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Ainda é diferente ser uma mulher ou um homem na ciência, hoje?

Assinala-se hoje, dia 11 de fevereiro, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Para assinalar a data, o Gerador procurou descobrir quais os progressos e possíveis obstáculos ainda sentidos pelas mulheres cientistas portuguesas. As dificuldades em progredir nas carreiras e em alcançar posições de chefia, a vida familiar e a importância da representatividade foram alguns dos temas discutidos.

Texto de Débora Cruz

Ilustração de Priscilla Ballarin

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No dia 22 de dezembro de 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) realizou a sua 81.ª reunião plenária, na qual os países-membros aprovaram a resolução A/RES/70/212. Através do documento, a AGNU proclamou o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e salientou a necessidade de “promover a total e igual participação das mulheres e meninas na educação, na empregabilidade e nos processos de tomada de decisão”, com o objetivo de “eliminar todos os tipos de discriminação” nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (CTEM).

No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência de 2022, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou a falta de paridade no mundo da ciência e o aumento da desigualdade de género durante a pandemia da covid-19 provocada pelo encerramento das escolas, o aumento da carga de trabalho doméstico e o crescimento de casos de violência de género. “Barreiras estruturais e sociais impedem que mulheres e meninas entrem e avancem na ciência”, alertou o secretário-geral. “Esta desigualdade está a privar o nosso mundo de enormes talentos e de inovação que estão por explorar”, continuou ainda, “precisamos das perspetivas das mulheres para garantir que a ciência e a tecnologia funcionam para todos”. 

Na mensagem publicada pelas Nações Unidas para assinalar a data, António Guterres defendeu que é necessária a implementação de políticas que “encham as salas de aula com meninas que estudam tecnologia, física, engenharia, matemática” e a aplicação de “medidas direcionadas para garantir oportunidades para as mulheres crescerem e liderarem em laboratórios, instituições de investigação e universidades”. O antigo primeiro-ministro português frisou ainda a importância da “determinação para acabar com a discriminação e os estereótipos sobre as mulheres na ciência” e a necessidade de “esforços mais rigorosos para expandir as oportunidades das mulheres oriundas de comunidades minoritárias”.

Em Portugal, têm vindo a registar-se tendências positivas. Segundo os dados da PORDATA, o número total de diplomadas no ensino superior quase triplicou entre 1994 e 2021. Nas áreas CTEM, nesse mesmo intervalo de tempo, o número de alunas diplomadas também aumentou em todas as áreas de formação, com o maior aumento a registar-se na área da Saúde e Proteção Social, com 2 494 diplomadas, em 1994, e 12 742, em 2021. Também no mercado de trabalho se registam números positivos. Em 2011, existiam cerca de 394 mil mulheres especialistas em atividades intelectuais e científicas e em 2021 contabilizavam-se já mais de 481 mil. 

Apesar dos progressos, várias cientistas alertam ainda para a existência de desigualdades. A maternidade e a vida familiar, as dificuldades na progressão das carreiras, a sub-representação de mulheres em algumas áreas científicas e a sua reduzida ocupação de lugares de chefia são algumas das principais preocupações.

O ensino superior e a (dis)paridade de género

O relatório The Pursuit of Gender Equality: An Uphill Battle, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em 2017, concluía que as carreiras escolhidas por rapazes e raparigas começam a divergir por volta dos 15 anos de idade. De acordo com o levantamento feito nos países-membros da organização, os rapazes de 15 anos demonstravam, em média, duas vezes mais probabilidade de se imaginarem a trabalhar como engenheiros, cientistas ou arquitetos do que raparigas da mesma idade. A diferença aumentava nas carreiras relacionadas com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

No caso do ensino superior, o último relatório trienal She Figures, publicado pela Comissão Europeia, em 2021, dava conta de que no ano de 2018 as mulheres representavam cerca de 48 % do número total de estudantes doutorados a nível europeu. Porém, tanto a nível europeu como a nível nacional dos países analisados, as mulheres doutoradas encontravam-se sobre-representadas na área da Educação e sub-representadas na área das TIC e nas áreas de Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção.

O último relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), referente ao ano letivo de 2020/2021, demonstra que o caso português corrobora os dados indicados pela Comissão Europeia. O número total de mulheres inscritas no ensino superior (220 851) supera o dos alunos (191 144), mas verificam-se algumas disparidades entre as diferentes áreas de estudo. O maior número de inscritas registou-se nas Ciências Empresariais, Administração e Direito (52 438), seguida da área da Saúde e Proteção Social (48 335) e das Ciências Sociais, Jornalismo e Informação (30 319).

