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Quando uma nuvem verde e uma Árvore Branca sobem a palco, desarrumam estereótipos

Há uma série de histórias de infância que começam com “Era uma vez” e esta…

Texto de Carolina Franco

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Há uma série de histórias de infância que começam com “Era uma vez” e esta não é excepção. “Era uma vez uma nuvem verde, uma árvore branca e uma aldeia vermelha de espanto”. Uma coisa é certa: não é um “Era uma vez” como os outros. A Árvore Branca, peça da Plataforma285 com encenação e interpretação de Raimundo Cosme, estreia no dia 7 de fevereiro no LU.CA - Teatro Luís de Camões, onde se mantém até ao dia 16 de fevereiro, e dá a ver um mundo composto por vários mundos, onde só não cabe o normativo.

A Árvore Branca é, como o próprio encenador deixa claro, “um projeto de criação conjunta”. Da encenação de Raimundo Cosme à cenografia de Gonçalo Viana, ao design de luz de Sara Garrinhas à sonoplastia de Van Ayres e à direção de produção de Raquel Bravo, todas as peças se vão interligando e dão corpo a um espetáculo que logo se percebe que é feito a várias mãos. Começando pelo princípio de tudo, A Árvore Branca partiu do livro TROCA-TINTAS, do ilustrador Gonçalo Viana, e foi uma prolongação de uma relação próxima de trabalho entre Cosme e Viana.

À terceira vez que pensam o teatro juntos - já tinham feito Parece um Pássaro (2015) e Os Livros do Rei (2018) - a cumplicidade entre a literatura infantil e a encenação rapidamente passam para o lado de cá do palco, como se viverem juntas fizesse ainda mais sentido. "O Gonçalo contou-me esta ideia em 2018 quando estávamos a fazer outro espetáculo. O livro ainda nem sequer estava terminado e a minha reação foi logo “vamos fazer” “, explica Raimundo Cosme ao Gerador.

Através de cenários que questionam constantemente o que é normativo, quais são os limites do “normal” e até que ponto pode ir a aceitação, Raimundo Cosme dialoga com um público entre os 3 e os 6 anos enquanto desarruma os estereótipos que possam começar a existir.

O mundo a verde e branco é, na verdade, um mundo repleto de cores ©Alípio Padilha

"Para mim é muito importante pensar na responsabilidade que o teatro tem e que, nomeadamente, os teatros para a infância têm. Nesse sentido, este mundo é um bocadinho verde e branco; as coisas têm de ser de uma forma ou de outra, têm uma série de regras quando se começam a pôr questões sobre tudo. E estamos mesmo numa época em que se começa a questionar as coisas, e eu acredito que nenhuma relação estabelecida tem de ser só uma relação estabelecida, mas pode ser questionada com o mundo em geral”, conta o encenador.

Graças às co-produções como a desta peça - com o LU.CA (Lisboa), a Oficina (Guimarães), e o Centro de Artes do Espetáculo de Sever do Vouga - e a uma rede de parceiros, os espetáculos para a infância da Plataforma285 tem conseguido circular pelo país.

"Nós já corremos Portugal e é muito giro ir com espetáculos para esta faixa etária pelo país inteiro porque conseguimos ter acesso à realidade portuguesa, do país português. Às vezes estamos aqui um bocado fechados na bolha artística lisboeta, que é um problema, e quando andamos para um espetáculo para tantos sítios e vemos o impacto que algumas ideias têm, os espetáculos acabam por se legitimar.”

O livro TROCA-TINTAS foi editado pela Orpheu Negro

Num ensaio na Biblioteca de Marvila, Raimundo Cosme conta que A Árvore Branca é o primeiro projeto do plano bianual que a Plataforma285 e foi considerado “elegível sem subsídio”. Estava assegurado “graças às co-produções” e o espaço de ensaio, o auditório da biblioteca, surgiu quando começaram a pensar nas necessidades de cada espetáculo, a médio e longo prazo.

“Como temos que pensar em tudo (para os concursos da DGArtes), tivemos de pensar em espaços de ensaio para todos os projetos. Aqui na Biblioteca de Marvila têm uma lógica muito interessante, porque sendo um espaço municipal o objetivo não é aluga-lo, mas cede-lo a associações que estão sediadas cá, com uma lógica de troca para a comunidade. Então, eles iam fazer o esforço de ter os miúdos a ver o espetáculo lá no LU.CA e, se não conseguissem, nós faríamos um ensaio aberto aqui com um ateliê”, contextualiza.

Com ou sem apoios de concursos, Raimundo Cosme olha para o espaço que o teatro para a infância ocupa em Portugal com alguma esperança: “as pessoas estão cada vez mais sensibilizadas e receptivas para isso”, sublinha. “A nossa experiência de circulação diz que há imensos casos de sucesso. Eu acho que há imenso espaço para o teatro para a infância, mas também há imensa necessidade de que este exista. E isso dá-me muita esperança.”

A Árvore Branca estreia no dia 7 de fevereiro, sexta-feira, no LU.CA - Teatro Luís de Camões, em Lisboa, e tem diferentes tipos de sessões a que podes ir assistir, que podes consultar aqui. Entre os dias 5 e 16 de fevereiro é possível também visitar “Ora bolas!”, a exposição que funciona como extensão da peça A Árvore Branca e do livro original TROCA-TINTAS, cujo lançamento está marcado para o dia 8 de fevereiro às 17h30 com a promessa de “autógrafos de todas as cores e um apetitoso lanche de fim de tarde".

Texto de Carolina Franco
Fotografia de ©Alípio Padilha
O LU.CA é parceiro do Gerador

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