Manuel Fúria nasceu em Lisboa nos anos 80, mas foi na cidade de Santo Tirso que cresceu e deu início à carreira musical com as primeiras bandas de adolescência. Optou pelos cursos de Filosofia e depois Cinema no ensino superior e sem afastar-se da música.
O compositor e músico é conhecido pelo seu papel como vocalista, guitarrista e letrista da banda Os Golpes entre 2008 e 2011, e pelo seu subsequente trabalho a solo com Manuel Fúria e os Náufragos e Os Perdedores. Já em seu trabalhocomo editor e produtor independente, é considerado um dos principais protagonistas pelo ressurgimento da música pop portuguesa cantada em português no final dos anos 2000.
Este ano, Fúria voltou aos palcos para apresentar Os Perdedores, o disco mais pessoal do músico, após vários anos do lançamento de Viva Fúria (o último disco de Manuel Fúria e os Náufragos).
Um disco e uma banda que foram desenvolvidos no Arquipélago de Escritores, encontro literário organizado no meio do mar açoreano por Nuno Costa Santos e de Sara Leal parceiros desta história, que também resultou num filme. Os Perdedores, canção título do disco, foi a escolhida para fazer um primeiro teledisco realizado por Tiago Brito, membro dos Náufragos e companheiro de Manuel Fúria em muitas das suas incursões de artista nos últimos anos.
Esta é a lista de 10 músicas de autores portugueses que o artista partilhou connosco, com algumas notas que justificam as suas escolhas:
Heróis do Mar - “Adeus”
Da música propriamente dita à expressão plástica, tenho os HdM em conta como um projecto formador e pilar da música moderna portuguesa. Para lá deles está toda a obra do Pedro Ayres Magalhães que tenho também na mais alta das considerações. A canção que escolho, "Adeus", é de um disco que me continua a marcar, "Mãe", o seu segundo de originais. É uma história de despedida, ritual dos homens que têm simultaneamente dentro de si o passado, o presente e o futuro.
Tiago Cavaco - “Isto já foi um Cinema”
Portugal é pequeno demais para um artista da dimensão do Tiago Cavaco. Não merece a sua frenética actividade editorial (apenas comparável com o Ryan Adams pós-2017), nem as grandes canções que vai compondo e produzindo e que vão passando persistentemente debaixo dos radares. Poderia ser outra, escolho esta.
Os Velhos - “À Minha Alma”
Sobre os Velhos poder-se-ia dizer o que alguém um dia disse sobre os The Sound, "the greatest undiscovered band of the 1980's"; tudo se aplica menos à década.
Ecos da Cave - “O Desejo”
Vim nascer a Lisboa mas, cresci numa pequena cidade do Norte de Portugal, isto é, Santo Tirso. Os Ecos da Cave são a sua banda. Se Manchester acumula, entre outras, Smiths, New Order, Stone Roses ou Oasis, para os tirsenses bastam-lhes os Ecos da Cave, que valerão muito mais do que essas todas juntas. Se é difícil acreditar basta ver, nas raras vezes em que decidem reunir-se para tocar, a intensidade com que as almas presentes entoam "O Desejo", espécie de hino alternativo da cidade.
Smix Smox Smux - “Aquecimento Global”
Amo Smix Smix Smux. O seu humor, transgressão, a pronúncia carregada e as guitarras dissonantes algures entre Pavement e o início dos Go-Betweens. Segue com dedicatória para a menina Thunberg.
Éme e Moxila - “Relaxado”
Gosto do Éme desde o "Último Siso". De lá para cá a sua escrita, assim como a técnica na guitarra e performance vocal estão ainda melhores. Vi-o outro dia nas Línguas de Fogo a tocar material novo e foi surpreendente. Escolho "Relaxado", do disco com a Moxila; uma pequena maravilha.
Né Ladeiras - “Tu e Eu”
Podia ser Style Council ou Simply Red na fase boa, há qualquer coisa de Sade também. Mas é a Né Ladeiras, numa canção cujo carácter assenta num adjectivo que ainda não conheço, mas que vem de um inusitado encontro entre pausa e ingenuidade.
GPU Panic - “Rome Avenue”
Durante o dia, o Guilherme Tomé Ribeiro é conhecido por fazer parte do duo Salto, mas quando o Sol se põe transforma-se em GPU Panic, produtor de electrónica da pesada. Este último lançamento tem John Carpenter, tem Tangerine Dream, tem XL Garcia. Bela malha.
Corpo Diplomático - “Férias”
Os Corpo Diplomático são um amor antigo. Não há nada que não goste. Até as imperfeições me soam bem, e há muitas.
Delfins - “Aquele Inverno”
Declaro oficialmente obsoleto o mandamento que força o melómano indígena a maldizer a música dos Delfins. Essa ortodoxia já deu o que tinha a dar e não deveria ser necessário estar aqui a dizer que é uma banda cheia de grandes canções. Esta é uma delas.
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