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Em nome da (sua) verdade o “Inesquecível Professor” não quer salvá-lo [ o teatro]

Após assinalar a sua estreia no dia 11 de novembro, a peça escrita e encenada…

Texto de Patricia Silva

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Após assinalar a sua estreia no dia 11 de novembro, a peça escrita e encenada por Pedro Gil permanecerá em exibição na sala Garret do Teatro Nacional D. Maria II até dia 20 do mesmo mês. Em busca de um heroísmo particular, o professor dispõem-se a sacrificar os "discípulos" para que o teatro não os salve.

A um passo de um período de reforma, o consagrado professor, interpretado por António Fonseca, acredita que o teatro pelo qual se regeu, e que ensinou axs alunxs, não se cumpriu, e que a única forma de xs salvar consiste em fazer tudo para que não escolham o teatro.

"Perdi-a." De mãos ao peito, olhos fechados e cabeça ao alto o professor procurava que a alegria chegasse até si. No entanto, ela nunca vinha. Escapou-lhe das mãos pouco antes da aula começar. Ele chamava por ela. Perdeu-a.

"Há professores que não se esquecem."

Nas aulas que se antecipavam ao exercício final de curso, o professor, faz de tudo para mostrar axs alunxs que estão a fazer tudo mal, convencendo-xs de que não têm o que é necessário para serem atorxs. Assim como ele, não a têm. A alegria. É através de uma procura metafórica que o texto de Pedro se vai construindo. É de comédia que se fala.

Perante as justificações do professor que, a todo o custo, pretende impor a sua verdade a doze alunxs, estes acabam por se afirmar tentando ultrapassar o problema, considerando-o sempre como um desafio. O olhar positivo é a forma como estes jovens tentam superar a opressão que o 'inesquecível' lhes cede.

Chegado o fim da vida profissional, este professor acha que o seu ideal inicial em relação à carreira não se cumpriu, não lhe restando senão projetar as suas angústias e frustrações. O sofrimento tornou-se motivo e causa e, mesmo com "argumentos falaciosos", segundo Pedro Gil, "o que não quer dizer que ele, o professor, não acredite na maior parte das coisas que diz", e se "é verdade para ele também o será, certamente, para muita gente".

Destinadxs a sofrer no seu exercício final, a razão maior do orgulho de ser ator e a única transversal a toda a profissão, o professor vai tentando assustar os alunos com esta premissa, ao mesmo tempo que estes vão estranhando o espetáculo e o vão confrontando com a verdade que vai vinculando.

No final, os alunos acabam por concordar com a ideia do professor, mas não desistem. Procuram a alegria, que é idealizada como a fé no teatro. É desta forma que o encenador reconhece que esta "angústia de o teatro valer ou não a pena" é uma "angústia" que o toca.

"Acho que quando olhar para trás no fim da minha vida e achar que nos foi dada uma oportunidade de ter vivido a vida de uma maneira diferente, melhor, mais feliz, mais plena, e se eu tiver essa sensação, ou se nunca esteve ao meu alcance e eu estive a lutar por isso pode ser doloroso, quer dizer isso é uma coisa que me atrai", continua.

Fazendo uma reflexão social, António Fonseca também reconhece"que chegam a determinada altura da vida, dizem 'eu falhei', e depois vão vingar-se, que é o que acontece com o professor, pois este está a tentar salvar-se, afastando os 12 alunxs do seu objetivo."

"E se ao menos o teatro tivesse feito a sua parte, talvez o mundo não estivesse como está." Esta é a voz que permanece no silêncio durante a peça, não se fazendo ouvir pelas palavras do professor, no entanto, é uma reflexão sentida que permanecerá até 20 de novembro, na sala Garret.

Com sessões de terça-feira a sábado, às 19:00, e, ao domingo, às 16:00, a sessão de dia 20 terá audiodescrição.

A peça estará em cena dia 27 de novembro, no Centro de Artes do Espetáculo de Portalegre, a 04 de dezembro, no Centro Cultural do Cartaxo e, em 15 de janeiro de 2022, no Teatro Municipal de Bragança. Já no Teatro Carlos Alberto, permanecerá de 17 a 20 de março de 2022.

Texto de Patrícia Silva
Fotografias de Filipe Ferreira
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