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Alfa-Flor: uma marca sustentável que olha de perto a natureza

Tudo começou por um casulo que, com a paciência de quem respeita os ritmos naturais…

Texto de Ana Mendes

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Tudo começou por um casulo que, com a paciência de quem respeita os ritmos naturais do mundo, se transformou numa borboleta dinâmica e conhecedora dos jardins por onde passa. Esta aproximação à natureza e a tudo o que nos rodeia, é uma variável cada vez mais presente na rotina dos que procuram encontrar o equilíbrio de viver de forma saudável e sustentável.

Assim é o projeto da Alfa-Flor, que surge dessa vontade de cuidar do corpo e do espírito, unificando o saber ancestral e o respeito pelo planeta. Pelas mãos cuidadosas de Inês Condé Blanco, criadora da marca Alfa-Flor, nasceu a ideia de transmitir, através do projeto, que é possível viver em harmonia com a natureza. Com esta premissa, começou uma gama de produtos da Casa & Jardim d’Alfa-Flor, caracterizados pela simplicidade e sustentabilidade no seu processo de produção.

A Alfa-Flor é uma marca que caminha lado a lado com a natureza, através dos seus produtos de origem natural

Aventais, lenços, mantas, cremes, estojos e blocos, são alguns dos produtos da Alfa-Flor, que promovem a valorização de um consumismo lento e sustentável, a par com a cooperação com os artesãos e produtores locais. Há também uma vertente educacional, orientada para a apresentação de alternativas mais sustentáveis, com a utilização de matérias-primas naturais nos produtos que, habitualmente, se encontram pela casa.

O Gerador falou com Inês Condé Blanco sobre a origem da Alfa-Flor. Em conversa sobre as várias dimensões do projeto, abordámos a sustentabilidade aplicada nos produtos, e como podem as ações humanas, para com a natureza, transformar-nos e transformar o mundo.

Gerador (G.) - Sobre a origem d’Alfa-Flor, como surgiu a ideia da criação do projeto?
Inês Blanco (I. B.) -Alfa-Flor, nasceu de uma ideia resultante de um profundo desejo, de uma experiência, de um saber-fazer, de um conhecimento ancestral. No fundo, surgiu da sintonia entre o meu percurso interior e a necessidade de ter um trabalho onde pudesse explorar as minhas capacidades e dons. Ao adquirir uma nova visão das coisas, da relação com a natureza e das inter-relações, vou delineando e realizando os produtos d’Alfa-Flor. Muitas vezes, por tentativa e erro. É sempre um processo de transmutação que se inicia de dentro para fora.

O nome não veio logo à primeira! Para chegar à síntese foi necessário um trabalho de discernimento. Lembro-me muito bem da tarde em que comecei a pensar e a desenhar qual o nome para o projeto. A primeira palavra foi “alfazema”, por considerá-la a “rainha das ervas aromáticas”. Foi com ela que comecei a fazer as primeiras experiências. A partir daí, comecei a pesquisar, e como queria trabalhar através das ervas e flores achei que o nome tinha de estar relacionado com ambas. Então, a segunda palavra que escolhi foi “flor”, por representar todas as flores. Assim, nasceu o nome Alfa-Flor.

À equipa do projeto chamo “os amigos d’Alfa-Flor”, porque é essa a realidade. São pessoas que se aproximaram d’Alfa-Flor por se identificarem com as suas características essenciais e distintivas, ou simplesmente porque sentem que a Alfa-Flor aponta um caminho!

Os aventais de jardim, utilizados na colheita dos produtos, são parte do catálogo Alfa-Flor

G. – O nome do projeto Alfa-Flor acaba por espelhar todos esses elementos naturais. O que simbolizam para si e para a essência da marca?
I. B. – Alfa simboliza o início, em astronomia é a estrela principal de uma constelação. A Flor simboliza o processo, o “coração fechado”, o qual, após desenvolver as virtudes, se abre e apresenta a sua essência, a sua beleza. É o símbolo da harmonia cósmica. Já a borboleta é o selo de uma marca dinâmica, criadora, alternativa, sustentável, simples e alegre.  

No plano de uma consciência inteligente, Alfa é a mente quântica, a mente subconsciente, onde reside um poder ilimitado. O traço é o processo de aprendizagem e a Flor é o Amor Universal, o Absoluto, Deus.

G. - Fale-nos desses valores e dimensões da marca, que assentam na sustentabilidade e simplicidade de viver o presente.
I. B. - A questão está no sentir e na falta de saber. É preciso aprender a discernir, isto é, conseguir distinguir de modo claro, através dos sentidos, o que é melhor para nós, para a natureza e para tudo o que nos rodeia. É o tal caminho de autoconhecimento, conhecer-se, perceber o que é melhor para o seu corpo e para a sua Casa. Depois, ter vontade de mudar, que pode passar por voltar a dar importância a rituais diários.

Por exemplo, apesar de ter água canalizada, prefiro ir à fonte, onde a água é muito pura. No início, tinha que pensar como encaixar no meu dia a ida à fonte. Mais tarde, já fazia parte do meu ritual diário, como lavar os dentes! A escolha é sempre nossa e depende do nosso “olhar” para a realidade e para as coisas. Ao ir buscar água à fonte, valorizo e agradeço por termos ali uma água tão fresca e pura ao nosso dispor.   

