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No centro do LEAP estão quatro pilares temáticos fundamentais que orientarão as actividades e eventos do projeto ao longo dos seus 14 meses de duração.
As contribuições históricas e culturais das pessoas de ascendência africana na Europa devem ser reconhecidas. Da arte e da cultura à política e aos movimentos sociais, a presença africana na Europa moldou profundamente o continente. No entanto, este legado é frequentemente ignorado.
Em Portugal, o luso-tropicalismo, uma teoria do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, mais tarde adoptada pelo regime do Estado Novo, reforçou o mito de um colonialismo português excecionalmente brando. Enquadrava o domínio colonial como inclusivo e harmonioso devido à mistura cultural e à miscigenação, mascarando as realidades da exploração e da hierarquia racial. Esta narrativa tem alimentado a negação histórica, atrasando o reconhecimento do racismo estrutural. O LEAP procura contribuir para desmontar este mito e expor distorções semelhantes noutros contextos nacionais.
A violência colonial e o racismo sistémico continuam a ser largamente negados na Europa pós-colonial. Em Portugal, a narrativa colonial glorificada persiste nas escolas e nos meios de comunicação social, obscurecendo as histórias de trabalho forçado e de hierarquias raciais. Em toda a Europa, a reformulação destas narrativas é essencial para reconhecer as injustiças do passado e o seu impacto persistente. O LEAP pretende promover esta mudança através do diálogo, da educação e da expressão artística.
Há muito que as mulheres enfrentam opressão no contexto de escravatura, domínio colonial e do patriarcado, sendo a sua resistência e os seus contributos frequentemente apagados. Hoje em dia, as mulheres – especialmente as mulheres racializadas – continuam a sofrer discriminação interseccional, aprofundando a desigualdade social e económica. O LEAP defende a igualdade de género como uma pedra angular da justiça, dos direitos humanos e da cidadania.
No âmbito do LEAP, vão realizar-se quatro exposições pop-up em espaços não convencionais na Europa, entre março e abril de 2026, cada uma centrada numa narrativa temática que podes consultar abaixo. Esta open call internacional pretende identificar obras criativas já existentes que abordem criticamente estas narrativas, realizadas por criadores emergentes ou em início de carreira, incluindo artistas visuais e digitais, criadores audiovisuais, ilustradores, designers, arquitetos, podcasters, vloggers e artistas multidisciplinares. São elegíveis candidatos residentes num país da União Europeia ou num país participante no Programa Europa Criativa.
15 de julho, 16h (CET): sessão de informação online. Sabe mais sobre a open call e esclarece as tuas dúvidas. Inscrições aqui.
15 de setembro: fecho das candidaturas
outubro – novembro: avaliação das candidaturas
novembro: comunicação dos resultados aos artistas selecionados
março – abril de 2026: as exposições terão lugar neste período; as datas exatas serão anunciadas posteriormente.
Clica no botão abaixo para leres em detalhe o regulamento que orienta toda esta iniciativa.
– As obras selecionadas serão incluídas numa das quatro exposições LEAP, cada uma com duração entre uma e duas semanas
– Será atribuído um valor de 1.000 € por obra selecionada
– Apoio para transporte até 400 €, mediante a apresentação da documentação necessária
– A seleção não garante a presença do autor na exposição
– As pessoas selecionadas vão trabalhar diretamente com a entidade parceira responsável pela organização da exposição
– Podes submeter uma obra concluída ou quase concluída por proposta, selecionando apenas uma das quatro exposições.
– É possível submeter várias propostas (para a mesma ou para exposições diferentes), mas apenas uma obra por artista será selecionada.
– Será necessário fazer o upload de documentação em inglês.
– Para o tema “Subjugação das mulheres e preconceito de género (Barcelona, Espanha)” serão selecionadas apenas mulheres artistas.
– Consulta o regulamento para mais detalhes.
Ao longo de 14 meses, o projeto LEAP vai dinamizar um conjunto de workshops, formações, exposições, sessões de cinema, debates, e mais. As atividades acontecem presencialmente, em várias cidades, ou online. Descobre tudo em baixo.
