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O termo que habitualmente se usa para o descrever é o de «pai do satélite português», mas a verdade é que o seu trabalho e vida foram muito além disso. Fernando Carvalho Rodrigues desenvolveu uma extensa investigação na área da física, detém seis patentes de produtos de engenharia, foi diretor de programas de ciência na NATO ao mesmo tempo que lecionava princípios científicos e os aplicava em abstratos filosóficos. Pelo meio, recebia prémios e condecorações. Correu o mundo de giz na mão e laço ao pescoço, mas é em Casal de Cinza, a pequena aldeia onde vive, no concelho da Guarda, que diz existir perfeita harmonia entre o ser humano e a natureza. É um homem da ciência, mas afirma a religião por acreditar que nem tudo se pode explicar. «Deus é outra classe de vida, somos lá capazes de entender aquilo», diz o professor.
Seria, na sua opinião, algo «impensável» de acontecer hoje em dia, mas foi o gatilho que acabaria por influenciá-lo na escolha do que fazer para ganhar a vida. Em 1965, Lisboa recebeu a exposição Átomos em Ação, uma mostra itinerante sob a égide da Comissão de Energia Atómica dos Estados Unidos da América. Tratava-se de uma exposição para elucidar os visitantes sobre as valências da energia nuclear em fins pacíficos. Havia mesmo um reator verdadeiro, para quem o quisesse ver. «Estive lá a falar com os americanos [e pensei] “vou fazer isto”», conta Carvalho Rodrigues.
Foi o pontapé de saída para o que seria uma longa carreira científica. Em Portugal, tinham aberto os primeiros cursos de física. «Eu fui um dos primeiros 125 alunos que entraram», afirma, contando que acabou por sair graduado da Universidade de Lisboa em 1969, o ano em que a humanidade pisou a Lua pela primeira vez. Entusiasmado pelas possibilidades da energia nuclear – que era «a grande esperança para fazer um mundo verde», diz – foi de malas e bagagens para Liverpool, na Inglaterra, à boleia de uma bolsa de estudos. Doutorou-se em Energia Eletrotécnica, com um trabalho na área da fusão nuclear, em 1974. Regressou a Portugal para a Junta de Energia Nuclear, tendo continuado a desenvolver investigação, em particular nas vertentes de física dos plasmas e da ótica (lasers).
Daqui para a frente, a carreira científica e académica começaria a expandir-se e multiplicar-se por cargos e funções em diversas instituições do país, crescendo em mérito de ano para ano. «Fiz duas carreiras: a de investigação, com as provas todas, e a de professor, com as provas todas», comenta. De facto, o seu percurso pautou-se pela versatilidade e diversidade de atividades que habitualmente incluíam, em simultâneo, a investigação científica, o ensino, o desenvolvimento empresarial e o associativismo. Professor catedrático, membro de academias de ciências portuguesas, americanas e russas, fundador de cursos, coordenador científico, diretor, presidente. Foi tudo isso e não se ficou por aí.
Tendo os princípios como base, orientou o trabalho para desenvolver aplicações práticas diversas, que pudessem ser relevantes para o desenvolvimento coletivo. «A maravilha da física e da matemática é que nós não lidamos com regulamentos, com receitas. Só lidamos – ou pelo menos foi assim que aprendi – com princípios e, a partir daí, somos capazes de fazer tudo», explica o cientista, em entrevista ao Gerador.
Fernando Carvalho Rodrigues
Conquistou, assim, o segundo lugar do Prémio Pfizer de Investigação, em 1977, num artigo em coautoria, pela aplicação de processamento de imagem em medicina. A lógica subjacente torna-se fácil de compreender quando explicada pelo próprio: «A luz tem de saber para onde deve ir, se não espalha-se por todo o lado. Mas a forma como se espalha é indicativa da estrutura do objeto.» Aplicou, então, este princípio – da difração – e usou lasers para descobrir a composição molecular do vírus da peste suína africana. Usou, depois, a tecnologia para ilustrar a estrutura do vírus, algo inovador para a época. «O computador tinha uma coisa nunca vista, de 140 KB de memória. O vírus demorou oito dias a calcular», explica.
