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“Encontro Mutante” decorre em Paredes de Coura de 14 a 16 de abril

A promoção do debate e a produção de conhecimento em torno da inclusão social pela arte e pela cultura é o tema e a prioridade definida pelas Comédias do Minho, promotora do evento, para os três dias do Encontro. As atividades programadas vão realizar-se no Centro Cultural de Paredes de Coura.

Texto de Débora Cruz

Apresentação final das Oficinas de Continuidade do Projeto Mutantes, no município de Monção (Cineteatro João Verde), em maio de 2022. Fotografia de Paulo Pinto

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Mutar para prosseguir, Escutar para despertar, Pensar para qualificar e Partilhar para aprender são os eixos que estruturam as atividades programadas para os três dias do Encontro Mutante — O mundo como sala de aula: trilhando caminhos, construindo cidadania com arte. No comunicado, lê-se que o evento visa “promover diálogos com pessoas de distintas pertenças regionais, culturais, artísticas e profissionais, potenciando distintos olhares sobre a realidade”.

O Encontro representa o culminar do Projeto Mutantes, realizado pelas Comédias do Minho, entre 2021 e 2023, nos dez municípios do Alto Minho. Os adolescentes foram o centro da atenção da iniciativa e em conjunto com artistas-educadores exploraram a “noção de identidade, individual e coletiva, como um processo em permanente construção”, ao mesmo tempo que foram construídos "lugares, dentro e fora de cada um/uma, para mais vozes se expressarem e serem escutadas”, lê-se também.

Os quatro eixos que estruturam o Encontro constituem uma tentativa de interligar diferentes perspetivas e os protagonistas do projeto, visto que só quando “tudo isto está ligado, é que pode ser verdadeiramente consequente”, defende Magda Henriques, diretora artística das Comédias do Minho. “[Os quatro eixos] são uma espécie de visão caleidoscópica sobre um território, sobre a arte, sobre a educação e sobre um país que desejamos menos desigual”, reitera, “e por isso envolvemos tantas vozes diversificadas”.

No eixo Mutar para prosseguir, estão inseridas oficinas com adolescentes e laboratórios promovidos pela associação A3S, que acompanhou e dotou o Projeto Mutantes de mecanismos de monitorização e avaliação externa. O eixo visa promover “reflexões cruzadas sobre o Projeto Mutantes por parte dos vários participantes: artistas, público, agentes escolares, agentes culturais”, lê-se no comunicado. 

Já o eixo Escutar para despertar inclui duas conferências: Não te esqueças de viver: a utilidade do inútil, com os convidados Pedro Cabrita Reis e Sara Antónia Matos, e Empurrar o mundo: um imaginário para além da catástrofe, com Jorge Andrade e Teresa Castro. Os temas foram escolhidos por Magda Henriques e Luísa Veloso, investigadora no ISCTE e membro da associação A3S. “[Os temas] foram motes que nos pareceram fundamentais e muito importantes também para abrir o mundo e a conversa entre todos nós”, explica a diretora artística das Comédias do Minho.

Partilhar para aprender é um eixo que convida artistas a partilharem os seus projetos de inclusão social pela arte e pela cultura. No dia 14 de abril, Madalena Vitorino, Vito Gil Delgado e Ondamarela sobem ao palco do Centro Cultural de Paredes de Coura e, no dia 15 de abril,  é a vez de Cláudia Dias, Maria de Assis e Melissa Rodrigues contarem as suas experiências. No último dia do evento, os representantes dos dez municípios do Alto Minho que participaram no Mutantes reúnem-se para uma mesa-redonda, inserida no eixo Pensar para qualificar, para partilharem as suas visões sobre “políticas públicas direcionadas para territórios deprimidos e de baixa densidade”.

A escolha de desenvolver todas as atividades no Centro Cultural de Paredes de Coura foi motivada pela vontade de aglomerar todos os participantes num só espaço. “Tentámos que tudo acontecesse naquele espaço para que diferentes vozes de diferentes gerações e de diferentes pertenças sociais, geográficas e políticas pudessem conviver ao mesmo tempo”, atesta Magda Henriques. “Oque gostaríamos mesmo muito era de criar condições para que cada voz se possa expressar e ser escutada”, acrescenta, “na nossa perspetiva, a expressão é tão importante como a escuta, porque se tivermos só a expressão, passamos a ter uma cacofonia e também não é isso que nos interessa”.

O balanço do Mutantes e as expectativas para o Encontro

No decurso do Projeto Mutantes, foram desenvolvidas múltiplas atividades direcionadas a adolescentes, mas que se estenderam “a professores/as, mediadores/as, técnicos/as municipais e outros agentes educativos e interessados em arte e educação, no sentido de fornecer novos instrumentos para a sua atuação”, lê-se na nota de imprensa. 

Em retrospetiva, Liliana Claro, uma das produtoras do evento, acredita que as atividades desenvolvidas com adolescentes e acompanhadas por professores desconstruíram ideias preconcebidas sobre linguagens artísticas como o teatro, a dança ou a música. “Estas artes são muito ligadas a ideias tradicionais e muito rígidas que dão muito pouca liberdade aos adolescentes e crianças que os praticam”, defende, “e, muitas vezes, as nossas oficinas vieram desconstruir essa imagem”.

Para além da desconstrução de ideias preconcebidas, a produtora Mariana Abrantes realça que o projeto despertou a atenção para novas sensibilidades. “De repente, há uma outra atenção dada à qualidade das coisas que se apresentam nas escolas”, explica, “temos monitores que fizeram parte das atividades e que falam connosco a perguntar sobre o nosso programa para que possam usá-lo nos seus territórios”.

Magda Henriques também faz um balanço positivo do projeto. “Tivemos sempre avaliações intermédias, realizadas pela associação A3S, ao longo do processo”, explica, “e as avaliações da reação das pessoas, considerando diferentes critérios, tem sido francamente positiva”. Ao nível do número de participantes, a diretora conta que “ainda havia vagas para acolher mais adolescentes, bem como para acolher mais professores, mediadores e outros interessados”. Ainda assim, múltiplos participantes “acompanharam de forma permanente o projeto e também foram sempre aparecendo pessoas novas que o foram descobrindo”.

No comunicado, lê-se que o Encontro é “o culminar do Projeto Mutantes” e que “constitui um ponto de chegada e um ponto de partida”. Para Mariana Abrantes, o evento representa “dois pontos” e não um ponto final. “[O Encontro] são dois pontos para depois, a partir daqui, começar outras coisas noutros sítios”, explica. Magda Henriques concorda e acrescenta que a equipa gostaria que este evento “fosse também um momento de celebração e de encontros entre pessoas muito variadas”.

Podes consultar mais informações, ao clicar, aqui.

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