Nas Ciências Naturais, Matemática e Estatística, as mulheres representavam cerca de 55 % do total de estudantes inscritos e nas áreas de Agricultura, Silvicultura, Pescas e Ciências Veterinárias, cerca de 58 %. Já nas áreas de Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção, as mulheres representavam cerca de 27 % do número total de inscritos, e nas TIC cerca de 17 %.

Em 2021, o Gabinete da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade afirmava, numa nota à comunicação social que assinalava o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, que o Governo tem apostado no combate à desigualdade de género nas CTEM, tanto nas instituições de ensino, como nas de investigação. O Gabinete reconhecia, contudo, que a “área de preocupação central tem sido a da redução da participação de raparigas e mulheres nas TIC e nas engenharias”. 

Segundo um levantamento da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, a presença de mulheres entre as pessoas diplomadas em TIC diminuiu entre 2000 e 2010, de 26 % para 17,5 %, passando a 20 %, em 2020. Quanto ao mercado de trabalho, as mulheres representavam, em 2005, cerca de 24 % das pessoas empregadas especialistas em TIC e, em 2020, passaram a representar cerca de 22 %.

Cátia Mendes Teixeira é licenciada em Informática e Gestão de Empresas e trabalha como technical advisor na Microsoft Portugal, mas nem sempre pensou nas TIC como uma possível carreira. Quando era criança e adolescente queria ser professora de matemática, mas a possibilidade de não conseguir ser colocada ou de ficar longe da família fez com que mudasse de ideias. “Quando, na altura de escolher, percebi que não ia escolher matemática, pensei que precisava de encontrar um curso que incluísse matemática e que tivesse empregabilidade, em que me dissessem que, com certeza, teria emprego no final do curso”, explica, “e foi assim que fui para Informática”.

Cátia Mendes Teixeira, technical advisor na Microsoft Portugal. Fotografia cortesia da própria

Sobre a diversidade e paridade de género nas TIC, Cátia Mendes Teixeira indica que têm sido desenvolvidas iniciativas que visam o combate à desigualdade, tais como a Women in Tech e a Do It Girl, da Microsoft, mas reconhece que existe ainda “um longo caminho” a percorrer. A engenheira menciona a importância da representatividade e de mostrar, não só às meninas e às mulheres, mas a todos os jovens, que “qualquer pessoa pode ir para a área das tecnologias”, mesmo que não tenham nas suas vidas exemplos de pessoas que tenham seguido a carreira. “A área da saúde e da educação são tipicamente mais associadas a mulheres, porque talvez olhem para a história familiar e à sua volta e não têm exemplos práticos de pessoas que seguiram [TIC]”, exemplifica, “eu não tive [exemplos práticos] e não me senti limitada em relação a isso, mas há pessoas que sentem que talvez [por isso] não têm capacidade”.

A professora coordenadora principal do Instituto Politécnico de Bragança, Isabel Ferreira, acredita que é fundamental fazer com que “o género não seja [um] fator decisivo para escolher [um curso] ou que influencie a escolha de uma determinada formação”. A cientista é doutorada na área da Química Orgânica e é uma das investigadoras mais citadas do mundo (top 1 %), mas tem estado, desde 2019, mais afastada da ciência. 

Isabel Ferreira foi secretária de Estado da Valorização do Interior do XXII Governo Constitucional e é atualmente secretária de Estado do Desenvolvimento Regional. “Estou agora numa missão pública com uma pasta que tem muito que ver com aquilo que sempre fiz na minha atividade profissional: utilizar a ciência, o conhecimento e a tecnologia para desenvolver territórios e valorizar regiões”, explica, “mas naturalmente que a minha profissão é a de cientista e é também aquilo que gosto de fazer”.

Isabel Ferreira, cientista e secretária de Estado do Desenvolvimento Regional. Fotografia de João Bica

A secretária de Estado acredita que são múltiplos os fatores que contribuem para a escolha de um determinado curso e que os números existentes relativos ao número de mulheres a estudar no ensino superior “traduzem um caminho significativo que está a ser feito em termos de equidade”. Isabel Ferreira reconhece que “há áreas pontuais em que se vê uma procura maior ou menor por parte de raparigas em relação aos rapazes”, mas assevera que “a escolha que cada jovem faz resulta de vários fatores”. Os gostos pessoais, a influência da envolvente familiar ou de amigos, o local de residência e as médias de acesso podem influenciar este tipo de decisões.

Para Sílvia Barbeiro, professora associada no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra (UC), os fatores culturais podem desempenhar um papel importante na escolha da área de formação. “Acho que ainda se associa ao género determinadas profissões”, defende, “não sei se existirão outros fatores, mas julgo que o fator cultural é muito forte”. A matemática dá aulas a estudantes de licenciatura, mestrado e de doutoramento e, no seu trabalho de investigação, tem-se debruçado sobre métodos numéricos para resolver equações com derivadas parciais. “Quando o curso de matemática estava muito associado ao ensino captava mais as raparigas”, explica, “agora já não é um curso que se associa ao ensino e, portanto, essa distinção já não é tão clara”. 

