A casa onde Fialho de Almeida viveu na vila alentejana de Cuba foi requalificada e abriu na segunda-feira, dia 10, como museu literário, dedicado à vida e obra do escritor e com um espaço para residência temporária de artistas.
A antiga habitação, situada no centro da vila de Cuba, no distrito de Beja, e onde o escritor viveu durante 18 anos, foi requalificada e adaptada pelo município, num investimento de cerca de um milhão de euros, e vai ser inaugurada e abrir portas ao público como Museu Literário "Casa Fialho de Almeida", na segunda-feira, numa cerimónia que teve início às 17h30.
Segundo o município, a casa — que está classificada como monumento de interesse público — foi adaptada a museu "com o intuito de devolver à memória coletiva" a vida e a obra do escritor e "o seu importante contributo para a literatura portuguesa".
O presidente da Câmara de Cuba, João Português, disse à agência Lusa que a abertura ao público da casa como museu é "externamente importante" para o município e "uma aspiração há muito desejada pelos ‘fialhófilos' e pela população do concelho".
Fialho de Almeida tem sido homenageado através de várias iniciativas, mas o município está "convicto" de que "a consagração maior será obtida com a perpetuação da obra do escritor, através do seu estudo", e para poder "influenciar os trabalhos de artistas modernos".
Para tal, frisou, foi "necessário criar um espaço físico onde o estudo da obra" de Fialho de Almeida possa ser desenvolvido e a casa onde o escritor viveu é o "centro natural".
A criação do museu dedicado a Fialho de Almeida vai dar ao escritor "a importância merecida" e permitiu criar na vila de Cuba "um espaço de cultura importante", sublinhou.
Segundo a autarquia, o museu assenta em três espaços distintos e vai servir para divulgar a vida e a obra de Fialho de Almeida e promover a produção e a apresentação artísticas.
Na antiga área de habitação, há um espaço museológico dedicado às várias esferas da vida pessoal e profissional de Fialho de Almeida.
Nos casões adjacentes à casa e que serviam para atividade agrícola, "o foco vai para a ruralidade e a etnografia", que são "temas recorrentes" na escrita de Fialho de Almeida e refletem a "visão sociológica, antropológica e etnográfica" que tinha do Alentejo.
No quintal, foi reabilitada uma antiga e pequena adega típica onde se produzia vinho de talha e que permanece com a designação de "País das Uvas", o título de um dos livros de Fialho de Almeida.
O museu tem ainda um espaço reservado para a residência temporária de artistas com o objetivo de desenvolverem obras artísticas.
O projeto foi co-financiado em 85% por fundos comunitários e em 15% por verbas da câmara.
Fialho de Almeida, escritor, jornalista, crítico e panfletário, viveu na casa na rua João Vaz, na vila de Cuba, entre 1893, após ter casado com uma proprietária rural da região, Emília Augusta Garcia Pêgo, e 1911, quando morreu.
Segundo o município, a obra de Fialho de Almeida, que "se pretende eternizar" através do museu, "desempenhou um papel importantíssimo no panorama literário de transição do século XIX para o século XX".
A "presença" de Fialho de Almeida "é notada" em obras de vários escritores portugueses, que "a ele foram beber", como Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa), José Saramago, Almada Negreiros, Raul Brandão, Teixeira de Pascoaes e Manuel da Fonseca.