fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Ana Pinto Coelho

Indiferente à diferença

Sabemos que a sociedade tem códigos, condutas, fórmulas. Também sabemos que as pessoas, se juntam…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Sabemos que a sociedade tem códigos, condutas, fórmulas. Também sabemos que as pessoas, se juntam às que têm interesses comuns e que existem muitos tipos de famílias com quem crescemos e por quem somos adoptados.

Há sempre alguém ou algo a apontar um caminho ou uma solução. Geralmente com metas iguais, mas apresentados com figurinos que só divergem na cor ou no formato. E, não nos iludamos, quase tudo é igual sem tirar nem pôr.

Por muito que o grosso da sociedade se dê bem no meio desta ordem organizada, muitos ficam de fora ou por fora. O problema é que, aos olhos dos primeiros, são apontados e considerados diferentes, estranhos, esquisitos. Estão, portanto, fora do baralho. Ou do conjunto de cartas e cores que se entendeu aceitar como certas e coerentes.

O ser diferente pode ser assumido de várias formas e ao longo da vida. Não se trata, mas também, de códigos visuais, de interesses que fogem à corrente dominante, de preferir nichos por opção ou por outra qualquer razão.

Muitas vezes nasce-se diferente, outras cresce-se de forma diferente. Seja de uma ou outra forma, continua a não ser fácil viver no meio de um grupo que não entende essa diferença e, pior em muitos casos, não a aceita.

O sentir diferente pode despoletar grandes alterações comportamentais, físicas e psicológicas. Uma das soluções mais abrangentes é tentar esconder essa nossa verdade, anulando-nos, fazendo tudo para pertencer ao grupo, não dar demasiado nas vistas.

Ao longo do tempo, esta solução torna-se demasiado pesada e as ramificações são, geralmente, dolorosas para quem as forçou chegando, algumas vezes, a ser insuportáveis.

Outra opção é apresentar de forma veemente essa diferença, gritando-a, impondo-a, mas pouco resolve pois quem o faz, fá-lo obrigado e sobre enorme pressão. Deseja apenas ser rapidamente aceite ou, muitas vezes, que simplesmente o deixem em paz.

E é essa paz que quem é diferente raramente vive, pois a sociedade, por muito “evoluída” que se apresente, continua a juntar-se para atacar quem não lhes é igual. Muitas vezes por desconhecimento, muitas outras por medo.

Felizmente que, muitos de nós, são indiferentes à diferença. Nem a percebem porque não lhes interessa ou não é relevante para uma relação ou convívio. Ou seja, é natural ser-se indiferente ao que nos é fora do comum. Aliás, são as diferenças que nos ensinam a ser tolerantes, aprendizes, professores, em suma, humanos.

Alguns chavões, como o famoso “todos diferentes, todos iguais” podem ser úteis numa certa altura, geralmente de apelo ao apoio, nascidos para dar as mãos em busca de um objectivo comum. O problema, é que quando o conseguimos atingir, ou não, esse sentimento esvai-se tão depressa como foi criado.

Mas o que é afinal ser diferente?

Para uns, nada. Para outros, muito. Para alguns, tudo.

Enquanto que uns são indiferentes, outros amedrontam-se e os demais abraçam. Vamos fazer um teste muito básico?

Imaginem que surge alguém que se veste de forma diferente de todos os outros. Que pinta o cabelo com cores inusitadas, que se apresenta como escritor, músico, pasteleiro, cozinheiro, arquitecto, cientista, piloto de corridas, desportista, etc.

Como a profissão tem algo de irreverente ou artístico, é natural que seja aceite de forma mais fácil. Ah, mas tem de conseguir ser melhor que os demais.

Mas quando vemos alguém com a mesma roupa, cor do cabelo mas que se apresenta como advogado, bancário, gestor ou polícia, a resposta quase imediata dos que anteriormente aceitaram o primeiro grupo, pode ser negativa.

E como se explica esta simples análise?

Digam-me vocês, pois não percebo onde está a diferença.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

10 Dezembro 2025

Dia 18 de janeiro não votamos no Presidente da República

3 Dezembro 2025

Estado daquilo que é violento

26 Novembro 2025

Uma filha aos 56: carta ao futuro

19 Novembro 2025

Desconversar sobre racismo é privilégio branco

5 Novembro 2025

Por trás da Burqa: o Feminacionalismo em ascensão

29 Outubro 2025

Catarina e a beleza de criar desconforto

22 Outubro 2025

O que tem a imigração de tão extraordinário?

15 Outubro 2025

Proximidade e política

7 Outubro 2025

Fronteira

24 Setembro 2025

Partir

Academia: Programa de pensamento crítico do Gerador

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Oficina Literacia Mediática

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Oficina Imaginação para entender o Futuro

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Clube de Leitura Anti-Desinformação 

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e Manutenção de Associações Culturais

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Curso Política e Cidadania para a Democracia

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Autor Leitor: um livro escrito com quem lê 

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

17 novembro 2025

A profissão com nome de liberdade

Durante o século XX, as linhas de água de Portugal contavam com o zelo próximo e permanente dos guarda-rios: figuras de autoridade que percorriam diariamente as margens, mediavam conflitos e garantiam a preservação daquele bem comum. A profissão foi extinta em 1995. Nos últimos anos, na tentativa de fazer face aos desafios cada vez mais urgentes pela preservação dos recursos hídricos, têm ressurgido pelo país novos guarda-rios.

27 outubro 2025

Inseminação caseira: engravidar fora do sistema

Perante as falhas do serviço público e os preços altos do privado, procuram-se alternativas. Com kits comprados pela Internet, a inseminação caseira é feita de forma improvisada e longe de qualquer vigilância médica. Redes sociais facilitam o encontro de dadores e tentantes, gerando um ambiente complexo, onde o risco convive com a boa vontade. Entidades de saúde alertam para o perigo de transmissão de doenças, lesões e até problemas legais de uma prática sem regulação.

Carrinho de compras0
There are no products in the cart!
Continuar na loja
0