Portugal, Brasil, França e China são os países em que Maria Gonzalez-Rey já trabalhou e desenvolveu projetos de investigação. A cientista é formada na área da Biologia Marinha e Pescas e conta que a área de poluição ambiental sempre lhe despertou um interesse particular. A investigadora demonstra algumas preocupações em relação à sobrerrepresentação de mulheres em algumas áreas CTEM, em Portugal. “Quando trabalhei no Brasil, Hong Kong ou França era muito mais equilibrado”, declara, “não sei até se isso não poderá resultar em eventuais quotas para a entrada de rapazes no ensino superior... e, mais uma vez, colocar o acesso das mulheres ao ensino superior limitado… Esperemos que não”.

Alcançar o topo continua a ser difícil?

No relatório She Figures 2021 referia-se que a sub-representação de mulheres em posições académicas seniores e de tomada de decisão continua a ser um “problema significativo”. No documento, lê-se que “as mulheres continuam sub-representadas entre membros de direção e líderes” e que “apesar dos esforços direcionados a aumentar a representação de mulheres nas posições mais altas na área da investigação, persiste uma forte desigualdade de género”. A Comissão Europeia destaca também que, em 2019, as mulheres representavam apenas cerca de 24 % dos reitores de instituições de ensino superior, três em cada dez membros de direção e que menos de 25 % de mulheres estavam à frente desses grupos.

Para as posições ocupadas pelo staff académico, a Comissão Europeia identificou quatro categorias distintas: a categoria A corresponde à mais elevada, referindo-se à posição de investigadores que trabalham na instituição ou o similar a professores com agregação; a categoria D é a menos prestigiosa, sendo constituída por investigadores não doutorados ou que ocupam posições que não requerem um doutoramento; e as categorias B e C correspondem a posições intermédias.

Em 2018, a nível europeu, as mulheres representavam cerca de 40 % de todo o staff académico, mas é possível identificar que à medida que se progride nas categorias, as mulheres vão ficando para trás. Nas categorias C e D, as académicas representavam cerca de 46,6 % e 47 % de todo o staff, respetivamente. Na categoria B, constituíam cerca de 40 % e na classe mais elevada, cerca de 26 %. Nas áreas CTEM, as diferenças são mais significativas: na categoria C, as mulheres representavam 35 %, na categoria B cerca de 28 % e na categoria A, menos de 20 %.

No caso português, os dados da DGEEC referentes ao ano letivo de 2020/2021 não fazem distinção entre áreas de formação, mas permitem verificar que o padrão se repete a nível nacional. Existiam, nesse ano letivo, 4647 professoras assistentes (47,5 %) face a 5143 professores assistentes, 4775 professoras auxiliares (46,2 %) face a 5561 professores, 1262 professoras associadas (38,3 %) face a 2033 professores, 17 professoras coordenadoras principais (25,4 %) face a 50 professores e 380 professoras catedráticas (24,5 %) face a 1173 professores.

Isabel Ferreira admite que existe ainda um “caminho a fazer de afirmação das mulheres, sobretudo, em lugares de topo e de liderança”. A cientista alerta, contudo, para o facto de que a “progressão na carreira académica é feita por mérito em concursos competitivos, muitas vezes internacionais, e portanto não pode haver outro fator que não o mérito que esteja subjacente à promoção nas carreiras profissionais”. Já quanto a lugares de nomeação, em que não existem concursos e as pessoas são indicadas, a questão é “diferente”. Ainda assim, a secretária de Estado refere que “Portugal também já tem feito um caminho no sentido de se garantirem quotas para a igualdade de género e para continuarmos a garantir equidade entre homens e mulheres”.

O padrão verificado nas carreiras de docente parece também repetir-se ao nível dos contratos estabelecidos com investigadores. Ao Gerador, a presidente do Conselho Diretivo da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Madalena Alves, refere que, entre 2018 e 2021, 57 % dos contratos estabelecidos com investigadores doutorados de nível inicial foram feitos com mulheres. No nível acima, as mulheres representaram 53,8 % dos contratos feitos com investigadores doutorados de nível auxiliar e 42,3 % dos contratos com investigadores doutorados de nível principal. Já em relação aos contratos de investigadores doutorados de nível coordenador, apenas 25 % foram mulheres.

