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No centro do LEAP estão quatro pilares temáticos fundamentais que orientarão as actividades e eventos do projeto ao longo dos seus 14 meses de duração.
As contribuições históricas e culturais das pessoas de ascendência africana na Europa devem ser reconhecidas. Da arte e da cultura à política e aos movimentos sociais, a presença africana na Europa moldou profundamente o continente. No entanto, este legado é frequentemente ignorado.
Em Portugal, o luso-tropicalismo, uma teoria do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, mais tarde adoptada pelo regime do Estado Novo, reforçou o mito de um colonialismo português excecionalmente brando. Enquadrava o domínio colonial como inclusivo e harmonioso devido à mistura cultural e à miscigenação, mascarando as realidades da exploração e da hierarquia racial. Esta narrativa tem alimentado a negação histórica, atrasando o reconhecimento do racismo estrutural. O LEAP procura contribuir para desmontar este mito e expor distorções semelhantes noutros contextos nacionais.
A violência colonial e o racismo sistémico continuam a ser largamente negados na Europa pós-colonial. Em Portugal, a narrativa colonial glorificada persiste nas escolas e nos meios de comunicação social, obscurecendo as histórias de trabalho forçado e de hierarquias raciais. Em toda a Europa, a reformulação destas narrativas é essencial para reconhecer as injustiças do passado e o seu impacto persistente. O LEAP pretende promover esta mudança através do diálogo, da educação e da expressão artística.
Há muito que as mulheres enfrentam opressão no contexto de escravatura, domínio colonial e do patriarcado, sendo a sua resistência e os seus contributos frequentemente apagados. Hoje em dia, as mulheres – especialmente as mulheres racializadas – continuam a sofrer discriminação interseccional, aprofundando a desigualdade social e económica. O LEAP defende a igualdade de género como uma pedra angular da justiça, dos direitos humanos e da cidadania.
Descobre os artistas internacionais selecionados para as 4 exposições pop-up que acontecerão entre março e abril de 2026 em espaços não convencionais pela Europa fora, em Lisboa, Barcelona, Nantes e Budapeste. Cada uma das 4 obras selecionadas centra-se numa narrativa temática que podes conhecer em baixo. A identificação destas obras resultou de uma open call aberta até dia 15 de setembro. Conhece o regulamento que orientou as candidaturas aqui. A apresentação dos artistas segue a ordem alfabética.
Mi Sabi
Nantes, França
Prerequisite for decolonial discussion
Budapeste, Hungria
Hábito Penitencial Perpétuo
Barcelona, Espanha
Fetish
Lisboa, Portugal
Charmaine de Heij é uma artista visual, fotógrafa e curadora que explora a influência da história colonial na representação contemporânea, identidade e estruturas sociais. O seu trabalho concentra-se em revelar histórias ocultas, desafiar deturpações históricas e culturais e criar contra-narrativas que colocam as comunidades envolvidas no centro. Temas como racismo, exploração, género, padrões de beleza e memória coletiva são centrais na sua prática.
Mi Sabi explora a identidade surinamesa-holandesa, demonstrando como a cultura surinamesa, desde a língua e a música até à gastronomia e às tradições, tem origem na diáspora africana, continuando a exercer uma influência visível na sociedade holandesa e na sua diversidade cultural. Mi Sabi torna visível que a herança africana constitui uma parte essencial da diversidade europeia.
Esta obra insere-se na narrativa temática Afrodescendentes e Diversidade Europeia
François Piquet, nascido perto de Paris (França) em 1967, vive e cria em Guadalupe desde 2000. Engenheiro industrial e designer multimédia, iniciou a sua prática nas artes visuais em Guadalupe, com a sua primeira escultura monumental. Atualmente, continua a produzir e a experimentar a arte contemporânea caribenha em inúmeras exposições individuais e coletivas. O Museu Internacional da Escravatura de Liverpool (Reino Unido) adicionou o seu trabalho à sua coleção permanente, juntando-se ao Memorial ACTe e a outras instituições artísticas.
Prerequisite for decolonial discussion é um projeto artístico que visa estabelecer condições de encontro e ajudar na discussão decolonial, destacando os arquétipos e pontos de ruptura desse diálogo e fornecendo elementos de resolução. Afirma as bases essenciais de discussão deste debate, apresentando- as como “verdades” a serem assimiladas, apesar da violência inerente a esse processo.