Local: Online
15:00 CET / 14:00 Hora de Portugal continental
Organização: Gerador
Esta sessão integra um conjunto de conversas online destinadas a decisores culturais e políticos, centradas na construção de políticas culturais mais justas.
Dread Scott é um artista interdisciplinar norte-americano reconhecido internacionalmente por criar obras que questionam ideias dominantes, em particular, as bases económicas, sociais e governativas nas quais assentam os Estados Unidos da América. Ao longo do seu percurso, tem explorado o impacto do passado histórico nos cenários presentes.
Nesta masterclass, vai revisitar dois dos seus projetos artísticos, desconstruindo processos de criação e apresentando uma visão de bastidores. Slave Rebellion Reenactment foi uma performance comunitária com 350 participantes, centrada na liberdade e na emancipação. Reinterpretou a História para desafiar a perceção das pessoas de ascendência africana, não como “escravos”, mas como pessoas escravizadas que, na época, detinham uma das visões mais radicais de liberdade. Passes analisa a interseção entre o papel de França no comércio de pessoas escravizadas e a migração contemporânea de África para a Europa.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; e Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas.
Local: Guadalupe
Organização: Les Anneaux de la Mémoire
Exposição de uma seleção de obras criadas no contexto do projeto MANIFEST, que entre 2022 e 2024 refletiu sobre novas perspectivas artísticas sobre as memórias do comércio transatlântico de pessoas escravizadas. A exposição será na ilha de Guadalupe, acompanhada por uma programação de atividades paralelas.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas; Subjugação das mulheres e preconceitos de género.
Local: Gorizia, Itália, em espaço a anunciar
Organização: BJCEM
Integrado na Capital Europeia da Cultura 2025, em Gorizia (Itália), este evento inclui uma residência artística e uma exposição sob o tema “Sem Fronteiras”. Os artistas são convidados a explorar a arte como ferramenta de mudança social e política.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas; Subjugação das mulheres e preconceitos de género.
Local: online (primeira e segunda sessão) e presencial em Bruxelas, Bélgica em espaço à anunciar (terceira sessão)
Organização: Gerador
Ao longo de três dias vamos reunir jovens para desenvolverem ferramentas educativas e soluções em torno da descolonização das narrativas, com o apoio de mentores e especialistas.
Este evento está relacionado com o tema: Afrodescendência e diversidade europeia
Local: Nantes, França, em espaço a anunciar
Organização: Les Anneaux de La Memoire
Projeções, debates e mini-conferências “História em Imagens” que analisam preconceitos racistas e sexistas na Europa, incentivando a participação ativa no processo de descolonização. O programa será revelado em breve.
Este evento está relacionado com o tema: Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas.
Local: Portugal, em espaço a anunciar
Organização: Gerador
Formação que visa sensibilizar jovens artistas para a descolonização das narrativas, incentivando abordagens críticas nos seus processos criativos. Mais informação em breve.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Local: França, em espaço a anunciar
Organização: ACHAC e Les Anneaux de la Mémoire
Exposição, podcasts e mesas-redondas que destacam o contributo das comunidades afrodescendentes para a história europeia. Inclui um kit educativo para envolver um público alargado. Mais informação em breve.
Local: Portugal, em espaço a anunciar
Organização: Gerador
Complemento à exposição anterior, “Desconstruir as Nossas Narrativas” #1, esta abordagem centra-se no lusotropicalismo e nos seus efeitos. Inclui contributos de artistas e investigadores, acompanhada por um podcast informativo. Mais informação em breve.
Local: Hungria, em espaço a anunciar
Organização: Pro-Progressione
Centrada na história da escravatura colonial e nas narrativas associadas, esta exposição é acompanhada por recursos educativos e podcasts. Uma mesa-redonda debate os legados contemporâneos do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas. Mais informação em breve.
Local: Espanha, em espaço a anunciar
Organização: BJCEM
Exposição sobre discriminação de género e a ligação entre a dominação colonial e patriarcal. Complementada por podcasts, um workshop e uma mesa-redonda com especialistas e ativistas. Mais informação em breve.
Local: Portugal, em espaço a anunciar
Organização: Gerador
Para fechar o projeto LEAP, esta cimeira reúne os temas alvo de reflexão ao longo dos vários eventos. Contará com debates, projeções e recomendações concretas dirigidas a decisores políticos e entidades europeias.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia; Lusotropicalismo e teorias de negação; Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, a escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas; Subjugação das mulheres e preconceitos de género.
