No próximo dia 23 de abril, vai decorrer a quarta edição do TEDxUniversidadedeCoimbra, com o tema “reSURGIR”. O objetivo é a partilha de experiências e ideias inovadoras, através de curtas talks que abrangem variados temas, como ciência, empreendedorismo, mundo digital, crises ambientais e relações interpessoais.
O TEDxUniversidadedeCoimbra é um evento organizado inteiramente por estudantes, sendo que a iniciativa parte do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra. Pretendem provar que os jovens são capazes de pensar em alternativas inovadoras para um mundo de amanhã mais sustentável e inclusivo.
Numa conversa por Zoom, Ema Felgueiras, coordenadora da edição deste ano, e Sara Gama, coordenadora do departamento de comunicação, partilharam as motivações por trás da criação do evento, bem como as suas particularidades. Puseram-nos, ainda, a par de tudo o que precisamos de saber sobre o TEDxUniversidadedeCoimbra, para o qual já há inscrições abertas. Os lugares para assistir a este dia de conversas estimulantes são limitados, sendo que os bilhetes para estudantes têm um custo de 15 euros e, para não estudantes, de 25 euros.
Gerador (G.): O TEDxUniversidadeCoimbra surge em 2019. O evento é organizado exclusivamente por estudantes de diferentes faculdades da Universidade de Coimbra (UC) e com vários graus de formação. Porquê fazer um TEDx pensado por estudantes?
Ema Felgueiras (E. F.): A ideia surgiu na nossa casa, que é o Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra, a partir da necessidade dos estudantes se reinventarem daquele que é o formato a que estão habituados na organização de projetos. No Núcleo de Medicina, a nossa formação académica é marcada pela organização de congressos médicos, enquanto o TEDx se foca na difusão de ideias mais abrangentes que valem a pena ser partilhadas. Foi neste sentido que a primeira edição surgiu e, por ter sido uma iniciativa tão bem conseguida, o projeto tem vindo a continuar ao longo dos anos.
Sara Gama (S. G.): Queremos tentar alargar horizontes. O TEDx aborda temas que são muito abrangentes, desde arte, educação, inovação tecnológica, coisas a que normalmente não estamos habituados. Temos em vista dar palco a essas ideias que são também relevantes para a nossa formação.
G.: Quais as particularidades do TEDxUniversidadeCoimbra?
E. F.: Já fui ao TEDx Porto e vou à edição que eles estão a organizar este ano. Considero que um TEDxUniversidadedeCoimbra traz a palco ideias ainda mais inovadoras do que as que que são geralmente trazidas por outros TEDx, apesar de todos apostarem nesta vertente. Os estudantes têm esta capacidade de se reinventarem, e esta caraterística é muito intrínseca, sobretudo cá em Coimbra devido ao nosso percurso no associativismo académico. Este TEDx está muito ligado ao associativismo, por ser um projeto que parte da iniciativa de um núcleo de estudantes.
G.: No vosso site, referem que a equipa organizadora é composta por estudantes de diferentes faculdades da UC. Falem-me um pouco desta equipa: como foi criada e como tem sido trabalharem juntos?
E. F.: A equipa é composta por cerca de trinta estudantes da UC e foi criada a partir de um formulário de inscrições que esteve aberto para que os estudantes da UC se pudessem candidatar à Comissão Organizadora. Cada pessoa tinha de escrever a sua motivação e o porquê de estar interessada neste projeto. Depois, enquanto Núcleo de Gestão, eu, o co-organizador do evento e os coordenadores dos departamentos fizemos uma seleção com base no texto de motivação. As pessoas que escolhemos estão motivadas a fazer este TEDx à imagem de todos.
S. G.: Temos estudantes de várias faculdades, com diferentes backgrounds e graus de formação, não são só estudantes de licenciatura, mas também de mestrado e de doutoramento. Temos estudantes de medicina, direito, biologia, farmácia, gestão, sociologia, design e multimédia. Ou seja, para além de diferentes formações, temos também várias perspetivas a trabalhar em conjunto e isso enriquece muito a iniciativa.

