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Neste conjunto de fotografias, a permanência e a utilidade aparecem como dois polos distintos que se relacionam com a ideia de posse no centro. No mundo físico, a matéria está em constante mudança, as estruturas que aparecem nas fotografias não fogem a esta regra. A ideia de permanência surge neste sentido, surge ironicamente, por mais sólidas que sejam as estruturas todas chegam a um ponto de colapso. A utilidade é o fator exponencial que acelera ou desacelera o processo. Algo que é mais utilizado tem tendência a degradar-se deforma mais rápida, no entanto, um objeto ou sítio que não é devidamente mantido e cuidado pode acabar por se degradar mais depressa do que se for devidamente vívido.
Isto são ideias que estão presentes no ato da produção e seleção das imagens. É algo que torna possível a sua existência. No entanto, o seu significado e a relação dos conceitos com as imagens é algo que fica em aberto do lado do espectador.
Na minha ótica, há sempre uma reflexão que pode surgir sobre sítios-fantasma e a sua interação com a natureza. O chamado «dá que pensar». Talvez construamos estruturas desnecessárias, e, de certa forma, qualquer construção está a tirar espaço àquilo que é natural e não humano. A entropia é, possivelmente, o mecanismo de defesa da natureza.
Na fotografia, de forma geral, o contraste é algo essencial. A relação entre a luz e a sombra é algo que é sempre tomado em conta no meu processo. É o contraste que dá forma à natureza bidimensional das imagens.
Mantendo a linha do horizonte reta e paralela ao nosso olhar, a câmara capta a paisagem de forma estéril e silenciosa, sem atuar sobre ela. Desta forma, aquilo que é impresso na película é transmitido ao espectador sem interferência do processo fotográfico. Claro que existe sempre um processo de composição inerente ao tipo de fotografias que procuro, no entanto, tento que este seja sempre subtil mesmo que rígido e meticuloso.