O projeto é apresentado como uma instalação de vídeo, com dois filmes diferentes exibidos em loop independente lado a lado. Em ambos os lados, pessoas que vivem em Guadalupe (que aceitaram participar neste projeto) abordam com veemência verdades da discussão decolonial para o espectador. Como os dois filmes têm durações diferentes, as afirmações respondem a outras afirmações, colocando o espectador diante deste confronto decolonial, desafiando as suas identidades coletivas e pessoais.
Esta obra insere-se na narrativa temática Tráfico transatlântico de pessoas escravizadas e as suas consequências hoje
Lola Ramos é uma artista multimédia cuja prática explora a interseção entre o feminino e o monstruoso através do desenho, do trabalho audiovisual, do bordado e da cerâmica. Desde 2016, com Daily Monstrosities, investiga a identidade, o fantástico e o obscuro. Após uma residência em Buenos Aires, desenvolveu o projeto Selvática durante o seu mestrado em Lisboa e atualmente está a concluir um doutoramento focado na história da perseguição à bruxaria em Portugal e no Brasil.
Hábito Penitencial Perpétuo é uma túnica penitencial bordada que traz os nomes de mais de 500 mulheres perseguidas pela Inquisição Portuguesa por bruxaria. Através do bordado — uma prática tradicionalmente doméstica e associada ao género feminino —, a obra transforma um instrumento de punição e humilhação num memorial de lembrança e resistência.
Esta obra insere-se na narrativa temática Subjugação das Mulheres e Preconceito de Género.
Artista-investigadora brasileira. Doutoranda em História da Arte (TU Berlin), investiga o património afro-brasileiro em museus europeus — proveniências, silêncios institucionais e políticas de memória. A sua prática combina escrita, instalação e ações públicas. Participou em exposições, festivais, residências e apresentações de investigação no Brasil, Europa, Estados Unidos e costa oeste de África, com projetos que combinam investigação, arte e educação.
“Fetish” expõe a escuta como extração. A instalação inverte o rótulo colonial de “fetiche”, revelando o verdadeiro ato de fetichização: o aparato europeu que capturou, congelou e domesticou os rituais sonoros da diáspora africana. Uma corneta de metal amplifica gravações rituais coletadas no Brasil no início do século XX; um cilindro original de cera preta (c. 1904), perfurado por agulhas de gramofone, ergue-se como um corpo ferido; uma grade de fotos de cenas de trabalhos de campo etnográficos revelam a coreografia da captura.
Esta obra insere-se na narrativa temática Lusotropicalismo e Teorias da Negação
Entre setembro e outubro de 2025, o projeto LEAP promoveu uma série de encontros de co-criação que, através da reflexão partilhada, procuraram amplificar vozes e desafiar os espaços públicos ou privados em que nos movemos.
Começamos nos dias 25 e 26 de setembro com dois eventos presenciais e continuámos online, no dia 7 de outubro, numa sessão aberta a todos. As atividades presenciais acontecerem em Bruxelas, Bélgica. No rescaldo destas sessões foi criada uma lista de recursos úteis sobre os temas discutidos que podes consultar aqui.
Estes eventos tiveram o apoio e participação do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Gabinete Regional para a Europa (OHCHR ROE), Diaspora Vote EU, Mémoire Coloniale et Lutte contre les Discriminations (CMCLD), a Casa da História Europeia (HEH), Forum des Jeunes (Belgium) e os parceiros do projeto LEAP Les Anneaux de la Mémoire e le Groupe de recherche Achac.




Ao longo de 14 meses, o projeto LEAP vai dinamizar um conjunto de workshops, formações, exposições, sessões de cinema, debates, e mais. As atividades acontecem presencialmente, em várias cidades, ou online. Descobre tudo em baixo.
França, em espaço e data a anunciar
Exposição #1 “Desconstruir as Nossas Narrativas” – Afrodescendência e Diversidade Europeia
Organização: ACHAC e Les Anneaux de la Mémoire
Exposição, podcasts e mesas-redondas que destacam o contributo das comunidades afrodescendentes para a história europeia. Inclui um kit educativo para envolver um público alargado. Mais informação em breve.