No ano seguinte, receberia o prémio Gulbenkian de Ciência e Tecnologia pelo desenvolvimento de algoritmos de cálculo de sistemas óticos. Em 1982, repetia a proeza, desta feita pela aplicação de técnicas laser na caracterização de matérias-primas têxteis.
Foi nestes entretantos que Manuel Santos Silva cruzaria caminho com o professor, tendo também ele parte do mérito desta terceira distinção. «Desenvolvemos toda uma área de investigação na aplicação de lasers ao controlo de qualidade de têxteis, aqui na Covilhã», conta o professor catedrático jubilado da Universidade da Beira Interior (a instituição que, em 1995, daria a Carvalho Rodrigues o título de Doutor Honoris Causa).
Santos Silva, que foi o primeiro doutorando de Fernando Carvalho Rodrigues, destaca o papel desempenhado pelo seu «mestre» no que acabaria por ser o percurso profissional e académico, e sublinha que os trabalhos dele sempre tiveram presente uma visão de desenvolvimento futuro. «É alguém cuja mente, a todo o momento, está muito à frente do que vivemos. Está sempre a pensar para além», diz Santos Silva.
Santos Silva
Entre os anos 70 e 90, Carvalho Rodrigues desenvolveu um volume significativo de produtos com aplicação em diferentes indústrias. De acordo com a informação disponível na sua página oficial (www.fernandocarvalhorodrigues.eu), o professor detém «seis patentes», sendo que «projetou e desenvolveu a engenharia de vários produtos, atualmente em produção industrial, alguns exportados». São referidos como exemplo componentes óticas, um retroprojetor, episcópio, elementos de visão noturna, simulador de combate (para fins bélicos), sistemas de deteção de defeitos em tecidos, peles, granitos e mármores, entre outros. O denominador comum em todos os seus projetos era a vontade de usar a ciência para o progresso, já que acreditava que o crescimento do país passava necessariamente pelo desenvolvimento da indústria.
Apesar de ter assinado muitas inovações, Carvalho Rodrigues ficaria particularmente associado a uma: o primeiro satélite português.
A ideia subjacente era a de fazer com que Portugal tomasse parte numa indústria que proliferava na época, mas, para isso, era necessário meios e conhecimento. Fernando Carvalho Rodrigues foi bater à porta das principais instituições e empresas que operavam na altura, dando origem ao consórcio que trabalhou no desenvolvimento do satélite PoSAT-1. A lista de intervenientes incluía investigadores, engenheiros e profissionais de diferentes entidades, nomeadamente o Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI), as empresas Marconi, Alcatel e Efacec, as Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), a Cedintec, o Instituto Superior Técnico, a Universidade da Beira Interior e a Universidade de Surrey, nos Estados Unidos da América. «Era um grande projeto industrial, à séria», diz o cientista.
A conceção do satélite demorou cerca de dois anos, sendo que a construção propriamente dita demoraria outros dois, conforme conta Carvalho Rodrigues. O PoSAT-1 foi lançado a 25 de setembro de 1993 a partir da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa, a bordo do foguetão europeu Ariane.
Deodato Cardoso, engenheiro que integrou o consórcio ao serviço das OGMA, lamenta que não tenha sido dada continuidade ao projeto, já que o satélite cumpriu as funções designadas durante os anos em que esteve ativo. O responsável explica que o PoSAT-1 «foi utilizado por empresas que se dedicavam a suporte médico em zonas muito remotas», onde os profissionais de saúde tinham poucos meios de comunicação para obter ajuda ou enviar resultados de testes. Permitiu a recolha de imagens e informação para fins científicos, além de ter sido utilizado pelas Forças Armadas. A par disso – e de mais algumas coisas – teve um papel ímpar na formação de todos os envolvidos.