Nas 312 unidades de investigação nacionais financiadas pela FCT, 52,7 % do número total de investigadores integrados são mulheres e dos investigadores com responsabilidade sobre projetos iniciados em 2018, 47 % eram mulheres. Porém, apenas 32 % dos coordenadores das 312 unidades de investigação eram mulheres. Nos laboratórios associados, instituições de investigação que assessoram o governo em áreas científicas para a preparação de políticas públicas, 32,5 % dos investigadores são mulheres. Nas infraestruturas de investigação, que correspondem a plataformas, a recursos e a serviços associados que as comunidades científicas utilizam para desenvolver atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em áreas científicas específicas, apenas 14 % são coordenadas por mulheres. 

Maria Gonzalez-Rey crê que a igualdade de papéis nas posições de chefia ou de liderança ainda não foi normalizada. A investigadora refere que existem mais mulheres com graus superiores de ensino e mais professoras catedráticas do que antes, mas nos cargos de chefia, de diretores de centros, de presidentes de conselhos científicos e de reitoras, ainda se verifica o oposto. “Aí temos que nos perguntar: educamos as raparigas/mulheres a liderar e os rapazes/homens a seguir as diretrizes de uma mulher?”, questiona.

Maria Gonzalez-Rey, bióloga marinha. Fotografia cortesia da própria

Nos setores público e privado, também se apresentam discrepâncias ao nível da paridade de género. De acordo com um levantamento feito pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género sobre os homens e mulheres investigadores em atividades de I&D, em 2020, verificou-se que no Estado, no ensino superior e nas instituições privadas sem fins lucrativos existe um equilíbrio de género entre os profissionais empregados. No entanto, nas empresas as mulheres representam apenas cerca de 28 % do total de investigadores. 

Apesar de nunca ter sentido que vivenciou algo limitativo na sua carreira, Cátia Mendes Teixeira acredita que “numa área que tem maioritariamente homens, acaba sempre por ser um pouco complicado a mulher destacar-se e mostrar o seu valor”. A technical advisor considera que este tipo de situações vão sempre depender da cultura da empresa. “Na Microsoft, temos muito [presente] a questão da diversidade e inclusão e sabemos que para podermos servir melhor os nossos clientes temos que representá-los e ser o espelho do que temos na sociedade”, assevera, “como é que podemos providenciar um serviço se não conhecemos quem está do outro lado?”.

A presidente do Conselho Diretivo da FCT considera que o desequilíbrio de género no setor privado pode estar relacionado com as áreas que empregam mais investigadores. “As áreas ligadas às tecnologias de informação, onde a maior parte [dos investigadores] são homens, são áreas de grande aceleração onde se calhar há mais empresas a ter núcleos de investigação”, explica, “talvez estas empresas tenham mais oportunidades de financiar investigação por serem áreas onde há mais retorno e essas áreas sejam mais masculinas por natureza”.

Madalena Alves é doutorada em Engenharia Biológica e Química pela Universidade do Minho, onde é professora catedrática desde 2013 e onde foi diretora do Centro de Engenharia Biológica entre 2020 e 2022 até assumir funções na FCT. A cientista conta que nunca se sentiu discriminada durante a sua carreira, até porque “no Centro de Engenharia Biológica há muito mais mulheres do que homens”, afirma, “mesmo dentro do meu grupo de investigação, a área da engenharia biológica é mais habitada pelo sexo feminino”.

Madalena Alves, cientista e presidente do Conselho Diretivo da FCT. Fotografia cortesia da própria

A curadora das coleções do Herbário do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, Cristiana Vieira, também se enquadra num meio das CTEM que possui uma maior proporção de mulheres. A cientista fez a sua formação em Biologia e especializou-se em Botânica, em particular no estudo de musgos. “A minha análise é sempre muito condicionada pelo facto de estar num meio muito feminino, mas se falasse [sobre o período] até ao ano de 2000, acho que havia uma dominância e uma chefia muito masculina”, declara, “agora, há imensas mulheres e muitas líderes de grupos de trabalho”.

A ecóloga Maria João Costa trabalha como investigadora no Civil Engineering Research and Innovation for Sustainability (CERIS) do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, desde 2016. Os seus temas de investigação centram-se em torno da hidrobiologia, a ecologia de águas interiores e a proteção e conservação das espécies associadas aos sistemas de água doce. “Estamos a falar de uma escola que começou por ser constituída maioritariamente por homens”, conta, “na sala do café estão expostas as fotografias de todos os diretores do centro de investigação e não há uma única mulher”.

No laboratório de hidráulica, onde trabalha, existe também uma única casa de banho, agora unissexo, mas que inicialmente era apenas para homens. “Acho que ali sente-se muito isso, de que a engenharia é para os homens”, começa por dizer, “ou sentia-se, hoje em dia não sinto tanto isso porque apesar da maior parte das equipas serem efetivamente lideradas por homens, começo a ver cada vez mais mulheres a liderar projetos e a serem professoras catedráticas”.