Este evento está relacionado com o tema: Afrodescendência e diversidade europeia
Portugal, em espaço e data a anunciar
Exposição #2 “Desconstruir as Nossas Narrativas” – Lusotropicalismo e Teorias da Negação
Organização: Gerador
Complementando a exposição anterior, esta abordagem centra-se no lusotropicalismo e nos seus efeitos. Inclui contributos de artistas e investigadores, acompanhada por um podcast informativo. Mais informação em breve.
Este evento está relacionado com o tema: Lusotropicalismo e teorias da negação
Hungria, em espaço e data a anunciar
Exposição #3 “Desconstruir as Nossas Narrativas” – Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas e Escravatura Colonial
Organização: Gerador
Centrada na história da escravatura colonial e nas narrativas associadas, esta exposição é acompanhada por recursos educativos e podcasts. Uma mesa-redonda debate os legados contemporâneos do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas. Mais informação em breve.
Este evento está relacionado com o tema: Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas e Escravatura Colonial
Espanha, em espaço e data a anunciar
Exposição #4 “Desconstruir as Nossas Narrativas” – Direitos das Mulheres e Dominação Masculina
Organização: BJCEM
Exposição sobre discriminação de género e a ligação entre a dominação colonial e patriarcal. Complementada por podcasts, um workshop e uma mesa-redonda com especialistas e ativistas. Mais informação em breve.
Este evento está relacionado com o tema: Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas e Escravatura Colonial
Organização: Gerador
Para fechar o projeto LEAP, esta cimeira reúne os temas alvo de reflexão ao longo dos vários eventos. Contará com debates, projeções e recomendações concretas dirigidas a decisores políticos e entidades europeias.
Este evento está relacionado com o tema: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, a escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas; Subjugação das mulheres e preconceitos de género.
Recorda aqui as iniciativas que já aconteceram no contexto deste projeto.
18:00 (hora local)
Espace Cosmopolis, Nantes, França
Exibição do documentário "Aux origines, l’esclavage"
Organização: Les Anneaux de la Mémoire
O filme confronta a história muitas vezes silenciada da escravatura em França, entre os séculos XVII e XIX. Através das histórias pessoais de seis figuras públicas, revela como este legado ainda marca vidas e memórias hoje.
A sessão será seguida de um diálogo com Emmanuel Gordien e orador a confirmar.
Este evento está relacionado com o tema: Afrodescendência e diversidade europeia
14 de novembro, 10:00 (horário local)
Espace Cosmopolis, Nantes, França,
História em Imagens - Novas narrativas sobre a história colonial
Organização: Les Anneaux de La Memoire
Desconstruir as representações e narrativas coloniais que continuam a moldar a nossa sociedade abre caminho para uma realidade mais justa e igualitária para todos.
Seis investigadores, especialistas e ativistas tomam a palavra para decifrar uma imagem à escolha. Sem discursos longos: apenas 7 minutos e 1 imagem. Cada imagem dá a ver histórias apagadas, vozes não ouvidas, rostos que desconhecemos e destinos esquecidos das eras colonial e esclavagista.
Participantes: Nadine Hounkpatin, Caroline Le Mao, Bernard Michon, Albert Morisseau-Leroy, Nadine Priam-Plesnage e Eric Schnakenbourg
Este evento está relacionado com o tema: Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas.
22 de novembro, 11:00 (horário local)
Igreja de São João de Alporão, Santarém, Portugal
"Descolonizar o nosso discurso na cultura" - Formação para jovens criadores
Organização: Gerador
Um laboratório para repensar a linguagem como território normativo e ideológico, com a investigadora Sheila Khan. Esta formação acontece no contexto da Mostra Nacional Jovens Criadores, um programa de incentivo à criação do IPDJ, com organização do Gerador.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Clica no + para veres o programa completo.
Online, via Zoom
Como contamos as nossas histórias: ultrapassar a negação por uma memória europeia descolonizada
Inscreve-te aquiPartindo dos resultados e recomendações do evento presencial “Por uma Bélgica inclusiva e uma memória europeia descolonizada”, este conjunto de sessões online convida educadores, criadores, pensadores e agentes de mudança a explorar, em profundidade, estratégias educativas e soluções práticas para a construção de discursos mais plurais, críticos e inclusivos.
Os horários apresentados em baixo seguem o fuso horário CEST (Hora de Verão da Europa Central).
