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Cláudia Camacho: “Quanto mais rica for a mente de um perfumista, mais especiais serão os seus perfumes”

Cítricos, aromáticos, amadeirados ou adocicados, com a capacidade de fazer parte da construção da identidade de alguém e com o poder de desencadear memórias, os perfumes são frequentemente utilizados por milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, surge a questão: como são feitos ou o que simbolizam?

Texto de Redação

© Diana Quintela

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O Gerador conversou com Cláudia Camacho, perfumista de profissão e que tem desde os tempos de infância grande apreço pela área, tendo sido “alimentado por quem e pelo que me rodeava”.

A produção fora do ateliê

O ateliê é o sítio principal da criação de um perfume, mas não é aí que o trabalho começa. Cada fragrância tem a sua história, a sua identidade, e, por isso mesmo, existe um trabalho, que, segundo Cláudia Camacho, “é um conjunto de experiências, memórias, sensações que ali [no cérebro] estão armazenadas”, o que faz com que exista um trabalho além do que acontece no ateliê, que para si “já é a parte de laboratório, a parte química”, que averigua se, de facto, um perfume resulta bem ou não.

“Tem de haver uma história de fundo. Nunca criei nada através da experimentação pela experimentação”, explica a perfumista. A sua experiência na área da Arte Contemporânea, em que trabalhou 20 anos, leva-a a crer que é necessário que “o perfume consiga contar uma história”. Na sua perspetiva, é essencial que um perfumista tenha uma mente rica, pois “quanto mais rica for a mente de um perfumista, mais especiais serão os seus perfumes”, remata.

A produção no ateliê

Antes do produto final, existe um trabalho de pesquisa e de elaboração de uma fragrância que cada perfumista faz. Cláudia Camacho explica que cada trabalhador da área tem a sua forma de criar os perfumes, mas existem pontos que são comuns a todos, começando por um olfato curioso. “Cheiro tudo. Cheiro comida, livros, objetos, flores, plantas, lixo, revistas. Tudo passa a ser motivo de investigação olfativa”, explica Cláudia Camacho, relevando que “a perfumaria é todo um conjunto de outras áreas de saber”, sendo importante ainda reservar tempo para investigação sobre outros tipos de conhecimento, de forma a procurar inspiração para os seus projetos perfumísticos.

Nos dias em que está no seu ateliê, a perfumista explica que não usa perfume, pois, para si, “o nariz tem de estar o mais limpo possível”. Pela mesma razão, faz diversas pausas ao longo do dia, e evita estar muito tempo seguido a cheirar as matérias-primas, de forma a descansar o olfato. O estado emocional de uma perfumista é ainda relevante, segundo Cláudia Camacho, “não consigo criar seja o que for estando stressada, preciso que a mente esteja também ela limpa, procuro ter uma vida leve”, diz. 

Cláudia Camacho © Tiago Cação

Produto feito: perfume à base de produtos naturais e sintéticos

Entre perfumes sintéticos e de produtos naturais, existe uma grande diferença. Segundo Cláudia Camacho, a utilização de perfumes naturais “seria uma catástrofe ambiental se fosse o futuro”, visto que seriam necessárias grandes quantidades de produtos naturais para fazer uma pequena quantidade de perfume, o que aos olhos da perfumista “levaria ao fim da biodiversidade”. “A perfumaria de nicho pode dar-se ao luxo de usar matérias-primas naturais porque trabalha com poucas unidades”, explica Cláudia Camacho, mas no caso de marcas com maior escala da área existe uma grande aposta no sintético, visto que “a matéria-prima natural é cara, muito cara e são perfumes exclusivos”.

Produto feito: a recetividade

Quando questionada sobre a perceção dos perfumes que são mais cobiçados no mercado, Cláudia Camacho explica que “as pessoas adoram perfumes frescos (cítricos) e doces”, mas cada vez mais “um grande número de pessoas que não quer cheirar ao mesmo que outras 500 mil pessoas em todo o mundo”.

Assim, aos olhos da perfumista torna-se importante que uma boa fragrância “seja intemporal, assim como um bom vinho, um perfume que saiba envelhecer, e assim como uma boa música, um perfume que nos eleve, que nos faça voar”, remata.

 Texto de Marta Jesus

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