A questão de base é que o PoSAT-1 era apenas um ponto de partida, uma forma de comprovar a viabilidade do sistema e seus componentes, já que a intenção principal de Carvalho Rodrigues não era lançar um único satélite, mas construir uma rede com 26. «Seria o berço da nossa capacidade aeroespacial», diz Deodato Cardoso.
De facto, havia até uma resolução do Conselho de Ministros (n.º 51/93, de 22 de julho) que preconizava a criação do Programa Nacional de Ciências e Tecnologias do Espaço, e que acabou por não sair do papel. Para Fernando Carvalho Rodrigues, o abandono do desígnio foi um erro, pois este iria permitir fixar talento e desenvolver o país. «Portugal desindustrializou-se completamente. A EFACEC vendia no mundo inteiro, as OGMA fabricavam aviões… hoje não fazem nada, porque resolvemos que isto [se poderia sustentar] só com turismo», lamenta o professor. Também Deodato Cardoso partilha desta frustração, afirmando que «olhando para o país na altura, estávamos um bocadinho à frente daquilo que se fazia por cá, em termos de visão e do que se pretendia».
«Como muita coisa boa em Portugal, no que diz respeito à indústria e a investirmos nos nossos jovens e nas nossas capacidades, o PoSAT-1 foi mais um ciclo que nos passou à frente», acrescenta, apontando o dedo à mudança de governação da época e ao que diz ser falta de vontade política. Ainda assim, o engenheiro já aposentado afirma o «impacto muito grande» do primeiro (e único) satélite português a ser lançado para o espaço, frisando que influenciou de forma significativa as suas decisões de futuro.
Fernando Carvalho Rodrigues vê o progresso da humanidade sob a forma de caminhos desbravados, ou melhor, «estradas». Foi, segundo diz, a descoberta das mesmas que nos permitiu encurtar as nossas próprias limitações e progredir. A «impressão digital» dos portugueses no mundo foi, por isso, a descoberta das «estradas do mar». «O mundo ficou outro. Depois, vieram os americanos e fizeram as estradas do ar, e os russos [as estradas] para o espaço exterior», explica. «São tudo estradas do espaço. Com o telégrafo nós enviamos informação. Inventámos, então, as estradas do tempo. Mas fomos mais longe: misturámos a estrada do tempo com o espaço, e deu o ciberespaço», onde deixa de ser possível traçar linhas de separação.
Esta forma de encarar o mundo ajuda a explicar a importância que um acontecimento em particular teve para o professor. É que o lançamento do satélite português serviu de pretexto a um contacto muito especial, concretizado em 1994. Nesse ano, Carvalho Rodrigues recebeu, em Lisboa, Edwin Aldrin – mais conhecido por Buzz – piloto do módulo lunar da missão Apollo 11 e o segundo homem a pisar a Lua. «Foi um grande momento, em que tive consciência de que andava a mostrar e a passear com o Vasco da Gama», disse o físico ao jornal Público, num artigo redigido a propósito dos 50 anos da missão lunar americana.
Poucos anos após o término do frenesim luso-espacial, Carvalho Rodrigues embarcou numa outra missão. Estávamos em 1999 quando o cientista assume o cargo de diretor de Programas de Ciência da NATO. «Concorri [ao concurso público] e ganhei. A minha função essencial era ver como conseguiam desmantelar quer munições convencionais, quer armas nucleares», afirma o professor.
Nesta fase, Carvalho Rodrigues era já uma cara conhecida do grande público, tendo bastante destaque mediático em Portugal. «Eu fui “estrela de cinema” de 1983 a 2003», diz, negando que a sua notoriedade e constante participação em programas de televisão estivesse ligada à governação de Aníbal Cavaco Silva, conforme já lhe foi apontado. «Não tinha nada que ver com a política concreta de todos os dias. Aconteceu ser na altura do senhor e foi assim», declara. «Fui uma vez a casa dele no Algarve. Almocei. Falámos do papagaio que ele tinha e do cão», conta com humor. O contacto, segundo diz, não significa, por isso, qualquer tipo de favorecimento. «Se vir o meu currículo, nunca estive em dedicação exclusiva, sempre tive uma atividade privada, portanto precisava muito pouco de coisas de Estado», afiança.
