáticos. A violência humana está por todo o lado, é inevitável que acidentes continuem a acontecer e os desastres naturais só vão piorar nos próximos anos. Quem consegue controlar tudo isto? Já analisamos os efeitos mais comuns da violência nos ecrãs e o perigo da saturação da informação, mas quais são as possíveis consequências mais drásticas? E, quando temos noção de que estamos num ponto de rutura, como podemos simplesmente afastar-nos?

Casos extremos: moderação de conteúdo

No ano passado, o Gerador investigou o mundo da moderação de conteúdo nas redes sociais, que provoca consequências psicológicas inimagináveis para grande parte da população. Os moderadores de conteúdo passam oito horas por dia em frente ao computador a avaliar conteúdos marcados como perigosos pelos programas de inteligência artificial. Os conteúdos mais difíceis são os vídeos e os diretos, sendo que os envolvendo zaragatas ou nudez são considerados leves pelos moderadores; os mais pesados chegam a níveis de violência extrema, como crimes sexuais e execuções. Uma grande parte dos moderadores testemunha este grau de violência diariamente, com a dificuldade acrescentada de terem de avaliar números elevadíssimos de conteúdos por dia, podendo chegar aos 1600 vídeos, dependendo da rede social. É de salientar ainda que várias das empresas ainda se mantêm em teletrabalho, sendo o isolamento uma dificuldade que os moderadores referem. Há quem recorra a drogas para acalmar a ansiedade e atenuar o impacto emocional, e poucos são os que conseguem manter-se na profissão por mais de um ano, se tanto. E já há casos de moderadores que processaram as empresas por exposição prolongada a conteúdos traumáticos.

P é uma psicóloga com experiência com moderadores de conteúdo. Chegou a passar pela moderação e fez parte das equipas de acompanhamento a estes profissionais. Em abril do ano passado deu o seu testemunho ao Gerador e, contactada para esta reportagem, pediu para manter o anonimato uma vez mais, dado que, mesmo já não estando na mesma empresa, o contrato de confidencialidade se mantém. “Cada pessoa experimenta as coisas de maneira diferente”, e “tanto o meio como as pessoas que nos rodeiam” têm grande impacto na forma como lidamos com os outros e vemos o mundo, “para o bem e para o mal”, diz P, referindo-se tanto aos moderadores como aos utilizadores das redes sociais (e à população em geral). “Mas a verdade é que podem existir situações que levem a que a pessoa se possa tornar menos sensível à dor e ao sofrimento alheio”, ou a “sentir-se mais insegura e amedrontada em relação ao mundo”, ou “mais propensa a desenvolver comportamentos agressivos ou hostis”. E tudo se complica quando existe proximidade com o que é representado na publicação, ou quando a pessoa passou por experiências semelhantes, já que poderá trazer de volta memórias e a originar a sensação de “passar por tudo novamente”. Ainda assim, P já testemunhou o oposto: “pessoas que vão contra tudo o que é negativo e tentam procurar o positivo da vida, e agir em função disso”.

A psicóloga fala da mesma dessensibilização que Sofia Ramalho, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), referiu ao Gerador. “Em trabalhos deste género, acredito que tal funciona quase como um mecanismo de defesa” em relação ao sofrimento que “é visto por vezes em loop”. Os moderadores “tentam pensar ‘é o meu trabalho, fora do ecrã já não interessa’”, mas é natural que nem sempre seja possível essa separação. É importante “reforçar que nem todos os perfis se adequam a estes trabalhos, sendo que não há nada de errado nisso, na verdade trata-se de respeitar os próprios limites”, adiciona.

O que se recomenda a quem tem de assistir a níveis extremos de violência diariamente? P repete os conselhos que deu no ano passado: “algum distanciamento emocional e uma rede de suporte, seja com os colegas de trabalho, família ou amigos próximos” é essencial; desabafar “ou até escrever pode facilitar, e ajudar a tirar aquela imagem da nossa cabeça, e de certa forma organizá-la de modo a tornar-se mais leve”; utilizar os tempos livres para fazer o que se gosta é fundamental; ver “algo que permita ao cérebro abstrair-se daquele estímulo pode resultar e facilitar um estado de maior calma”; “respeitar todas as pausas e saber quando pedir ajuda para parar e respirar, seja para beber água, ventilar ou chorar”.