Recorda aqui as iniciativas que já aconteceram no contexto deste projeto.
Local: Online
15:00 CET / 14:00 Hora de Portugal continental
Organização: Gerador
Esta sessão integra um conjunto de conversas online destinadas a decisores culturais e políticos, centradas na construção de políticas culturais mais justas.
Na última década, se, por um lado, assistimos à intensa proliferação e abuso da palavra “descolonização” nas estruturas europeias de soft power, por outro, testemunhámos a expansão cada vez maior de práticas coloniais, ultra-normativas e fascistas em todo o continente. Por mais contraditórios que estes dois processos possam parecer, pode haver uma ligação entre a apropriação do termo pelo Norte Global e a sua debilitação enquanto ferramenta radical para a mudança social. Nesta masterclass, Jota Mombaça procura questionar o limite da imaginação decolonial, tal como é preconizado atualmente pelas instituições culturais, insistindo assim numa abordagem não metafórica à prática da descolonização. O que é que significa realmente descolonizar? Que tipo de práticas sustentariam efetivamente um compromisso ético com o desfazer do mundo tal como o conhecemos?
Jota Mombaça é uma artista interdisciplinar que, através da matéria sonora e visual das palavras, trabalha frequentemente os temas da crítica anti-colonial e a desobediência de género. O seu trabalho tem sido apresentado em diversos contextos institucionais, como a 32ª e 34ª Bienal de São Paulo (2016 e 2020/2021), a 22ª Bienal de Sydney (2020), a 10ª Bienal de Berlim (2018) e o 46º Salon Nacional de Artistas na Colômbia (2019).
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Local: Online
15:00 CET / 14:00 Hora de Portugal continental
Organização: Gerador
Esta sessão integra um conjunto de conversas online destinadas a decisores culturais e políticos, centradas na construção de políticas culturais mais justas.
Nesta masterclass, Lovelyn Nwadeyi conduz-nos pelos principais mitos que moldam a nossa compreensão do colonialismo atual. Embora muitas formas de dominação colonial tenham sido oficialmente desmanteladas, o colonialismo persiste — tanto em estruturas formais nalgumas partes do mundo, como em narrativas e práticas profundamente enraizadas nas sociedades contemporâneas. Ao nomear algumas destas narrativas fundamentais e ao identificar a forma como são perpetuadas atualmente, os participantes estarão melhor preparados para ver os perigos destas narrativas e para as desafiar no futuro.
Lovelyn Nwadeyi é fundadora e diretora da L&N Advisors, uma empresa de consultoria cujo único objetivo é ver a justiça social normalizada e incorporada nos espaços empresariais, académicos e religiosos.
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Local: Goethe-Institut em Lisboa, Portugal
Fundadora da comunidade digital, Afrolink; Encenadora e directora artística do Teatro GRIOT
10:45 – 12:45 (Hora de Portugal Continental)
Organização: Gerador
Durante uma manhã reunimos entidades e profissionais do setor cultural para uma sessão de formação onde se pretende desconstruir certas narrativas que ainda moldam as instituições culturais e o discurso público. Como identificar os discursos de poder ainda vigentes? Como descolonizar o olhar e as práticas do trabalho cultural? O objetivo é criar um espaço de aprendizagem, partilha e diálogo que ofereça ferramentas críticas e práticas a quem atua neste setor.
10h45
Recepção dos convidados
11h00
Boas vindas e apresentação do projeto LEAP, pelo Gerador
11h15
Apresentação de Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, a plataforma que visibiliza profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal ou com ligações ao país
11h30
Apresentação de Zia Soares, encenadora e directora artística do Teatro GRIOT, companhia de Teatro que se dedica à exploração de temáticas relevantes para a construção e problematização da Europa contemporânea e o seu reflexo no discurso e na estética teatral
11h45
Despertador: uma conversa aberta, sem moderação, com Paula Cardoso, Zia Soares e os participantes
12h25
Coffee Break
12h45
Encerramento
Este evento está relacionado com os temas: Afrodescendência e diversidade europeia e Lusotropicalismo e teorias de negação.