G.: A TED é uma organização sem fins lucrativos dedicada a partilhar ideias. O projeto nasceu há 30 anos, na Califórnia, com uma conferência de quatro dias. As conferências TED, normalmente, convidam pensadores, criadores e líderes em diferentes áreas a falar durante 18 minutos ou menos. Porquê escolher este modelo? Dezoito minutos são suficientes para veicular uma ideia?
E. F.: Dezoito minutos podem não ser suficientes para ficarmos cem por cento capacitados para falar de um assunto que consideramos pertinente ou relevante, mas acho que são uma boa introdução. O mote do TEDx é abrir horizontes e se, em dezoito minutos, conseguirmos fazê-lo através de um tema que está a ser desenvolvido numa talk, acho que é um bom começo para depois as pessoas explorarem o que mais lhes interessa. O nosso TEDx vai ter imensos questões enquadradas no ressurgir, não é expectável que toda a gente saia de lá interessada na mesma coisa, mas esperamos que fiquem interessadas em alguns assuntos e que os possam aprofundar depois.
G.: O mote desta edição é “reSURGIR”, porquê?
S. G.: Isto pode parecer um bocadinho clichê porque já andamos fartos de ouvir isto, mas estamos a viver um período de transição, sendo que a pandemia ainda não acabou. Consideramos que é preciso andarmos para a frente e ressurgir. Até porque neste período assistimos a uma grande reinvenção, seja de pessoas em casa que reinventaram aquilo que faziam, seja a nível de negócios, e o mesmo se aplica às ideias. Eu acho que este foi um período em que a sociedade como um todo teve um ressurgimento de ideias e de valores. Achámos que isso tinha todo o interesse em ser explorado e que se aplicava ao que estamos a viver agora.

G.: Este ano, o evento vai decorrer presencialmente no colégio Rainha Santa Isabel. Quais as expetativas?
S. G.: As nossas expetativas são bastante altas porque o feedback que temos das outras edições é bastante bom. Estamos entusiasmados porque é a retoma de um formato quase normal, se esquecermos as máscaras [risos]. Portanto, as expetativas são voltarmos a ter um evento que una as pessoas em torno de ideias diferentes e inovadoras, que façam com que os participantes saiam com vontade de explorar e de alterar nem que seja uma pequena coisa nas suas vidas.
G.: Como escolheram os oradores para esta edição?
E.F: Foi um processo de brainstorming em equipa. Primeiro, definimos o rumo que queríamos dar ao TEDx e decidimos que o ressurgir era o caminho, pensámos quais seriam os principais temas que queríamos trazer para a mesa, que experiência é que gostávamos que os participantes tivessem em termos de conteúdo das talks. A partir daí, definimos guidelines, por exemplo, sabíamos que queríamos algo diferente na área da imagem e, por isso, temos a Paula Padra que vem falar da imagem terapêutica. Fomos explorando as possibilidades de oradores e fazendo convites.
S. G.: Também tentamos dar ênfase a oradores que sejam locais à comunidade. Muitos dos oradores são cá de Coimbra ou têm uma ligação grande à cidade. Achamos que é importante dar palco a ideias da cidade à qual os participantes serão mais próximos.
E. F.: E mesmo da nossa comunidade, porque alguns oradores são ex-estudantes da UC que montaram os seus negócios, as suas empresas inovadoras, outros são mesmo professores da UC. Fazia todo sentido, sendo nós um TEDxUniversidadedeCoimbra, explorarmos essa vertente.
G.: Quais as caraterísticas que um convidado para o TEDx deve ter?
E .F.: Deve ter muito espírito crítico, muita capacidade de se reinventar. Deve pautar pela inovação, pela presença de ideias disruptivas. Porque um TEDx também é isso, um TEDx não é trazer a palco ideias que são continuamente exploradas no nosso dia a dia, mas sim ideias que nos tiram da nossa zona de conforto, da caixinha em que estamos habituados a viver. São essas as caraterísticas que esperamos ter nos nossos oradores.

G.: Que oradores já foram revelados?