P acredita que o mais importante é a pessoa “perceber, acima de tudo, se acha seguro continuar, porque conhecer os próprios limites é saber admitir para si mesmo o que resulta ou não, e o que é prejudicial ou não”. A vice-presidente da Ordem dos Psicólogos salienta a importância de “o exercício desta atividade e destas funções” ser “acompanhado com uma monitorização psicológica constante – quer no início do processo para preparar as pessoas, quer durante o exercício das funções, quer depois do exercício das mesmas –, para se avaliar o grau de sofrimento, e se poder intervir na diminuição dos fatores de risco, no aumento dos fatores de proteção e na diminuição do sofrimento psicológico”.

Na opinião de P, há um preço a pagar pela velocidade alucinante a que nos movemos. “Acho que tudo o que acontece depressa demais acaba por ser prejudicial em todas as áreas da nossa vida, porque o correto seria as coisas evoluírem e acontecerem de um modo gradual, para que nos possamos adaptar, ambientar e gerir expectativas e, acima de tudo, o nosso cansaço. Nos dias que correm é tudo tão rápido o tempo todo, que nem dá para entender que se passa à nossa volta, nem para parar e respirar, e pensar ‘é isto que quero?’. Daí haver cada vez mais pessoas ansiosas, a experienciar burnout, e até pessoas que se fecham para o mundo por não saberem o que fazer, nem onde recorrer, nem como gerir o que se passa. Toda esta velocidade constante, em tudo o que fazemos e vivemos, é extremamente desgastante, energeticamente falando, e acaba por ter um grande impacto – tanto do ponto de vista físico, como mental, como nas áreas pessoal e profissional –, porque ninguém aguenta andar sempre depressa o tempo todo.”

“Conhecer os próprios limites é saber admitir para si mesmo o que resulta ou não, e o que é prejudicial ou não.”

Psicóloga com identidade protegida que trabalhou com moderadores de conteúdo

A quantidade de informação e conteúdos com que interagimos diariamente está a gerar “dificuldade em filtrar o que é certo, errado, o que faz sentido, e o que parece ser real, ou inventado para causar impacto. Vivemos numa sociedade que acaba por fazer crer que o que existe na Internet é real, ou deve ser exemplo, e por vezes é importante filtrar o que vemos e assimilamos”. Tudo isto é verdade para a população em geral, é certo, mas para os moderadores de conteúdo é ainda mais problemático; a obrigação de cumprir quotas – como se o conteúdo já não fosse pesado o suficiente – obriga-os a visualizar centenas de conteúdos por dia, muitas vezes em simultâneo. Há relatos de moderadores que deixaram de conseguir interagir com entes queridos e há quem tenha passado a dormir com uma arma por viver num estado de pânico e terror permanente. Há até quem tenha começado a duvidar de tudo o que acreditava ser verdade ou real, por moderar conteúdos associados a teorias da conspiração, cultos ou grupos radicais.

Muitos dos conteúdos violentos que vemos pela Internet são partilhados pelo seu cariz noticioso, mas muitos outros são partilhados com intenções bem mais nefastas. “Acredito que as vivências, aprendizagens e até hábitos sociais e educação possam estar grandemente envolvidos na forma como alguém se comporta em função do outro, mas também é certo que certos traços já fazem parte da pessoa, e nem sempre é possível explicar o porquê de tal acontecer”, aponta P. Há “pessoas maldosas” em todas as áreas, bem como pessoas com dificuldades em interagir socialmente, “havendo inclusive pessoas que não se sentem de todo incomodadas por prejudicar alguém deliberadamente”. “Podem existir diversas razões que justifiquem tal comportamento, como problemas de autoestima, falta de empatia ou sentimento de superioridade. Podem existir diversos fatores associados a este tipo de comportamento, sendo que algumas pessoas podem ser assim pontualmente, como se estivessem a agir em resposta a alguma coisa, ou a alguém, e outras parece que o fazem espontaneamente e frequentemente”, adiciona.

Sofia Ramalho destaca o lado político, mas relembra também as ligações entre a violência e o prazer. “Para quem partilha, há uma intencionalidade na violência, e há até muitas vezes um prazer associado a essa violência por parte de quem a perpetra. No fundo, estamos a falar de pessoas que disponibilizam, e que querem reiteradamente disponibilizar, esse tipo de conteúdos. Muitas vezes têm uma intenção política, e essa intenção política é o que observamos em atos de terrorismo, mas também noutros grupos; vídeos de agressões contra animais podem simbolizar uma manifestação política quanto àquilo que é a defesa dos direitos dos animais, por exemplo.”

[Explora mais sobre este assunto aqui.]