Maria João Costa, ecóloga e investigadora no CERIS. Fotografia cortesia da própria

Ao longo dos anos, Sílvia Barbeiro tem verificado a tendência contrária no Departamento de Matemática da UC. “Há poucos anos o departamento era um exemplo muito positivo, [porque] estava muito equilibrado em termos de género nas várias fases da carreira”, explica, “o que se vê agora é que tanto o departamento como o centro de Investigação estão a tornar-se mais masculinos”. A matemática conta que existem hoje menos mulheres a concorrer para as carreiras académicas na sua área e aponta possíveis razões. “[Isto] acontece talvez porque as mulheres são as que procuram mais uma estabilidade”, defende, “talvez a maternidade não se consiga, muitas das vezes, compatibilizar com uma carreira de investigação de alto nível ou que exija mobilidade internacional”.

A professora associada do Departamento de Matemática da UC conta ainda que num workshop organizado pelos gabinetes que gerem os projetos de investigação na instituição, foram apresentados os dados relativos ao financiamento de projetos na UC, em 2022. Os gabinetes deram conta de que 47 % dos projetos analisados eram liderados por mulheres. No entanto, esses projetos representavam apenas 17 % do orçamento total investido. “Parecia muito equilibrado, mas ao analisar o orçamento verifica-se que é um desequilíbrio enorme”, atesta.

A presidente da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas (AMONET), Ana Costa Freitas, acredita que apesar de se verificarem menos mulheres em lugares de chefia no campo das CTEM, tem-se verificado que “Portugal é dos países da União Europeia que mais tem progredido neste aspeto”. Sobre as razões que provocam esta situação, Ana Costa Freitas crê que se possa verificar, em simultâneo, a influência da discriminação de género e de problemas culturais. “Não tenho totalmente a certeza se a razão é porque não se acredita que as mulheres sejam capazes ou se também é um problema cultural”, reitera, “penso que depende dos dois lados”. “Evidentemente que é um problema cultural, mas é um problema cultural das mulheres e dos homens, ou seja, muitas vezes as mulheres também podem não querer [candidatar-se a posições de chefia] porque acham que têm mais responsabilidades em casa”, sustenta.

Ana Costa Freitas conta que sempre disse que não iria seguir Agronomia, mas quando chegou a altura de ingressar no ensino superior foi essa a área que escolheu. A presidente da AMONET é doutorada em Biotecnologia Alimentar, foi professora catedrática na Universidade de Évora e, durante oito anos, foi também a reitora da instituição. “Quando me tornei reitora, notei que a reação na cidade de Évora foi a de espanto, nomeadamente nas primeiras reuniões que tive com várias entidades da cidade”, conta, “é claro que com o tempo a coisa passa e no final dos oito anos já não sentia nada, antes pelo contrário, estive sempre muito presente na cidade e ia a quase tudo a que me convidavam”.

A conciliação entre a ciência e a vida familiar

Em fevereiro de 2019, a Fundação Francisco Manuel dos Santos publicou o estudo As mulheres em Portugal, hoje, coordenado pelos investigadores Laura Sagnier e Alex Morell, acerca da situação das mulheres no país, atendendo a temas como a atitude perante a vida, a pessoa parceira, os filhos e as filhas e o trabalho pago e não pago. O estudo concluiu, em relação ao trabalho não pago, que “as mulheres destinam mais de metade do tempo que estão em casa acordadas a fazer o trabalho não pago que resulta da casa onde vivem e do cuidado e educação dos filhos” e que a esta proporção se mantinha “quase igual estando a mulher ativa no mercado de trabalho”.

No documento, lê-se que na “execução das tarefas domésticas, as mulheres (as que têm trabalho pago e as que não o têm) suportam mais do triplo de trabalho que o companheiro” e que “a mulher efetua, em média, 74 % das tarefas domésticas, enquanto o homem com quem vive efetua, em média, 23 %”. Os autores estimam que faltem ainda entre cinco e seis gerações para que “se igualem as posições da mulher e do homem nos casais em que ambos trabalham fora de casa”. Múltiplas cientistas argumentam que este tipo de desequilíbrios podem afetar a produtividade científica das mulheres.

Cristiana Vieira acredita que, por norma, as “carreiras das mulheres têm um desaceleramento muito grande a partir do momento em que são mães, sobretudo, nos primeiros anos”, explica, “porque também há outras coisas na vida e isso é bom: é muito bom que haja outras coisas que queremos e que tenhamos que encaixar [na nossa rotina]”. A bióloga afirma, contudo, que o rendimento mental para a produção científica começa a ser mais pequeno e que situações como a falta de distribuição de tarefas podem fazer com que os homens tenham uma maior disponibilidade para trabalhar durante períodos mais longos ou que consigam ser mais produtivos.