12h00 Notas introdutórias com Deborah Hickling-Gordon, especialista da UNESCO em Diversidade Cultural e Expressões Culturais e consultora de estratégia em Cultura e Comunicação para o Desenvolvimento
12h30 Ultrapassar as teorias da negação para sobreviver e alcançar a reparação histórica, com Sheila Khan, professora assistente na Universidade Lusófona e investigadora no CICANT e no projeto CONCILIARE | Confidently Changing Colonial Heritage
14h15 Desafiar expectativas: dos espaços físicos às realidades digitais, com Yolima Gorni, ativista para a juventude e representante da Diaspora Vote EU, organização que visa oferecer mais representatividade e inclusão às comunidades racializadas que vivem na Europa
16h00 Desconstruir o vocabulário da resistência – a arte e o storytelling ao serviço de um futuro inclusivo e justo, com Mila Paspalanova, Consultora Antidiscriminação Racial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Gabinete Regional para a Europa)
17h45 Sessão de encerramento com Nyanchama Okemwa, presidente da fundação antirracista ENAR e consultora na organização sem fins lucrativos Hand in Hand against Racism, sediada na Bélgica.
Clica no + para veres o programa completo.
UN House, Piso 7, Bruxelas, Bélgica
Evento de co-criação: Por uma Bélgica inclusiva e uma memória europeia descolonizada
Inscrições encerradasDa cultura à arte, da política aos movimentos sociais, a presença histórica e cultural de pessoas afrodescendentes na Europa moldou profundamente o continente. No entanto, esse legado é muitas vezes ignorado. Este evento de cocriação convida os participantes a refletir sobre ferramentas práticas para um futuro mais inclusivo. Todos os horários seguem o fuso horário CEST (Hora de Verão da Europa Central).
9h Boas-vindas e notas introdutórias
9h40 Apresentação de Christina Meinecke-Chalev, Representante Regional (OHCHR ROE)
9h50 “Implicações da investigação sobre antirracismo e inclusão na Bélgica”, com Agnès Mfoumou, Conselho Juvenil Belga
A estudante de direito e ativista apresenta conclusões de estudos recentes do Conselho da Juventude sobre antirracismo e inclusão, destacando o papel das vozes jovens na construção de uma sociedade mais equitativa.
10h “Desafiar expectativas: Espaços públicos e privados e as várias faces da Europa”, com Linda Ezenwata, Diaspora Vote EU
10h15 Perguntas orientadoras, com Stefanie T Gilbert-Roberts, Coordenadora dos Eventos de Co-criação e Gestora de Projeto, Gerador
10h30 Tour decolonial ao bairro Matonge, em Bruxelas, com Sanchou Kiansumba, Mémoire Coloniale et Lutte contre les Discriminations (CMCLD)
Esta visita destaca os vestígios visíveis e invisíveis da colonização no bairro de Matonge, em Bruxelas e arredores, explorando a paisagem urbana e a sua ligação com o colonialismo e as primeiras ondas de migração congolesa para a Bélgica. Visita guiada em inglês e francês.
13h Almoço
13h45 Storytime
14h Sessões interativas de co-criação
Reflexões sobre design, representação e interseccionalidade para imaginar o futuro de Matonge e analisar como abordagens inclusivas podem desafiar estereótipos baseados em preconceitos raciais.
16h30 Sessão de encerramento e elaboração de recomendações políticas preliminares
Gorizia, Itália
Residências Artísticas e Intercâmbios
Organização: BJCEM
Integrado na Capital Europeia da Cultura 2025, em Gorizia (Itália), este evento incluiu uma residência artística e uma exposição sob o tema “Sem Fronteiras”. Os artistas foram convidados a explorar a arte como ferramenta de mudança social e política.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas; Subjugação das mulheres e preconceitos de género.
Online, via Zoom
A Arte da Libertação
Organização: Gerador
Dread Scott é um artista interdisciplinar norte-americano reconhecido internacionalmente por criar obras que questionam ideias dominantes, em particular, as bases económicas, sociais e governativas nas quais assentam os Estados Unidos da América.
Ao longo do seu percurso, tem explorado o impacto do passado histórico nos cenários presentes. Nesta masterclass, revisitou dois dos seus projetos artísticos, desconstruindo processos de criação e apresentando uma visão de bastidores.