Local: Online
Organização: Les Anneaux de la Mémoire e parceiros
O lançamento oficial do LEAP aconteceu com quatro workshops abertos ao público através dos quais se definiu os temas-chave do projeto. Com uma duração de 50 minutos, cada workshop explorou um dos quatro tópicos que moldam as iniciativas e os debates realizados ao longo de todo o projeto. Mais detalhes em baixo.
10:00 CET / 9:00 Hora de Portugal continental
Apesar de documentada, a contribuição das tropas coloniais para a libertação da Europa não é muito discutida. Os soldados africanos e afro-americanos estiveram na linha da frente dos combates, sendo o seu valor considerado inferior ao dos soldados europeus. Estes soldados de toda a África, que lutaram por países que colonizaram as suas terras e escravizaram o seu povo, foram esquecidos durante muito tempo nos livros de história e nos discursos comemorativos. Hoje, esta memória está a emergir na Europa e precisa de ser promovida e divulgada para dar a conhecer e comemorar o lugar dos povos de África nas duas grandes guerras europeias. Como ultrapassar esta invisibilidade? Que papel pode a Europa desempenhar neste processo de reconhecimento?
Este evento está relacionado com o tema: Afrodescendência e diversidade europeia.
Doutorando em Estudos Pós-Coloniais na Universidade de Coimbra;
Investigadora do Centro
de Estudos de Ciências Sociais sobre os mundos
Africano, Americano
e Asiático, em França
O comércio transatlântico de povos africanos escravizados e a economia colonial trouxe a racialização do estatuto das pessoas escravizadas: passou a existir uma correlação entre o estatuto de escravizado e a “negritude”. Esta construção moderna da “raça” estabeleceu gradualmente fenómenos de identificação entre o posicionamento racial e a função económica. A ligação entre a cor da pele e o estatuto económico e social persiste nas representações. Esta herança da escravatura castiga gravemente as pessoas, quer através da sua afetação a funções, quer através da sua discriminação na contratação. Como podemos ultrapassar estes preconceitos? Como pode a história ajudar-nos a compreender esta construção? Como podemos quebrar as atribuições a que as pessoas racializadas são sujeitas?
Este evento está relacionado com o tema: Comércio transatlântico de pessoas escravizadas, escravatura colonial e as suas consequências contemporâneas.
14:00 CET / 13:00 Hora de Portugal continental
A negação dos males da colonização está particularmente presente nas sociedades europeias pós-coloniais. Em Portugal, o lusotropicalismo, desenvolvido pelo brasileiro Gilberto Freyre e cujas ideias foram recuperadas pelo regime do Estado Novo, levou a maioria dos portugueses brancos a acreditar que não existe racismo na sociedade portuguesa. Esta teoria defendia que os portugueses possuíam uma capacidade especial de adaptação à vida nos trópicos, através da miscigenação e da interpenetração cultural. A narrativa glorificadora da presença portuguesa fora da Europa está ainda muito presente, sobretudo nos currículos escolares e nos media, e tem atrasado o combate ao racismo estrutural. A desconstrução deste mito é essencial para a promoção da igualdade racial.
Este evento está relacionado com o tema: Lusotropicalismo e teorias de negação.
Historiadora do Instituto Universitário
Europeu de Florença;
Co-realizadora do documentário “Décolonisons l’écologie”
15:00 CET / 14:00 Hora de Portugal Continental
As mulheres racializadas enfrentaram desde sempre uma dupla opressão, sofrendo as consequências da escravatura, do colonialismo e das estruturas patriarcais, para além de estarem expostas a violência. No entanto, têm desempenhado um papel crucial na luta pela emancipação e pela liberdade. Atualmente, as mulheres racializadas continuam a ser vítimas de dupla discriminação, o que exige uma ação concertada para construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Como é que a violência sofrida pelas mulheres racializadas durante a escravatura e o colonialismo continua a influenciar a dinâmica do género e da raça nos dias de hoje? Que estratégias podem ser postas em prática para valorizar e reforçar o papel das mulheres racializadas na construção de uma sociedade inclusiva e igualitária?
Este evento está relacionado com o tema: Subjugação das mulheres e preconceitos de género.