Cristiana Vieira, bióloga e curadora das coleções do Herbário do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. Fotografia cortesia da própria

A secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, sublinha a necessidade de “estar convictos daquilo que queremos e apostar com determinação nesse percurso, [para que] seja possível encontrar oportunidades de crescimento para todos sem ter de sacrificar nenhuma vertente da nossa vida pessoal”. A investigadora reconhece que existem períodos em que a conciliação da vida profissional e a vida pessoal são mais difíceis, mas é possível existir equilíbrio. “Sou mãe, sou mulher e sou profissional e, portanto, sempre foi possível conciliar todas essas vertentes”, reitera, “naturalmente, haverá mulheres e homens que têm outras prioridades e acabam por apostar numa determinada vertente da sua vida em função de outra, mas a minha experiência é inteiramente a conciliação de todas as atividades”.

Ainda assim, a presidente do Conselho Diretivo da FCT, Madalena Alves, considera que a vida familiar das mulheres interfere de forma significativa com as suas vidas profissionais. “Tenho dois filhos e muitas vezes tive saídas, nunca deixei de sair para fora quando tinha que o fazer, para conferências e estágios, por exemplo, mas tenho a consciência de que não era uma mãe muito presente”, declara. 

A dificuldade na conciliação pode afetar também a progressão das carreiras das cientistas. Maria Gonzalez-Rey refere que os processos de progressão nas carreiras são “muito burocráticos e com muito poucas oportunidades”, podendo “forçar as mulheres a adiar a maternidade ou a simplesmente sair completamente da ciência para poder fazê-lo”. A cientista reitera que “a um homem nunca lhe perguntam como conciliar a sua carreira, seja qual for, e a educação dos seus filhos” e a “uma mulher parece que o seu único objetivo na vida será ser mãe”.

A matemática Sílvia Barbeiro realça a importância de ter em conta a ausência de produtividade científica causada por motivos de gravidez ou de maternidade. “Nos trabalhos relacionados com a organização familiar, o fardo da mulher continua a ser muito superior e isso condiciona também [a produtividade]”, atesta, “e por isso acho que é importante tê-los em conta quando se analisam os currículos, por exemplo”.

Sílvia Barbeiro, professora associada do Departamento de Matemática da UC. Fotografia cortesia da própria

Maria João Costa conta que estão a decorrer as avaliações do centro de investigação CERIS para o período 2020–2022 e a produtividade de cada investigador ou docente é avaliada por indicadores como o número de publicações, projetos de investigação, orientações, docência, entre outros. “Uma colega muito próxima foi mãe durante este período e não existe qualquer fator de correção que considere o tempo da licença de maternidade”, refere. Para além da desconsideração, a ecóloga sente que existe pressão para que as cientistas sejam “igualmente produtivas durante esta fase tão importante”.

O programa RESTART da FCT visa colmatar algumas destas dificuldades. No site da entidade, lê-se que “nos percursos de investigadoras e investigadores, e com maior incidência em investigadoras nos ciclos iniciais das suas carreiras, a parentalidade cria desafios adicionais, com impactos que vão da produção científica à gestão de equipas e projetos, até à captação de financiamento”. Desta forma, o programa vai proporcionar “financiamento competitivo de projetos individuais de I&D em todos os domínios científicos, quando realizados por investigadoras ou investigadores que tenham gozado recentemente de uma licença parental, incluindo por adoção”, lê-se também. Madalena Alves dá conta de que a iniciativa tem sido bem recebida pela comunidade científica.

Ainda pensamos em homens quando pensamos em CTEM?

Em entrevista à TSF, em 2020, a investigadora Lígia Amâncio explicava que o enviesamento de género na ciência surgiu com o seu próprio nascimento. “Se recuarmos um bocadinho no tempo, ao tempo em que a ciência nasceu, foi um tempo em que se criou essa ideia de que [as atividades científicas], como qualquer atividade remunerada, institucionalizada e com estatuto social, era ocupada por homens, visto que às mulheres cabia apenas funções domésticas”. Apesar de esta formulação de pensamento parecer já longínqua, a socióloga defende que esta forma de pensar nos acompanha até aos dias de hoje, com “pequenas modificações”. Será que ainda pensamos em homens quando pensamos em CTEM?