Casos extremos: radicalização

“E depois vivemos também num mundo em que existe uma tendência para a polarização em diferentes situações: ou tudo é bom, ou tudo é mau. E há determinados grupos que têm interesse em gerar polarização, e partilham este tipo de conteúdos de forma intencional e deliberada, permitindo que conjuntos de pessoas mais vulneráveis se associem a posições mais extremadas, criando mais aliados em situações de revolta, contestação, defesa de intenções políticas, sociais ou ideológicas, ou até para perpetrar ataques de outra natureza”, continua a vice-presidente da OPP.

Cátia Moreira de Carvalho é investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto e especialista em radicalização, fazendo parte da RAN (Radicalisation Awareness Network) e da OSCE (The Organization for Security and Co-operation in Europe). Também ela relembra que “visualizar regularmente conteúdos violentos tem implicações negativas na saúde mental, podendo causar stress pós-traumático, tristeza, ansiedade, depressão, revolta, raiva e até, com consumo continuado, comportamento violento”, mas salienta que “a radicalização não depende diretamente da visualização de conteúdos violentos”. A exposição e o contacto com violência “pode resultar em experiências traumáticas ou num extremar de posição ideológica”, e estes são dois dos “muitos fatores que contribuem para explicar a radicalização”.

“Não existe um perfil-tipo de uma pessoa extremista”, esclarece ao Gerador, embora existam “características a nível individual e fatores de risco que tornam as pessoas mais vulneráveis à radicalização. Dessas características podemos enumerar baixa tolerância à diferença e à frustração, necessidade de redução da incerteza, necessidade de pertença, procura de identidade, isolamento social e experiências de vida traumáticas”. Já os fatores de risco podem ser divididos em dois: “os contextuais, como discriminação, marginalização social e injustiça” e os “atrativos dos grupos ou narrativas extremistas, como ideologia, conteúdo das narrativas, incentivos materiais e emocionais, busca de aventura e de sensações”. A vulnerabilidade à radicalização pode ser explicada pela combinação de fatores e características, mas um elemento só é insuficiente. “No entanto”, acrescenta, “é preciso referir que não é comum nem expectável que as pessoas se radicalizem absorvendo narrativas extremistas. Elas têm mais eco em pessoas com as características que disse, mas outras variáveis entram na equação para explicar a radicalização, sendo talvez a principal uma rede de pares que facilita este processo”.

Tal como aponta Sofia Ramalho, os discursos polarizadores são perigosos e têm a sua quota parte nos processos de radicalização – e as redes sociais são o veículo preferido para a sua expressão. Cátia Moreira de Carvalho indica que “o mais preocupante é que este tipo de discurso polarizador não oferece espaço a um debate cordial e sano em que o contraditório existe, com base em factos e não em ideologia, e em que as partes se ouvem e encontram terreno comum. O facto de haver, por exemplo, grupos nas redes sociais com pessoas com pensamentos, crenças e características muito semelhantes faz com que as suas posições se extremem mais. É aquilo que se chama cair no ‘rabbit hole’”. Infelizmente, os algoritmos das redes sociais foram desenhados para alimentar esta polarização e incentivar as clivagens entre grupos – “é por isso que têm grande responsabilidade na polarização que vivemos”.

Como “operam de forma a oferecer conteúdos semelhantes, com base nas pesquisas e uso que as pessoas fazem”, o conteúdo é “desenhado” para cada pessoa, o que implica “visualizar conteúdos semelhantes e interagir com pessoas com pensamentos e crenças semelhantes, criando uma bolha, uma comunidade virtual de pessoas semelhantes, o que reforça estas crenças e estes pensamentos”. A investigadora acrescenta que, “sabendo que é difícil combater a influência e o poder das redes sociais, os governos e outras entidades públicas devem apostar em campanhas de literacia digital e de deteção de desinformação, para que as pessoas tenham ferramentas para lidar com campanhas que visam minar os valores democráticos e a paz pública”.

“O mais preocupante é que este tipo de discurso polarizador não oferece espaço a um debate cordial e sano em que o contraditório existe, com base em factos e não em ideologia, e em que as partes se ouvem e encontram terreno comum.”

