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Festival Bons Sons convida o público a viver a aldeia em toda a sua diversidade

Entre os dias 8 e 11 de agosto, os habitantes da aldeia de Cem Soldos voltam a receber os visitantes do Bons Sons para uma nova edição do evento cultural. Pelos palcos e espaços do festival, vão passar mais de 40 artistas.

Texto de Débora Cruz

Fanfarra Káustika, um dos grupos que vai marcar presença na edição deste ano. Fotografia de D.R.

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Durante quatro dias, a aldeia de Cem Soldos, localizada no concelho de Tomar, é fechada e o seu perímetro delimita o recinto que acolhe os dez palcos do evento, integrados nas ruas, praças, largos e outros espaços da localidade. Juntamente com os voluntários, os habitantes de Cem Soldos são os responsáveis pela recepção e acolhimento dos visitantes. É este o conceito que orienta a organização do Bons Sons que, após um ano de paragem, regressa com um cartaz que engloba projetos emergentes e artistas consagrados. Desde Valete, Cláudia Pascoal, Adiafa, Gisela João e Teresa Salgueiro a Expresso Transatlântico, Velhote do Carmo e Ana Lua Caiano.

Ainda que o seja, o diretor artístico do Bons Sons, Miguel Atalaia, distancia-se do conceito de “festival” para descrever o evento. “Banalizou-se um bocadinho esta ideia de festival. Para nós, é mais interessante a ideia da aldeia em manifesto”, afirmou o diretor, na conferência de imprensa realizada na passada terça-feira, dia 26 de março. Uma aldeia em manifesto, diz, exige posicionamento político e uma posição interventiva. “Uma aldeia em manifesto tem de ter ideias, tem de mostrar de que forma se posiciona e de que forma é que quer ser vista. [É uma aldeia] que quer demonstrar o que é isto de ser uma aldeia do interior.”

Miguel Atalaia, diretor artístico do Bons Sons, explica o conceito de "aldeia em manifesto".

“Viver a diversidade” é um dos motes e objetivos da edição deste ano. Miguel Atalaia salienta que os cerca de 700 habitantes da aldeia de Cem Soldos não representam uma massa homogénea de pessoas, nem possuem uma identidade comum entre si. O diretor artístico do festival acredita que é cada vez mais importante destacar que “somos todos diferentes” e é nessa diferença que é possível debater e ter novas ideias. “O festival existe, porque estas 700 pessoas são completamente diversas entre si e é desta forma que é possível construir esta utopia coletiva que é o Bons Sons”, assevera.

Em 2023, o festival não se realizou devido às obras de requalificação em curso na aldeia. A renovação do largo, no centro da localidade, era um “sonho antigo” que nasceu com o festival, conta o diretor artístico, e vai marcar o evento deste ano. Nos dias 23 e 24 de março, o novo largo foi inaugurado e as renovações obrigaram a organização a repensar o evento. “Esta requalificação pôs-nos em contacto com aquilo que é incontornável, que já existe, e que vai continuar a existir: as pessoas, as suas ideias e os seus valores”, frisou Miguel Atalaia. 

Deste modo, a “apropriação” da rua e dos espaços não convencionais pelo público, com atuações que diluem as diferenças e a distância compreendida entre os artistas e os visitantes, ganhou centralidade. É neste sentido que a organização vai estrear, este ano, o Palco ao Adro, localizado no adro da Igreja de São Sebastião, que vai acolher algumas atuações, como os espetáculos de dança programados pela associação cultural Materiais Diversos, uma das parcerias de programação.

Miguel Atalaia sobre a importância da diversidade e as obras de requalificação da aldeia

Para além dos concertos, o festival organiza também uma série de atividades paralelas: entre elas, a exibição de documentários e curtas-metragens, e a realização de debates. Ao longo de quatro conversas, realizadas no final da tarde de cada dia do festival através da parceria com o Gerador, vai discutir-se a “urgência” da diversidade em áreas e temas como a educação, as comunidades, a liberdade e a biodiversidade. 

O diretor artístico destaca o debate sobre as questões educativas. “Tendemos a achar que a escola tem que produzir crianças demasiado iguais, e isto desrespeita a diversidade que é natural em cada uma delas. Parece-nos que temos de encetar uma discussão séria sobre a diversidade que tem de existir nas escolas”, argumenta.

Miguel Atalaia sobre a importância da diversidade nas escolas

O Bons Sons nasceu em 2006, inserido no programa cultural “Acontece Cem Soldos” e é organizado pelo Sport Club Operário Cem Soldos (SCOCS). “O Bons Sons constitui uma plataforma e uma referência na divulgação da música portuguesa, assumindo, a par do objetivo cultural e do papel na formação de públicos, a importância da dimensão social e o objetivo de contribuir para a comunidade que acolhe e faz nascer o festival”, escreve a organização.

Para além dos bilhetes diários, os visitantes podem adquirir passes gerais, que dão acesso ao campismo, uma das opções de estadia providenciadas pela organização. Podes consultar toda a programação e mais informações, ao clicares, aqui.

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