O mês de Maio é também o Dia da Mãe. Nunca assinalei esta data antes de ser efetivamente mãe (e perdão à minha pelas vezes que não o fiz, com a desculpa de que é uma invenção com fins comerciais, que também o é). Há muito, demasiado, a ser falado sobre a maternidade. Para mim, tem sido sobretudo uma viagem estonteante entre preocupações sufocantes, alegrias surpreendentes e uma mudança brusca nas leis da física, pois de repente sinto que o peso da minha existência triplicou.
Provavelmente partilho este sentimento com a maior parte das mães, mas, o que talvez não partilhe, é este desafio em particular: manter o equilíbrio entre o pânico causado pela informação a mais, e a garantia que sei o suficiente para que o meu filho esteja bem. Por um lado, sinto que sou constantemente bombardeada com informação sobre as escolhas certas. Apesar de, na verdade, cada vez que tomo uma decisão, vir a saber, passado algum tempo, e mais um quanto de informação apreendida, que essa escolha não é consensual e que na verdade ninguém se entende (chupeta ou não chupeta, bebegel ou não bebegel, benuron ou não benuron, co-sleeping ou não co-sleeping, treino de sono ou não treino de sono). Por outro lado, também sei que informação é poder e que devemos saber o mínimo para garantir o bem-estar das crianças, seja em relação à alimentação, higiene, e tantas outras coisas.
E é neste estado mental que me deparo com uma das questões que mais me gera ansiedade enquanto cuidadora: os químicos a que somos expostos no dia a dia. Os produtos químicos usados na produção alimentar, nos produtos de limpeza, higiene e nos brinquedos parecem-me a mim tão omnipresentes que, cada vez que leio um pouco sobre as suas consequências (ou vejo sem querer uma publicação sobre isso algures), o meu coração começa a bater mais rápido e a minha respiração torna-se mais difícil. Sei bem de onde vem esta reação: o assunto parece tão maior do que eu, que me provoca a sensação de perda de controlo e, logo, de incapacidade de proteger o meu filho.
Mas como informação é poder, obrigo-me a conhecer algumas estratégias (utilizo sobretudo os dados do projeto QuímicosZERO em https://quimicos.zero.ong/). E assim, para aqueles corajosos que enfrentam esta questão de peito aberto, mas também para aqueles que a enfrentam a medo, aqui vão algumas dicas:
- Utilizar produtos o menos possível em bebés e crianças pequenas e, quando usar, procurar artigos específicos para a faixa etária, de qualidade, com poucos ingredientes, e certificados com rótulos ecológicos abrangentes, como o Rótulo Ecológico Europeu, o Blue Angel ou o Nordic Swan;
- Evitar ao máximo produtos que contenham potenciais desreguladores endócrinos, como parabenos, antioxidantes do tipo BHT e BHA, perfumes e fragâncias;
- Preferir fraldas reutilizáveis feitas de algodão, se possível, orgânico;
- No caso das fraldas descartáveis, procurar adquirir aquelas certificadas com o rótulo ecológico europeu, pois não podem conter fragrâncias, devem ser apenas de algodão orgânico, o uso de formaldeído e de ftalatos é restricto e os corantes e tintas não podem ser usados em partes da fralda que estejam diretamente em contacto com a pele do bebé;
- Usar o mínimo de toalhitas possível, sendo que devemos escolher um artigo sem fragrâncias, sem fenoxietanol e sem parabenos;
- Evitar protetores solares à base de filtros químicos, e, no caso de bloqueadores minerais, verificar que que não estão presentes no formato nano (provenientes de nanotecnologia) e que não contêm dióxido de titânio (procure a referência CI 77891) pois é uma substância potencialmente cancerígena;
- Evitar os dentífricos fluoretados para crianças com menos de 3 anos. Depois dos 3 anos, devemos optar por um dentífrico com baixa dosagem de flúor (até 500ppm). Procurar sempre os dentífricos biológicos certificados.
- Não comprar brinquedos com cheiros intensos a perfume ou que sejam pegajosos ao toque. Preferencialmente, os brinquedos devem ser feitos de materiais naturais (madeira, algodão), sem cor, sem elementos eletrónicos e sem plásticos.
Talvez se cumprisse todas estas diretivas (iniciei o processo, mas está longe de ser rotineiro), a minha ansiedade diminuísse. Mas por enquanto ponho este item no saco sem fundo das preocupações maternais, e aceitar que todas fazemos o melhor que sabemos, na esperança de que tudo corra bem.
-Sobre Laura Bastos-
Laura Bastos é licenciada em Jornalismo e doutorada em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra. Colabora como voluntária com a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável desde Setembro de 2022.