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Opinião de Nuno Varela

Favela é potência

Sempre gostei de pensar em formas de definir os meus projetos mas nunca arranjei um…

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Sempre gostei de pensar em formas de definir os meus projetos mas nunca arranjei um nome que encaixasse na perfeição naquilo que idealizava,  até ouvir o termo — Associação Cultural. Ouvi, puff e fez-se o chocapic.

Um grupo de pessoas que se junta com um objectivo comum, dentro das mais diferentes áreas.

A minha viagem no mundo associativo ainda agora começou de forma formal ( já faço algumas coisas há alguns anos mas sempre de forma informal no que toca a constituição das entidades) e tem sido uma descoberta diária muito interessante. Tenho conhecido muitas pessoas talentosas e inspiradoras e com histórias brilhantes.

Não me considero uma pessoa influente, mas consigo fazer umas coisas e percebo agora o que podemos conseguir e fazer pelas nossas comunidades e o impacto que isso tem na vida das pessoas.

O cariz social é algo muito presente em muitas das associações que tenho vindo a conhecer, o que faz a nossa associação ir nesse sentido em alguns dos projetos que criamos. Não queremos ser uma IPSS, não é o nosso objetivo o cariz social, mas é uma responsabilidade que todos temos, talvez seja por todos os elementos do projeto terem vindo de zonas sensíveis. Quando dizemos — “não queremos ir nesse sentido” — é apenas pelo peso que isso pode trazer e a responsabilidade, a esperança que as pessoas podem colocar nos projetos e nas entidades, e isso assusta.

Nas minhas andanças, conheci uma pessoa muito interessante que, apesar de nos conhecermos há muito pouco tempo, percebo que vamos colaborar durante uns anos e temos uma missão em conjunto — ajudar quem mais precisa. O grande Jorge Pina, depois de anos a combater ao mais alto nível, perde a visão e tem de desistir de fazer aquilo que mais gosta, o boxe.

Ignora o período de revolta e lamentação pelo facto de perder a visão e entra logo em competição, e torna-se num atleta olímpico, uma história de deixar qualquer um de boca aberta. Gosto muito de usar uma frase que o Pina diz muitas vezes que é algo tipo: “depois de perder a visão, comecei a ver melhor, porque agora vejo com o coração”.

Este convívio diário com este tipo de pessoas leva-me num só sentido e missão, ajudar o próximo e as pessoas mais vulneráveis. Já é algo que faço, mas nunca da forma que estas pessoas o fazem, mas claramente que me vejo a fazer a mesma missão daqui a uns 10 anos. Nos 40 dizem que somos mais maduros, e encaramos a vida de uma outra forma e com um outro sentido, bem dizendo assim faz pensar que com os 30 ainda somos de alguma forma irresponsáveis, hehe.

Ao ver o impacto que temos nas pessoas com os nossos gestos, somos invadidos por um sentimento de alegria e compaixão que não tem explicação. Tenho tido esta conversa com muitos amigos que se encontram numa posição em que seria possível ajudar várias pessoas e tento mostrar que, afinal, o dinheiro não é das coisas mais importantes do mundo, e que há tantas outras coisas que nos podem enriquecer e preencher.

Mas não quero vir com a ideia de que o dinheiro não é importante porque é, e aplicado de forma correta e nos sítios certos podem fazer uma diferença enorme. Sou apologista da ideia de que devemos formar empreendedores, empresários e formas de sustentabilidade para os jovens destas zonas sensíveis.

Mais uma vez, devo destacar o poder do network e como tem ajudado nestes meus novos projetos. Facilmente podemos ter modelos famosos, políticos, plataformas online de grande nome a criar dinâmicas em Chelas. Nos bairros sociais existem muitas pessoas com um network fortíssimo mas mal aplicado, basta pensarmos como seria bom para nós, crianças, temos acesso a todo este tipo de conteúdos que hoje em dia temos nas nossas diferentes áreas. Isso iria criar crianças muito mais fortes em todos os sentidos, e, acima de tudo, mostrar diferentes tipos de saída para os bairros.

Na semana passada estive na Casa de Pedra no projeto Rock in Rio Humanorama, uma talk muito interessante que reuniu no mesmo palco, eu, a cantora Eva Rap Diva, o presidente da EMEL Luís Marques, Leonor Dias, diretora de marca da Vodafone, com a moderação de Catarina Miranda e foi muito, mas muito interessante. Foram abordadas várias questões, falámos de discriminação, racismo, preconceitos e oportunidades.

Às vezes, aceito as coisas e naquilo que é o meu caos diário não as analiso bem, e, quando dei por mim no sofá pensei, “espera aí, estou mesmo aqui sentado com estas pessoas a falar sobre estes assuntos?! nAAAA no way”, e estava mesmo. Gostei de algumas coisas que ouvi e a forma como as entidades começam abordar e tratar estas questões. Que excelente ideia do Rock in Rio e não tenho mesmo palavras, uma entidade tão grande como o Rock in Rio que faz eventos pelo mundo todo completamente esgotados tem a sensibilidade de fazer isto? Gostei e espero que continuem, claramente que o lado social está de mãos dadas com este festival, e é possível notar  isso por tudo o que é público, mas estando nos últimos meses em contacto constante com eles digo com toda a certeza que o fazem também fora dos holofotes e das câmeras.

Enquanto terminava este texto aqui na Academia Jorge Pina, onde colaboro, o Pina entrou com uma senhora que representa uma empresa que está ligada a programação, inteligência artificial (IA) e robots. Veio conhecer a academia porque um dos colegas vem aqui treinar e resolveu vir visitar, e visto que a empresa em que trabalham tem uma parte social, sugeriu fazer-se uns workshops de programação e IA com os miúdos do projeto “Sai da Caixa Armador”. Estão a ver?!

IT'S ALL ABOUT THE NETWORK hehe

-Sobre Nuno Varela-

Nuno Varela, 36 anos, casado, pai de 2 filhos, criou em 2006 a Hip Hop Sou Eu, que é uma das mais antigas e maiores plataformas de divulgação de Hip Hop em Portugal. Da Hip Hop Sou Eu, nasceram projetos como a Liga Knockout, uma das primeiras ligas de batalhas escritas da lusofonia, a We Deep agência de artistas e criação musical e a Associação GURU que está envolvida em vários projetos sociais no desenvolvimento de skills e competências em jovens de zonas carenciadas. Varela é um jovem empreendedor e autodidata, amante da tecnologia e sempre pronto para causas sociais. Destaca sempre 3 ou 4 projetos, mas está envolvido em mais de 10.

Texto de Nuno Varela
Fotografia de Pedro Vaccaro
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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