A preservação da natureza e o respeito pelos ritmos da Terra são dois dos pilares do projeto

G. - Que conhecimento ancestral é esse, e de que forma guia o crescimento da Alfa-Flor?
I. B. - O conceito d’Alfa-Flor não é inovador, mas antigo. No que o antigo tem de melhor, no que foi renovado porque está bem com está, a essência. É o regresso às raízes, à Mãe Terra, ou seja, existe uma ruptura na transmissão dos saberes. Se, anteriormente, o “verdadeiro” conhecimento sobre as coisas do passado estava na posse dos “mais antigos”, estes deixaram de transmitir o que lhes chegou de pais e avós, não valorizando importantes saberes que desapareceram no silêncio.

Repare, faço desde sempre um bolo de laranja, extremamente simples, mas muito apreciado pelos meus filhos e amigos. A receita é básica, contudo, fui percebendo que para fazer bem o bolo de laranja, não chegava fazer só o que estava lá escrito no livro de receitas. Se ficasse só pela receita não saía o magnífico bolo de laranja. Tinha de acrescentar o tal saber antigo, aquela ou aquelas palavras “chave” que a minha avó materna ia dizendo enquanto fazia o bolo. É a este conhecimento que me refiro, entrelaçar o conhecimento empírico, muitas vezes transmitido pelos nossos antepassados, com o conhecimento científico.

G. - Em termos de produtos, o que podemos encontrar, de forma geral, na Alfa-Flor? Quais foram os primeiros produtos a serem criados?
I. B. - Uma parafernália de produtos! Desde um avental para transportar as colheitas do que cultivei no jardim ou em vasos no parapeito das janelas, ou um creme que tanto dá para as mãos, pés e madeiras, ou uma manta que serve para o jardim ou para me aconchegar no sofá acompanhada de um saquinho de bolachas de alfazema, ou tomar uma essência floral para o meu autodesenvolvimento.Mas os primeiros produtos a serem criados foram os da linha jardim: os aventais, os lenços para a cabeça, as mantas, os estojos escola/jardim, os blocos artesanais, as latas de conserva a servirem de vasos e os sacos em tecido.

As matérias-primas são naturais, existindo uma relação direta com os produtores e artesãos locais

G. - Que princípios aplicam na escolha das matérias-primas, do processo de transformação e construção desses produtos?
I. B. - Optamos sempre por matérias-primas naturais. E, sempre que possível, conhecer quem as produz ou como as trabalha. Estou a lembrar-me, por exemplo, da cera de abelha que utilizo na elaboração dos cremes. Sei que o Pedro, que é apicultor, faz o seu trabalho com grande sabedoria e respeito pelas as abelhas.

G. - De que forma se relacionam com os comércios locais, artesãos, fábricas?
I. B. - De uma forma atenta, interessada e por vezes até curiosa. Nesta fase, temos uma parceria com a Baldufa Artesanato e Memória, que representa os brinquedos tradicionais portugueses, alguns desses brinquedos no site d’Alfa-Flor.

G. - Há uma preocupação em, para além de adquirir produtos sustentáveis, fazer o consumidor reflectir sobre o seu uso.
I. B. - Sim, a Alfa-Flor aprende e ensina a criar alternativas aos produtos que habitualmente temos em casa. Concebemos uma pedagogia acompanhada de uma prática que nos coloca em sintonia com a nossa Casa Comum, que reivindica a nossa atenção e a nossa mudança de rumo. Numa só palavra, consciencialização.

G. - A procura de uma proximidade com a natureza, a aromaterapia, a biocosmética, são algumas áreas aplicadas no saber da marca. Fale-nos sobre os benefícios destas dimensões e como as transportam para os produtos d’Alfa-Flor.
I. B. - A primeira dimensão é, quando o consumidor resolver comprar um floral, um creme corporal, ou um sabão da casa, estará mais lúcido e informado sobre aquilo que lhe faz bem a si e ao ambiente. Atualmente, são muitas as pessoas que vivem distantes da natureza não só no aspeto físico, mas também na mente e no coração. Os Florais são um bom exemplo para reconduzir a pessoa à natureza e proporcionar aquilo que é mais necessário, a nutrição dos sistemas com a pura força vital da natureza. As essências das flores (os Florais) produzem a renovação da energia positiva, o relaxamento e o bem-estar.

A Alfa-Flor procura divulgar os produtos naturais como alternativas mais sustentáveis

O creme corporal, com os seus óleos essenciais e vegetais, o azeite virgem extra, o hidrolato e a cera de abelha vão hidratar, proteger a pele e, pela absorção, o organismo beneficia disso. Outro exemplo é o sabão da casa, também feito de óleos vegetais e essenciais. Pode ser aplicado no banho, na cozinha para lavar as mãos e a loiça, e ainda no tanque para lavar aquelas peças de roupa que não vão à máquina. É eficaz para a higiene íntima da mulher. E importa saber, como a pele é o maior órgão do nosso corpo, sendo um tecido vivo e permeável, vai absorver grande parte do que lhe é aplicado e passa, posteriormente, para a circulação sanguínea e linfática.

G. - Uma mensagem para os leitores que queiram apostar em opções mais sustentáveis, como produtos de origem natural.
I. B. - Ao usar produtos naturais irá sentir a satisfação de estar a fazer bem ao corpo, mente e espírito, e o seu melhor pelo pequeno pedaço de mundo. Talvez lhe pareça difícil, e com pouco impacto a grande escala, mas imagine que todos assumiam um compromisso semelhante, pouco a pouco se fazem grandes coisas.

Texto de Ana Mendes
Fotografias de Tomás Toscano e Pico Azeredo

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