Mesclado por João Tamura
A mescla desta semana é obra de João Tamura. Estas escolhas são uma bonita homenagem às músicas fundamentais da nossa língua. Descobre aqui:
Ornatos Violeta – Para Nunca Mais Mentir
Sempre considerei Manel Cruz um poeta e é, claramente, um dos meus artistas de eleição. Se escrevo música é, em parte, pela influência e pelo peso que a sua música e as suas palavras em mim tiveram. Ornatos e, sobretudo, O Monstro Precisa de Amigos, acompanharam-me durante toda a adolescência. Para Nunca Mais Mentir é uma canção belíssima.
Sam The Kid – Hereditário
Canção do Sam que mais vezes repeti. Para mim, a mais pessoal, a mais interior. Também é a canção que encerra Pratica(mente), o terceiro álbum de Sam The Kid e um dos meus álbuns favoritos de Rap português.
José Mário Branco – FMI
Das canções que mais vezes o meu pai punha a tocar, em casa, quando eu era mais garoto, e me "obrigava" a escutar. Um poema gigante, poderoso, arrepiante.
Foge, Foge Bandido – Ninguém é Quem Queria Ser
Outra do Manel que, até hoje, repito incessantemente.
Valete – Nada a Perder
Um retrato da Lisboa suburbana. Na minha adolescência sentia cada palavra do Valete nesta canção. Faz parte do Educação Visual, álbum de estreia do Valete que, a par do Pratica(mente), do Sam, é dos meus álbuns favoritos de Rap português.
Linda Martini – Partir Para Ficar
Canção que sampla FMI, de José Mário Branco – que também figura nesta lista. Reinventa o original, já belíssimo, de forma sublime.
Ikonoklasta – Bonito Planeta: Ninguém em Casa
Canção e letra poderosíssimas de um dos artistas que mais escutei, na minha vida. Admiro muito o Luaty e acho que nunca teve o espaço que merecia, enquanto rapper. A canção faz parte do Poesia Urbana Vol. 1 - aquela que é, para mim, a melhor e mais completa compilação de Rap português.
Carlos Paredes – Verdes Anos
Outra das canções que me lembro de ouvir tocar em casa, quando criança. É banda sonora, também, do filme com o mesmo nome, de Paulo Rocha, de que gosto muito e que revi várias vezes ao longo da vida. Retratos de uma Lisboa já desaparecida.
J-One, Uno, Necxo, Osiris e Sara Correia - Pathos
Tive a sorte de, ao crescer, ter muitos amigos que também faziam música, como eu. Repeti tantas vezes esta canção… Sinto-a muito, orgulho-me dela. Na altura fiquei lixado por não me terem convidado para escrever e cantar, com eles. Tenho, várias vezes, saudades desses tempos.
Sara Tavares – Dam Bô
Em Crioulo de Cabo-Verde, mas acho que também cabe aqui, nesta lista. Houve uma altura da minha vida em que escutava muito Sara Tavares. Esta é, para mim, das canções mais bonitas da sua autoria.
Foto de Francisco Gomes