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Eddie © Fotografia por Abdel Queta Tavares

Abdel Queta Tavares

Entrevista por: Amina Bawa

Uma entrevista ao autor da obra fotográfica “Os olhos de um visionário”, originalmente publicada na Revista Gerador 41, que podes descobrir também em baixo.

Abdel © Fotografia da sua cortesia

 

Abdel Queta Tavares nasceu em 1992, na Guiné-Bissau, mas passou grande parte da sua juventude em Lisboa, fase em que despertou o olhar para a cidade e para as pessoas através das lentes. Utilizando uma câmara simples, fez dos seus autorretratos a porta de entrada para a fotografia. Em 2016, ao buscar novas inspirações para o seu desenvolvimento artístico, muda-se para Londres, no Reino Unido, onde a marca do “homem do chapéu vermelho” ficou vincada.

É também no Reino Unido que o fotógrafo, diretor criativo e stylist, vence o Taylor Wessing Photographic Portrait Prize, concedido pela National Portrait Gallery em Londres. Além de ser o protagonista do Black History Month.

Representado pela Underdogs Gallery, Abdel não poderia ter contribuído de melhor forma para esta edição da revista ao trabalhar tanto com o nosso imaginário. Ao ressignificar cores, sensações e sentimentos através de um olhar único que carrega diversidade e histórias de influências por onde passou. Em mais um festejo do que é a mente de Queta combinado com o mundo artístico, os seus trabalhos conduzem-nos a outra esfera nas imagens partilhadas connosco.

Os olhos de um visionário

A vida deu-me a liberdade de expressar e de ter a liberdade de viver e sonhar. Gosto de estar rodeado de pessoas que me inspiram, pessoas simples como eu. Nas ruas, eu aprecio ver a diversidade das pessoas que o mundo nos oferece. Fico muito inspirado quando cruzo com pessoas de diferentes partes do mundo. Mas o que me chama ainda mais atenção é a diversidade de caras e feições das pessoas que encontro no meu dia a dia. Eu acredito que cada pessoa tem uma história para contar, e, na maioria das pessoas que eu já fotografei, existe sempre algo em comum. Todas elas têm uma história para contar, e essa história é contada através das fotografias que eu tiro, através da expressão facial de cada uma delas. Eu não fotografo as pessoas porque são bonitas, mas porque essas pessoas têm algo de especial e fascinante.

Também encontro inspiração nas casas com as paredes coloridas, por isso uso essa particularidade nas minhas fotos. Gosto sempre de fotografar as pessoas em que o tema de fundo são as casas coloridas, adoro ver o contraste, é muito importante para mim. As cores vivas fazem-me sentir especial e também me fazem sentir alegre. É uma paz enorme quando vejo essas cores. Tenho um verdadeiro fascínio por roupas de cores vivas, essas cores fazem parte do meu guarda-roupa e tento sempre usar cores vivas quando fotografo as pessoas e muitas vezes as mesmas usam as minhas roupas ou acessórios. Na sessão fotográfica, eu deixo as modelos sentirem-se à vontade, o que ajuda a captar um momento icónico e único. Cada clique que sai da minha câmara, para mim, é muito especial, porque, a meu ver, será sempre uma história única e documentada.

Mariana © Fotografia por Abdel Queta Tavares

Comfort © Fotografia por Abdel Queta Tavares

 

Foste o autor da obra fotográfica desta Revista Gerador. O que tiveste em consideração para o trabalho apresentado?

 

Eu agarro sempre todas as oportunidades com as duas mãos. É uma honra e uma grande responsabilidade para mim, para fazer a colaboração com a Revista Gerador. Fiquei muito contente quando recebi o convite, e quero agradecer a toda equipa da Revista Gerador pela escolha.

 

Os corpos que fotografaste contam histórias sobre origens, pertencimento e futuro. O que motivou a escolha destas pessoas?

 

Normalmente digo sempre que as pessoas que fotografo e eu temos algo em comum e essas pessoas têm uma história para contar e a história é contada através da fotografia, as pessoas gostam de serem ouvidas e apreciadas. A maioria das pessoas que já fotografei, cruzei-me com elas nas ruas e convidei-as para fazerem parte do meu mundo. São pessoas especiais.

Susete © Fotografia por Abdel Queta Tavares

Blone © Fotografia por Abdel Queta Tavares

 

O teu trabalho artístico é traduzido com palavras muito fortes como “liberdade”, “expressão” e “sonho”, além do uso da cor vermelha. Qual é o propósito dessa combinação de informações?

 

Todas estas palavras têm uma ligação em comum. Todos os dias sonhamos para concretizar os nossos desejos e para termos a liberdade, será sempre preciso expressarmos. O vermelho é uma cor simbólica que representa o amor mas também tem outros significados. Nos meus trabalhos, o vermelho representa o amor, força, poder, alegria e a celebração.

 

A tua vida passa pelo nascimento na Guiné-Bissau, as vivências em Portugal e no Reino Unido. Como estas experiências culturais influenciam o teu trabalho artístico, que passa por diversas áreas criativas?

 

Estas experiências fizeram de mim um bom artista que eu sou hoje. Esses países têm a sua essência e tiveram um grande impacto positivo nos meus trabalhos. Aproveitei muito quando estava a viver na Guiné-Bissau, em Portugal e finalmente no Reino Unido. Aqui encontras pessoas de quase todos os países do mundo, é uma diversidade total, o que me deixa ainda mais inspirado porque, a cada dia, cruzo-me com pessoas diferentes em termos da cultura e de estilo.

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