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Texto de Débora Cruz e Sofia Matos Silva
Edição de Débora Dias e Tiago Sigorelho
Ilustrações de Frederico Pompeu
Produção de Sara Fortes da Cunha
Comunicação de Carolina Esteves e Margarida Marques
Digital de Inês Roque

01.04.2024

 

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade (bem ou mal) conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos que passam pelo ensino superior. O extrativismo intelectual, alicerçado em práticas de abuso de poder e na precariedade, é outra das realidades reconhecidas dentro do espaço académico.

Especialistas entrevistados pelo Gerador afirmam que não se trata de um problema restrito a “indivíduos problemáticos” ou gerado pelas idiossincrasias de algumas instituições. Trata-se, sim, de um problema transversal, presente em universidades e politécnicos, em instituições públicas e privadas, em centros de investigação e nos espaços que os rodeiam.

A culpabilização das vítimas, o receio da exposição pública e o medo de retaliação por parte das instituições desincentivam as denúncias e a colaboração de testemunhas. Para quem escolhe apresentar queixa, a legislação é apontada como insuficiente – e provar os comportamentos abusivos é um caminho repleto de obstáculos.

A comunicação social oferece alguma visibilidade aos casos tornados públicos, mas os ciclos noticiosos não contribuem para que o debate sobre estes temas seja feito de forma aprofundada. Ao mesmo tempo, a passagem pelo ensino superior é vista como um momento de formação marcante e a possibilidade de normalização destes comportamentos é uma preocupação para algumas pessoas.

Múltiplas instituições têm começado a edificar estratégias de prevenção e combate a este tipo de práticas. Que potenciais soluções são apontadas? Em simultâneo, estes problemas não são uma particularidade do ensino superior português: como são encarados a nível internacional?

Para conhecermos melhor a realidade portuguesa, em novembro divulgámos um formulário para obter relatos de pessoas que tivessem conhecimento, testemunhado ou sofrido algum tipo de comportamento abusivo em contexto académico. Nos primeiros três meses, recebemos 83 respostas referentes a 22 instituições portuguesas, incluindo universidades, institutos politécnicos e escolas superiores não integradas. Alguns destes testemunhos vão ser aprofundados durante esta investigação.

A investigação Abuso de Poder no Ensino Superior vai ser publicada no Gerador ao longo dos próximos meses.

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