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Entrevista a Slimmy: “A mim faz-me bem escrever sobre as coisas, é uma espécie de terapia”

Paulo Fernandes adotou o nome Slimmy na passagem de século, entre 1999 e 2000, baseado…

Texto de Gabriel Ribeiro

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Paulo Fernandes adotou o nome Slimmy na passagem de século, entre 1999 e 2000, baseado na sua maneira de se apresentar. Hoje, vinte anos depois, lança o quarto álbum da carreira – I’m not crazy, I’m in love, caraterizado por uma onde mais positivista.

É natural do Porto, tem 40 anos e chegou de Londres em 2006, depois de ter lá estado dois anos. Considera-se autodidata: escreve, toca, grava todos os instrumentos e agora produz 24 horas por dia. Fugindo ao mainstream, considera que surgiu “como lufada de ar fresco num panorama muito cinzento” em Portugal.

 Gerador (G.) – Porquê o nome Slimmy?

Slimmy (S.) – Bem, agora estou com alguns quilos a mais, mas há vinte anos precisava de um nome que me definisse como pessoa. Na altura, era magro e eu gostei da palavra por ser curta e por ficar na cabeça das pessoas.

G. – Quando é que teve o primeiro contacto com a música? Como é que iniciou a carreira?

S. – A minha mãe era uma ávida consumidora de música e gostava de coisas decentes como The Beatles, The Rolling Stones… aquelas coisas dos anos 80. Depois, tinha dois irmãos mais velhos que ouviam muita música e gravavam muitas cassetes, então eu cresci a ouvir. Mais tarde, veio o interesse de aprender instrumentos, porque toda a gente na escola queria ter uma banda, e eu fui atrás. Aprendi e experimentei coisas. Em 1998/99, apercebi-me de que tinha algum jeito e comprei uma caixa de ritmos, o que me permitiu começar música a sério sozinho sem estar à espera de outras pessoas. Comecei a compor, conheci malta da música e, em 2002, gravei a minha primeira demo. No ano a seguir, a demo ficou pronta e comecei a aparecer. Não tenho ninguém músico na família, sou só eu, mas havia influência musical.

G. – Esteve algum tempo em Londres. Isso ajudou-o na carreira como músico?

S. – Ajudou-me mais como pessoa. Quando fui para Londres, em 2004, já ia com as bases bem definidas do que queria fazer. É claro que lá temos uma maior variedade de coisas a acontecer, mas a nível pessoal foi bastante enriquecedor. Foi a primeira experiência lá fora e trabalhei muito enquanto gravava o disco. A nível musical foi importante, mas já ouvia muita música britânica. Já percebia um pouco da cultura deles.

G. – De que é que fala este novo disco?

S. – Fala de um período conturbado da minha vida. Passei por uma depressão enquanto gravava. Entretanto, quando estamos sob efeito da depressão, há sentimentos que nos afligem e é aí que vemos que existem assuntos sobre os quais decidimos escrever. A mim faz-me bem escrever sobre as coisas, é uma espécie de terapia. Entretanto, não achei que essa onda negativa afetasse o disco, que até é positivo.

G. – O álbum possui músicas em inglês e português. Existe algum motivo específico? É mais fácil expressar-se em inglês?

S. – Sempre foi a minha praia, sempre escrevi em inglês. Tive um êxito em 2013 chamado Um Anjo Como Tu e cheguei a muita gente que ainda não tinha chegado com inglês. Mas sempre tive mais facilidade em inglês. Com o tempo, tenho-me apercebido de que é mais desafiador escrever em português. As músicas que escrevi depois deste disco já são em português. Neste momento, há histórias que quero contar e que quero que as pessoas percebam logo.

G. – Teria mudado alguma coisa no seu percurso como músico?

S. – Penso quase todos os dias nisso, mas ainda não tinham feito essa pergunta. Teria mudado algumas coisas. O meu afastamento nos últimos anos deu-se devido a más decisões. Às vezes, tomam-se decisões que não estão certas e perdi muitas pessoas como Slimmy. Mas houve várias más decisões relacionadas com fases menos boas que, se pudesse voltar atrás, não tinha ido por esse caminho, não tinha sido tão maluco. A nível daquilo que eu criei como boneco, como Slimmy, não mudava nada. Surgi como lufada de ar fresco num panorama muito cinzento e ainda reparo que não há muitos “Slimmies” em Portugal.

G. – Sente que falta fazer alguma coisa que ainda não fez?

S. – Falta fazer muita coisa, e, nos últimos anos, não fiz tanto. Tenho de tocar em vários sítios onde não toco há muito tempo. Tive muito tempo na corda bamba e agora sinto que estou a recomeçar. Estou com a “pica” de um adolescente e apetece-me fazer coisas como se fosse a primeira vez. No meio disto, reparei que gosto muito do palco, de tocar, de cantar, de tudo.

G. – E há coisas marcadas para o futuro?

S. – Já aí algumas datas. Dia 5 de outubro estarei no JP Rock Café, em Bragança; dia 25 de outubro no Route 206, no Porto; dia 1 de novembro no Side B Rocks, em Alenquer; dia 2 de novembro no Stereogun, em Leiria e dia 22 de novembro no Avenida Café Concerto, em Aveiro.

Entrevista por Gabriel Ribeiro
Fotografia de Slimmy

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