Cristiana Vieira não se recorda de pensar na ciência como algo masculino, sobretudo a Biologia. O liceu onde estudou quando era criança era “extremamente exigente e feminino” e “havia uma grande componente feminina nos docentes, que eram figuras muito fortes e mulheres muito boas na sua área”, reitera, “nunca me lembro de associar ciência a homens”. Maria João Costa teve uma experiência semelhante. “Quando era miúda estudei num colégio de freiras, portanto existiam muito mais mulheres do que homens, mesmo a dar as aulas”, explica, “sentia que tanto os rapazes como as raparigas eram muito estimulados a mostrarem aquilo em que eram melhores”.

Apesar de reconhecer a persistência de alguns estereótipos de género, nomeadamente através dos brinquedos que ainda são associados a meninos e meninas, Sílvia Barbeiro também não se recorda de pensar no mundo das CTEM como algo masculino. “O meu pai ofereceu-nos [a Sílvia e aos irmãos] um computador Spectrum e lembro-me que tive curiosidade de aprender a linguagem”, conta, “não me senti estranha, porque não senti que era uma brincadeira de rapazes, achei normal”.

Isabel Ferreira considera que o seu próprio percurso pessoal demonstra o facto de nunca ter associado as CTEM ao sexo masculino. “Hoje vivemos, felizmente, num país em que essa situação não se coloca e eu própria, na educação que tive e na educação que transmito dentro da minha família, a questão de género não é um fator decisivo na escolha de profissões”, assevera, “todos estaremos igualmente aptos para desempenhar qualquer função, seja ela qual for e seja a partir de que ponto do território for”.

Quando perguntavam a Raquel Alves Bento quais eram as suas disciplinas favoritas no ensino básico respondia sempre Matemática e Físico-Química. Neste momento, frequenta o 2.º ano da licenciatura em Engenharia Química, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC). “Cheguei ao fim do 11.º ano a perceber que no futuro gostaria de exercer algo relacionado com a área das ciências”, partilha, “comecei a investigar os cursos no ensino superior e quando encontrei Engenharia Química fiquei logo com um bichinho dentro de mim e só queria saber mais e mais sobre este curso”.

Recorda-se que durante a infância e a adolescência sempre a ensinaram que não havia cursos direcionados para homens nem para mulheres. “Sabia que nas CTEM havia mais homens do que mulheres, mas isso não significava que era um ‘mundo masculino’ porque tudo depende do gosto de cada um”, defende. A estudante crê que podem ainda existir pessoas que consideram que as mulheres têm menos capacidades do que os homens, mas acredita que essa mentalidade está “a mudar a cada dia que passa”.

O interesse de Fabiana Pessoa pela ciência também chegou cedo. A estudante frequenta o 3.º ano da licenciatura em Engenharia Química na FCTUC e conta que o interesse pela área surgiu quando conheceu uma professora que lhe dava explicações. Apesar de não ter crescido com uma educação que a fez pensar que o mundo das CTEM era um mundo masculino, admite ter dificuldade em identificar-se com mulheres cientistas. “Não consegui rever-me em cientistas [quando era criança], ainda hoje é difícil rever-me no papel das mulheres que são grandes cientistas”, explica, “apesar deste curso ser atualmente dominado pelo sexo feminino, quando se chega à área do trabalho não é assim tão fácil de ‘dominar’”.

A cientista Maria Gonzalez-Rey acredita que vão existir sempre diferenças entre ser uma mulher cientista ou um homem cientista. “Ainda há uma visão enviesada”, sustenta, “primeiro, das próprias capacidades e inteligência femininas: as mulheres não são nunca muito destacadas pelos meios sociais”. Além disso, “os homens continuam a ser sempre vistos como os grandes inventores, os grandes cientistas, os grandes pensadores”, argumenta, “há ainda muito poucos exemplos de mulheres cientistas bem sucedidas”.

As CTEM e a importância da representatividade: o que pensam as crianças?

Um relatório da UNESCO, intitulado Cracking the Code: Girlsand womens education in STEM, publicado em 2017, dava conta de que os meninos demonstravam uma maior preponderância para se identificarem com as áreas CTEM do que as meninas. Os redatores escreviam que esta situação era em parte provocada pelos estereótipos que eram ensinados, de forma implícita ou explícita, às crianças: a ideia de que as áreas CTEM são inerentemente masculinas e de que a capacidade das mulheres era inferior à dos homens nestas áreas científicas. 