Slave Rebellion Reenactment foi uma performance comunitária com 350 participantes, centrada na liberdade e na emancipação. Reinterpretou a História para desafiar a perceção das pessoas de ascendência africana, não como “escravos”, mas como pessoas escravizadas que, na época, detinham uma das visões mais radicais de liberdade.
Passes analisa a interseção entre o papel de França no comércio de pessoas escravizadas e a migração contemporânea de África para a Europa.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; e Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas.
Online, via Zoom
A Plantação cognitiva e o esvaziamento da palavra “Descolonização"
Organização: Gerador
Na última década, se, por um lado, assistimos à intensa proliferação e abuso da palavra “descolonização” nas estruturas europeias de soft power, por outro, testemunhámos a expansão cada vez maior de práticas coloniais, ultra-normativas e fascistas em todo o continente. Por mais contraditórios que estes dois processos possam parecer, pode haver uma ligação entre a apropriação do termo pelo Norte Global e a sua debilitação enquanto ferramenta radical para a mudança social.
Nesta masterclass, Jota Mombaça procurou questionar o limite da imaginação decolonial, tal como é preconizado atualmente pelas instituições culturais, insistindo assim numa abordagem não metafórica à prática da descolonização. O que é que significa realmente descolonizar? Que tipo de práticas sustentariam efetivamente um compromisso ético com o desfazer do mundo tal como o conhecemos?
Jota Mombaça é uma artista interdisciplinar que, através da matéria sonora e visual das palavras, trabalha frequentemente os temas da crítica anti-colonial e a desobediência de género. O seu trabalho tem sido apresentado em diversos contextos institucionais, como a 32ª e 34ª Bienal de São Paulo (2016 e 2020/2021), a 22ª Bienal de Sydney (2020), a 10ª Bienal de Berlim (2018) e o 46º Salon Nacional de Artistas na Colômbia (2019).
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Online, via Zoom
Descolonizar narrativas: mitos que sustentam o colonialismo hoje
Organização: Gerador
Nesta masterclass, Lovelyn Nwadeyi conduziu-nos pelos principais mitos que moldam a nossa compreensão do colonialismo atual. Embora muitas formas de dominação colonial tenham sido oficialmente desmanteladas, o colonialismo persiste — tanto em estruturas formais nalgumas partes do mundo, como em narrativas e práticas profundamente enraizadas nas sociedades contemporâneas. Ao nomear algumas destas narrativas fundamentais e ao identificar a forma como são perpetuadas atualmente, os participantes estarão melhor preparados para ver os perigos destas narrativas e para as desafiar no futuro.
Lovelyn Nwadeyi é fundadora e diretora da L&N Advisors, uma empresa de consultoria cujo único objetivo é ver a justiça social normalizada e incorporada nos espaços empresariais, académicos e religiosos.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Guadalupe
Exposição “Legado: (Re)construir novas narrativas”
Organização: Les Anneaux de la Mémoire
Exposição de uma seleção de obras criadas no contexto do projeto MANIFEST, que entre 2022 e 2024 refletiu sobre novas perspectivas artísticas sobre as memórias do comércio transatlântico de pessoas escravizadas. A exposição será na ilha de Guadalupe, acompanhada por uma programação de atividades paralelas.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas; Subjugação das mulheres e preconceitos de género.
Goethe-Institut em Lisboa, Portugal
Descolonizar discursos e práticas: formação para profissionais da cultura
Organização: Gerador
Durante uma manhã reunimos entidades e profissionais do setor cultural para uma sessão de formação onde se pretende desconstruir certas narrativas que ainda moldam as instituições culturais e o discurso público. Como identificar os discursos de poder ainda vigentes? Como descolonizar o olhar e as práticas do trabalho cultural? O objetivo é criar um espaço de aprendizagem, partilha e diálogo que ofereça ferramentas críticas e práticas a quem atua neste setor.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Programa
10h45
Recepção dos convidados
11h00
Boas vindas e apresentação do projeto LEAP, pelo Gerador
11h15
Apresentação de Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, a plataforma que visibiliza profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal ou com ligações ao país
11h30
Apresentação de Zia Soares, encenadora e directora artística do Teatro GRIOT, companhia de Teatro que se dedica à exploração de temáticas relevantes para a construção e problematização da Europa contemporânea e o seu reflexo no discurso e na estética teatral
11h45
Despertador: uma conversa aberta, sem moderação, com Paula Cardoso, Zia Soares e os participantes
12h25
Coffee Break
12h45
Encerramento
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Online, via Zoom
Irmãos de armas: Valorização dos contributos africanos e caribenhos nas duas guerras mundiais
Organização: Les Anneaux de la Mémoire e parceiros
Apesar de documentada, a contribuição das tropas coloniais para a libertação da Europa não é muito discutida. Os soldados africanos e afro-americanos estiveram na linha da frente dos combates, sendo o seu valor considerado inferior ao dos soldados europeus. Estes soldados de toda a África, que lutaram por países que colonizaram as suas terras e escravizaram o seu povo, foram esquecidos durante muito tempo nos livros de história e nos discursos comemorativos.