Cátia Moreira de Carvalho, investigadora e especialista em radicalização

Detox digital

Um dos grandes problemas da era da informação em que vivemos, diz Cátia Moreira de Carvalho, é “aquilo a que se chama síndrome FOMO – fear of missing out”. Esta patologia (da qual se estima que uma larga percentagem dos utilizadores de redes sociais padeça) envolve “medo ou receio de ficar de fora e perder informação”. “Isto gera ansiedade nas pessoas” porque “leva as pessoas a sentirem que não têm algo nas suas vidas que outros têm”, e provoca “uma constante presença nas redes sociais, para que consigam manter-se sempre atualizadas”. Mesmo nas pessoas “que não sofram deste quadro, o consumo exagerado de redes sociais pode levar a depressão e tristeza”, porque estas promovem “sentimentos de desadequação e expectativas irrealistas em relação à vida e à aparência”. Às vezes, reflete P, “é importante ganhar coragem para respirar e organizar prioridades, e saber quando se deve parar e mudar de rumo e ritmo”. A exposição a tanta informação e a tanto estímulo “tem os seus prós e contras” e “cabe a cada um tentar perceber os seus limites, de forma a gerir melhor as suas expectativas e emoções sem que isso afete as várias esferas da sua vida”.

Sofia Ramalho recomenda que as pessoas façam “uma dieta da exposição a este tipo de conteúdos”. O detox digital é um fenómeno que tem ganho popularidade nos últimos anos. Inversa à tendência crescente nas últimas décadas de digitalizar todos os aspetos da vida, a ideia passa por desconectar dos aparelhos – ou, no mínimo, das redes sociais – de forma a se estar mais presente no momento e conectar com o mundo real. Já há retiros criados especificamente para este fim, e todas as semanas há uma nova celebridade a anunciar o abandono das redes sociais, ou um influencer a regressar para relatar a experiência. “É importante acompanhar aquilo que se passa no mundo, mas também é importante não deixar que a exposição às situações que ocorrem no mundo de uma forma sistemática não seja reiterada”, salienta a psicóloga.

Para nos mantermos informados mas mentalmente saudáveis, os especialistas recomendam identificar o que nos perturba mais (e, se necessário, desligar imediatamente o ecrã quando confrontados com conteúdos que envolvam essa violência), bem como procurar ter noção dos nossos limites e de como nos sentimos a cada momento, recorrer a técnicas de gestão de stress como respirar fundo e cuidar da saúde corporal, conversar com amigos (e procurar ajuda profissional se for preciso), limitar o tempo de consumo de media, envolvermo-nos em atividades proativas como ativismo ou voluntariado, garantir que temos tempo para descontrair e divertir com quem nos sentimos bem, e refletir sobre os nossos valores éticos pessoais – de forma a, no fundo, manter o equilíbrio interno e contrariar a dessensibilização, cultivando, assim, a empatia e compaixão.

Como escrevia Alexandra Pattillo da CNN numa reportagem, precisamente, focada no facto de que interagir com demasiadas más notícias nos pode deixar doentes, preocuparmo-nos com o nosso bem-estar “pode parecer indulgente, até mesmo egoísta, face à destruição. Os nossos problemas pessoais podem parecer minúsculos quando comparados ao sofrimento enorme e às questões globais urgentes à volta do mundo. Mas, em crise, cuidarmos de nós próprios é uma das ações mais altruístas. Praticar a capacidade de nos acalmarmos e melhorar a resposta do nosso sistema nervoso ao stress vai amortecer os impactos negativos da crise e ajudar-nos a ajudar os outros”. Tal como apontaram os entrevistados ao longo desta reportagem, é importante saber equilibrar as várias dimensões da vida. Conhecer os nossos próprios limites é uma virtude, não uma admissão de fraqueza, e por vezes a melhor coisa a fazer é mesmo colocar os ecrãs em pausa, respirar fundo e procurar a rede de suporte de que P falava.

Até porque, como aponta a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, “vivemos numa sociedade em que as coisas acontecem muito rapidamente, os acontecimentos sucedem-se uns aos outros e a imprevisibilidade é muito grande – nunca sabemos se daqui a uma hora vamos assistir a uma nova situação de guerra, de terrorismo, de populações em sofrimentos –, mas também temos as nossas próprias questões pessoais, alterações na vida que geram preocupações, imprevisibilidade, incerteza, e lidar com isso no dia a dia já gera ansiedade”. É importante recordar que preocuparmo-nos com o estado do mundo e das populações não implica deixarmo-nos cair no abismo – ou, como eloquentemente escreveu a ativista e autora Blair Imani Ali, “watching people be murdered is not a prerequisite for giving a f**k” (o que se traduz livremente por ‘ver pessoas a serem assassinadas não é um pré-requisito para querer saber’).

“As coisas acontecem muito rapidamente, os acontecimentos sucedem-se uns aos outros […], mas também temos as nossas próprias questões pessoais, alterações na vida que geram preocupações, imprevisibilidade, incerteza, e lidar com isso no dia a dia já gera ansiedade.”

Sofia Ramalho, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses

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