A Cartas com Ciência é uma organização que trabalha com crianças este tipo de temas. A organização cria espaços de diálogo entre cientistas e estudantes através de conversas personalizadas e duradouras por carta, em língua portuguesa. Um dos objetivos é fazer com que cada estudante encontre o seu valor no conhecimento, na educação e na ciência. Nas iniciativas desenvolvidas, já participaram mais de 500 estudantes de mais de 19 turmas em 8 países: Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Ao Gerador, a organização explica que a menor capacidade das mulheres em áreas CTEM não é um estereótipo presente nas cartas escritas ou nos questionários que fazem aos estudantes. No entanto, verificam que é comum a associação de cientistas a indivíduos masculinos e que, nas turmas em Portugal, quando questionados sobre possíveis profissões, 45 % dos meninos versus 11 % das meninas, num total de 85 estudantes, escolhem profissões CTEM. “No início de cada programa pedimos a cada estudante que imagine uma pessoa a fazer ciência no seu local de trabalho e que desenhe o que imaginou”, descrevem, “a maioria dos desenhos é dominada por cientistas aparentemente homens, a trabalhar num laboratório, muitas vezes de bata”. 

No final do programa, a equipa repete o exercício e denota que os desenhos passam a representar um maior número de “cientistas aparentemente mulheres e em locais de trabalho que não o laboratório, como o campo ou uma biblioteca”. A organização conta também que, muitas das vezes, os estudantes “pensavam que cientistas estão sempre a trabalhar, que não têm tempo para passatempos, que têm de ser pessoas muito inteligentes e sérias e que é um trabalho enfadonho”. Já no final dos programas, as crianças percebem que “afinal cientistas também tiram férias e têm passatempos, que têm é de ser pessoas curiosas e que ser cientista pode ser uma profissão divertida”.

Eva, Matilde e Teresa são alunas do 4.º ano do ensino primário, em Coimbra. Eva gosta muito da disciplina de Inglês e de usar o programa Scratch no computador. “O Scratch dá para jogar e usar e o Inglês também é muito divertido, [porque] aprendemos novas palavras”, declara sorridente. Já Teresa prefere Expressões e a Matemática, pelos “cálculos” e porque é “uma matéria mais fácil”. Neste momento, as menina estão a aprender multiplicações, divisões, formas geométricas, frações e ângulos.

A Matilde afirma com convicção que gosta de Estudo do Meio, História e Ciências. “[Gosto] daquelas experiências que fazíamos com a professora Cristina”, diz, fazendo com que Eva se apresse a dizer que também gosta. “Fizemos um trabalho que era colocar um ovo em vinagre e fizemos experiências com balõezinhos”, contam ambas. Laura é aluna do 3.º ano na mesma escola e prefere a leitura às experiências. “Eu gosto mais de Português porque gosto de ler”, afirma.

Todas as alunas parecem concordar em como não existem disciplinas para meninos ou meninas. “Acho que nenhuma disciplina é direcionada para meninos ou para meninas, são para os dois”, explica Matilde, “ontem fomos a uma visita de estudo às Forças Armadas e viam-se muito mais meninos, mas também havia meninas”. Ainda assim, Eva e Matilde consideram que os rapazes da sua turma são, por norma, melhores e mais rápidos a fazer as fichas de avaliação em Matemática.

Para as meninas, um cientista é uma pessoa “muito inteligente” que “faz experiências” e “cálculos”. Depressa mencionam o nome de Albert Einstein, mas quando questionadas admitem não conhecer nenhuma mulher cientista e nem a fotografia de Marie Curie no ecrã do computador foi reconhecida. Apesar de não considerarem que ser cientista é algo masculino ou feminino, as meninas parecem concordar que “os meninos tendem a ser um bocadinho mais inteligentes”.

A Cartas com Ciência explica que os dados que possuem se encontram alinhados com a maioria dos estudos e relatórios que existem na matéria e mostram que “os estereótipos associados a cientistas e ao campo das CTEM estão presentes desde relativamente cedo”. Cerca de 89 % das crianças que participaram nos programas desenvolvidos conheceram um/a cientista pela primeira vez e a organização acredita que é importante “aumentar o contacto de crianças e jovens com o mundo da ciência e com quem faz ciência, no seu dia-a-dia e nos espaços que frequentam” de forma a desconstruir e mitigar os estereótipos existentes.

Em simultâneo, a organização destaca que é também necessário “aumentar a formação e a sensibilização de cientistas e instituições científicas para interagir com a sociedade de formas que não perpetuem este tipo de estereótipos e que, de preferência, os desconstruam”. Salientam ainda que “para desenvolver e implementar iniciativas deste tipo será necessário também que se criem oportunidades de financiamento”, sustentam, “a equipa da Cartas com Ciências ainda é 100 % voluntária, mas para se desenvolver trabalho de uma forma sustentável e com impacto a longo prazo é fundamental que se possa profissionalizar este tipo de atividades”.

Através das iniciativas e programas que desenvolvem, a Cartas com a Ciência espera aproximar estudantes e cientistas de forma a cumprir a missão de “motivar as crianças a sentirem que também elas podem ser cientistas, pois afinal também têm coisas em comum”. 

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