O cientista e colecionador de papillons nega que alguma vez tenha tido qualquer ambição política, apesar de ser verdade que teve envolvimento na área. Sem saber precisar o ano, conta que foi candidato a deputado para o Parlamento Europeu, porque «queria ver como era» o desenvolvimento de uma campanha partidária. «Tinha dito logo que, se fosse eleito, não ia de certeza. Tinha mais que fazer na minha vida», diz. Em jeito de observação empírica, queria «ver como é que funciona o entusiasmo das pessoas para, num determinado momento, votarem de determinada maneira. No fundo, é [perceber] como se fazem exércitos», refere o professor.
Apesar disso, não é segredo que a sua cor política é o laranja (PSD), e foi com ela que desempenhou o cargo de presidente da Assembleia Municipal da Guarda, entre 2013 e 2017. «Sou um social-democrata, que acredita numa coisa fundamental: a propriedade só é produtiva quando pertence a alguém, mas não existe propriedade sem responsabilidade social», explica Carvalho Rodrigues.
A par desta ideologia afirma-se, também, monárquico, mas um «muito especial». A explicação está no facto de acreditar que «todas as nações e Estados têm de ter símbolos», sendo que estes «não se elegem», tal como não se elege uma bandeira ou hino nacional. Neste sentido, defende que «um parceiro que represente o Estado tem de ser um tipo educado para fazer aquilo, mas que não interfere em nada». Na sua opinião, as figuras da monarquia trazem, por isso, «união» a um país, mesmo não tendo poderes efetivos.
Fernando Carvalho Rodrigues
Sendo um homem que fez das ciências exatas o seu modo de vida, parece paradoxal que Fernando Carvalho Rodrigues seja também religioso. Fizemos essa pergunta. A resposta foi que «há muitas classes de vida», sendo Deus uma outra que é necessariamente incompreensível. «Há muita coisa que está para além do nosso entendimento e do que somos capazes de verbalizar», garante o professor.
Assumidamente interessado pelo transcendente, Carvalho Rodrigues lançou muitos livros que unem conceitos científicos a realidades abstratas. O mesmo homem que assinou Lasers – Normas Básicas de Segurança (Editorial LNETI, 1983), escreveu As Novas Tecnologias, O Futuro dos Impérios e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (Europa-América, 1994) ou o mais recente Convoquem a Alma (Europa-América, 2005). No total, publicou cinco livros em Portugal, um deles também nos Estados Unidos da América e outro na Rússia.
A sua forma de ver o mundo é matemática, mas aplicou essa lógica a conceitos aparentemente impossíveis de quantificar. A par com o trabalho nas áreas da física e engenharia, Carvalho Rodrigues foi também um destacado investigador em Teoria da Informação. O Albert J. Myer Achievement Award que recebeu em 1996 reconhece isso mesmo (não sendo o único prémio nesta área). Por volta dessa altura, desenvolveu uma teoria que chama de «Sistema de Crenças» (ou Belief System), tendo como ponto de partida a obra A Arte de Conjeturar, de Jacob Bernouillé, publicada no século XVIII. Fernando Carvalho Rodrigues desenvolveu um modelo matemático que permite calcular a quantidade de informação numa sociedade. «O mundo tem dados e a gente escolhe os dados de acordo com o sistema de crenças que tem», explica o professor. Trocado por miúdos: «Eu nunca me atiraria para uma arena com um touro, mas um toureiro atira-se. Os dados são os mesmos, para ele e para mim, só que eu vejo uns e ele vê outros. Eu não sou capaz de ver os dele», precisamente porque as crenças são outras.