Hoje, esta memória está a emergir na Europa e precisa de ser promovida e divulgada para dar a conhecer e comemorar o lugar dos povos de África nas duas grandes guerras europeias. Como ultrapassar esta invisibilidade? Que papel pode a Europa desempenhar neste processo de reconhecimento?
Este evento está relacionado com o tema: Afrodescendência e diversidade europeia.
Online, via Zoom
Racismo e Economia: a desconstrução de identidades erroneamente atribuídas
Organização: Les Anneaux de la Mémoire e parceiros
O comércio transatlântico de povos africanos escravizados e a economia colonial trouxe a racialização do estatuto das pessoas escravizadas: passou a existir uma correlação entre o estatuto de escravizado e a “negritude”. Esta construção moderna da “raça” estabeleceu gradualmente fenómenos de identificação entre o posicionamento racial e a função económica. A ligação entre a cor da pele e o estatuto económico e social persiste nas representações.
Esta herança da escravatura castiga gravemente as pessoas, quer através da sua afetação a funções, quer através da sua discriminação na contratação. Como podemos ultrapassar estes preconceitos? Como pode a história ajudar-nos a compreender esta construção? Como podemos quebrar as atribuições a que as pessoas racializadas são sujeitas?
Este evento está relacionado com os temas: Comércio transatlântico de pessoas escravizadas e Escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas
Online, via Zoom
Negação e Realidade: Desconstruir o mito do Lusotropicalismo
Organização: Les Anneaux de la Mémoire e parceiros
A negação dos males da colonização está particularmente presente nas sociedades europeias pós-coloniais. Em Portugal, o lusotropicalismo, desenvolvido pelo brasileiro Gilberto Freyre e cujas ideias foram recuperadas pelo regime do Estado Novo, levou a maioria dos portugueses brancos a acreditar que não existe racismo na sociedade portuguesa. Esta teoria defendia que os portugueses possuíam uma capacidade especial de adaptação à vida nos trópicos, através da miscigenação e da interpenetração cultural. A narrativa glorificadora da presença portuguesa fora da Europa está ainda muito presente, sobretudo nos currículos escolares e nos media, e tem atrasado o combate ao racismo estrutural. A desconstrução deste mito é essencial para a promoção da igualdade racial.
Este evento está relacionado com os temas: Lusotropicalismo e teorias de negação
Online, via Zoom
Herança e Afrofeminismo: as lutas das mulheres racializadas
Organização: Les Anneaux de la Mémoire e parceiros
As mulheres racializadas enfrentaram desde sempre uma dupla opressão, sofrendo as consequências da escravatura, do colonialismo e das estruturas patriarcais, para além de estarem expostas a violência. No entanto, têm desempenhado um papel crucial na luta pela emancipação e pela liberdade. Atualmente, as mulheres racializadas continuam a ser vítimas de dupla discriminação, o que exige uma ação concertada para construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária.
Como é que a violência sofrida pelas mulheres racializadas durante a escravatura e o colonialismo continua a influenciar a dinâmica do género e da raça nos dias de hoje? Que estratégias podem ser postas em prática para valorizar e reforçar o papel das mulheres racializadas na construção de uma sociedade inclusiva e igualitária?
Este evento está relacionado com os temas: Subjugação das mulheres e preconceitos de género
Aviso legal: esta iniciativa é financiada pela União Europeia. As opiniões e pontos de vista expressos são, no entanto, da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es) e não refletem necessariamente os da União Europeia ou da Agência Executiva Europeia para a Educação e a Cultura. Nem a União Europeia nem a autoridade concedente podem ser responsabilizadas por eles. A Política de Proteção de Menores do Gerador pode ser consultada aqui.