S. G.: A Paula Prada, que esteve vinte anos ligada à indústria farmacêutica, mas que trabalha atualmente na área de consultoria de imagem e comunicação, tendo desenvolvido um projeto pioneiro em Portugal, chamado Imagem Inteligente. Este envolve também uma vertente terapêutica. A consultora vai dar uma talk sobre a importância da imagem no nosso dia a dia. A Verónica Orvalho que fundou a Didimo, uma empresa líder na criação de avatares 3D a partir de imagens, como uma selfie. Também vamos poder ouvir o Manuel Tuvar, cofundador da Loop Company, uma empresa de Coimbra, que pauta por soluções a nível da economia circular e sustentabilidade. O professor José Xavier, da UC, cujo trabalho está intimamente ligado com expedições à Antártida, com o estudo de presas e predadores. Para além disso, é o chefe de delegação de Portugal nas reuniões do Tratado da Antártida. Finalmente, Catarina Marques Rodrigues, jornalista da RTP, que foca o seu trabalho na igualdade de género. À partida, vamos contar com oito oradores, mas, para já, revelámos estes.
G.: Os bilhetes já estão disponíveis? Quanto custam?
E. F.: As inscrições abrem hoje à noite [23 de março] às 21 horas. Esperamos que os bilhetes esgotem rápido, sendo que os eventos da TED têm um número limitado de participantes. O preço dos bilhetes é 15 euros para estudantes, sendo que este preço é aplicado a estudantes quer do ensino universitário e politécnico, quer do secundário. O preço para não estudantes é de 25 euros.
G.: Têm acompanhado todas as edições do TEDxUniversidadeCoimbra? Quais as apresentações que mais vos marcaram?
E. F.: A edição de 2021 foi a que acompanhei mais ativamente. Assisti à talk do professor Carlos Fiolhais e gostei imenso. Acho que apresentou ideias inovadoras e foi muito bem conseguida. O António Guterres também gravou uma talk para o evento do ano passado, que vale a pena assistir no site do TEDx. No entanto, a minha favorita do evento do ano passado foi a da vencedora do concurso de oradores, Catarina Ferreira. A Catarina é nossa colega do sexto ano e veio falar de inclusividade, a partir da experiência dela, porque ela tem um problema de saúde que provoca perda de audição. A talk da Catarina foi um passo muito marcante nas edições do TEDx porque nos permitiu apercebermo-nos de que é preciso construir um caminho em direção à inclusividade e à igualdade. Este ano, por exemplo, vamos ter tradução das talks em língua gestual portuguesa.
S. G.: Na edição de 2020, marcou-me a talk do Gustavo Freitas que também venceu o concurso de oradores. O Gustavo era estudante do doutoramento em comunicação na Faculdade de Letras da UC e propôs-se a uma talk há dois anos, quando o tema da edição era a metamorfose, intitulada “À descoberta do desafio”.

G.: Em que consiste o concurso de oradores?
S. G.: O concurso de oradores é uma oportunidade muito boa para as pessoas de Coimbra puderem apresentar e partilhar as suas ideias.
E. F.: O concurso de oradores não é exclusivo para estudantes ou pessoas da UC, estando aberto a toda a gente que queira participar. Contudo, por acaso, os vencedores das duas últimas edições foram estudantes da UC. Acho que foi pura coincidência, mas também prova que, realmente, os estudantes da UC e os estudantes em geral têm capacidade de nos marcar com ideias muito diferente. Daí o nosso TEDx também ser diferente, por ser universitário.
Este ano, promovemos de novo o concurso de oradores. As pessoas inscreveram-se até uma data-limite e depois houve uma pré-seleção porque temos de reduzir para três finalistas. As três pessoas escolhidas foram apresentar as suas ideias a um júri convidado, que este ano foi constituído: pela coordenadora do departamento de oradores desta edição; pelo Gustavo Freitas, vencedor da edição 2020 do concurso de oradores; pela organizadora do TEDx de 2021, Carolina Correia; pelo organizador do TEDx Porto, Norberto Amaral, que organiza o maior evento TEDx em Portugal, e pela Vera Cunha, que nos ajuda com a dinâmica interna das talks porque, obviamente, os oradores apresentam uma ideia, mas depois ela tem de ser alinhavada e tem de seguir imensas regras que nos impõem.
O concurso de oradores já aconteceu e há um vencedor que vai ser anunciado em breve e que vai apresentar a sua talk no dia do evento.