O convívio deste investigador com o professor remonta aos anos 80 e deu-se no antigo Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (LNETI), onde Carvalho Rodrigues foi investigador-coordenador. «Ele foi determinante no percurso que eu acabei por percorrer ao longo da minha vida profissional», diz Carlos Duarte, que se voltou a cruzar com ele no IADE, onde Carvalho Rodrigues acabaria por desempenhar a função de professor catedrático. «Uma das características que o professor tem é que procura, sempre que possível, que as pessoas possam desenvolver-se do ponto de vista intelectual e possam alcançar objetivos nas suas vidas, em particular, as suas competências de natureza académica. Eu não fugi à regra, tal como a maioria dos meus colegas», esclarece o docente.
O IADE acabaria mesmo por ser o local onde Carvalho Rodrigues daria a sua última lição pública, antes de se jubilar oficialmente, em 2016. «Já estava a dar aulas sentado, e isso, para mim, não é possível», afirmou, durante a entrevista concedida ao Gerador.
Fernando Carvalho Rodrigues
O IADE acabaria mesmo por ser o local onde Carvalho Rodrigues daria a sua última lição pública, antes de se jubilar oficialmente, em 2016. «Já estava a dar aulas sentado, e isso, para mim, não é possível», afirmou, durante a entrevista concedida ao Gerador.
Apesar disso, o homem que é descrito pelos pares como «inteligente, bem-disposto e determinado» ainda orienta alunos de doutoramento, como está a fazer com Patrícia Oliveira. A jovem doutoranda do IADE está a aplicar a teoria do sistema de crenças à área do marketing, concretamente à vertente de comportamento do consumidor. Segundo diz, a ajuda do professor Carvalho Rodrigues tem sido valiosa. «Sempre foi uma pessoa com quem tive imensa confiança e uma relação de amizade e é alguém que me inspira muito», diz a pupila. «Ele consegue-me dar insights e diretrizes que me ajudam a ter ideias», explica, resumindo assim os motivos que a levaram a escolher Carvalho Rodrigues para orientador. «As humanidades têm-se afastado bastante das ciências, o que é um erro, porque esta interdisciplinaridade acaba por ser um contributo muito grande para qualquer área e acredito que para a minha o possa ser», acrescenta.
A reforma não significou a cessação de atividades. A par com a orientação de teses, Carvalho Rodrigues foi, já nesta fase – e como já foi referido –, autarca na Guarda, concelho onde reside. Em 2021, ocupou a cadeira de presidente do Conselho Geral do Instituto Politécnico da Guarda. Apesar de ter corrido o mundo e viajado durante largos anos – sendo frequentemente confundido com o tenor Luciano Pavarotti – é na pequena aldeia de Casal de Cinza que quer permanecer.
Na quinta onde reside com a esposa, Mariazinha, dedica-se à criação de vacas jarmelistas, espécie autóctone da região, que já esteve em perigo de extinção. Carvalho Rodrigues nutre uma profunda admiração pelos animais, assumindo serem uma grande paixão.
Outra afeição – que já se manifesta desde os tempos de juventude – são as canoas típicas do rio Tejo. «Das poucas vezes que faltei às aulas [do liceu] foi para ficar embasbacado a olhar para os barcos tradicionais», relata o cientista. Dois mil e quatro seria o ano em que finalmente cumpria o sonho de ter a sua canoa, ao mesmo tempo que ficaria vogal do Centro Náutico Moitense. Três anos mais tarde, é eleito presidente da Associação dos Proprietários e Arrais das Embarcações Típicas do Tejo (APAETT), e, em 2008, vice-presidente da então fundada Marinha do Tejo. «Organizámo-nos para fazer esta coisa das embarcações», conta o professor (e dirigente). «Dá-me um prazer louco andar com amigos, além [de gostar] da camaradagem das pessoas que têm o mesmo barco e que me ensinam», acrescenta.
Fernando Carvalho Rodrigues
Olhando para o percurso que o trouxe até aqui, Fernando Carvalho Rodrigues diz não ter arrependimentos nem ambições por cumprir. «Eu sempre vivi em equilíbrio com o que queria fazer, não tenho pena de não ter feito isto ou aquilo», garante. O único «sofrimento» que diz ainda possuir é o de ter assistido à «desindustrialização do país», apesar de ainda a ter tentado contrariar.
Fernando Carvalho Rodrigues