A decorrer até amanhã, dia 13 de outubro, a ModaLisboa fez das antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento do Exército a sua casa para esta edição. Muda-se, assim, do Pavilhão Carlos Lopes para as imediações do Castelo de São Jorge e concilia o melhor do design de moda com espaços icónicos - muitas vezes desconhecidos do público em geral - da cidade de Lisboa.
Mudar de ares não é necessariamente mudar a essência - quem o diz é Joana Jorge, diretora de projeto. "A moda está sempre em mudança", explica, e "procuramos constantemente novos desafios, queremos criar novas experiências ao público e desafiar-nos a nós próprios".
Dar a conhecer a cidade de Lisboa "faz parte do ADN da ModaLisboa" e é precisamente nesse sentido que "o projeto é sempre pensado em várias frentes". "Encaramos a moda como uma área agregadora de ideias e linguagens, e desenhamos os espaços e o calendário com isso em mente", conta ao Gerador.
Joana explica que o termo Collective, que serve de motor a esta edição, fala "de coletivo e de pertença" e que essa ideia se alinhou com a noção "todos por um" do exército - conceito que se estende não só à casa-mãe deste ModaLisboa, mas também à decoração do mesmo.
"Ao longo de vários anos de projeto e de várias localizações na cidade, falámos de moda na atualidade, forma como está a ser pensada e como deveria ser conversada. Ter vozes diferentes é essencial para avançar", explica. Além das antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, o evento tem momentos de apresentação no Palácio Sinel de Cordes e até no Mercado de Santa Clara, que acrescentam, segundo a diretora de projeto, uma "multiplicidade de perspetivas".
"Quando trabalhamos novos espaços, tentamos encontrar a melhor relação entre a natureza de um espaço e a linguagem de um designer", explica exemplificando com o desfile de Carolina Machado, que decorre no Panteão Nacional, e a apresentação e exposição de Olga Noronha, no Coletivo 284.
Quando questionada sobre a influência que um espaço pode ter na percepção e memória que se tem de um desfile, Joana Jorge não deixa margem para dúvidas. "Ainda me lembro das primeiras edições da ModaLisboa a que fui, quando estava a estudar Design de Moda na Faculdade de Arquitetura de Lisboa. À entrada de uma edição na Cordoaria Nacional, a adrenalina do evento e o ambiente que se gerava na sala, em ligação com as coleções que vi, marcaram-me até hoje", relembra.
"A localização e o set design que enquadram um desfile complementam a nossa percepção e a leitura que fazemos de uma coleção. É por isso que é tão importante (e entusiasmante) que estes elementos dialoguem", conclui.