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Opinião de Jorge Barreto Xavier

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Sob a borda verdejante, o ribeiro bravamente manso. Turbulento, pelo brotar sem freios de uma…

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Sob a borda verdejante, o ribeiro bravamente manso.

Turbulento, pelo brotar sem freios de uma pura fonte.

A sua transparência evoca a quimera, olhar a origem é não vê-la.

Todavia, é na cortina soprada por vontade própria que começa a bravura.

Esta é cheia de si, interior, talvez nada possa sobre outros.

A coragem precede a primeira linha da batalha.

Ela é o oculto senso que nem o verdadeiro espelho recebe.

A cândida existência das coisas iniciais não se olha, não se pensa, não se sente.

É o feroz elemento do músculo sem nome, mistério da origem.

Assim começa o tumulto que gera a corrente.

Leva o quieto reparo do murmúrio percorrendo os seixos.

A seiva a levantar limos e salvas, caniços e lótus.

A mansidão que desperta no curso da ausência ocorre no leito coberto da virtude.

Esta não é boa ou má, acontece, enquanto a paz flui, transparente, do começo.

Começar acontece na evidência nascente e não se anuncia.

Eis que canta o pássaro a manhã próxima.

Afloram as asas a água que, agitada, se deixa ver.

Na paz do seu caminho este momento existe entre o voo e a quietude.

Se o gesto é uma manifestação, também convida o seu recato.

Pois na ausência pousa o rouxinol e a sua voz guarda o silêncio.

A querela possível ocorre entre adormecer e acordar.

Contudo, ela nada pode, no caudal da lisura o maior guerreiro não combate.

Na palavra não dita tem o ribeiro gentil cuidado.

Nele corre o liso abraço o doce beijo.

Ou ainda a sua ausência, que não trava a esperança ou quebra o valor das margens.

-Sobre Jorge Barreto Xavier-

Nasceu em Goa, Índia. Formação em Direito, Gestão das Artes, Ciência Política e Política Públicas. É professor convidado do ISCTE-IUL e diretor municipal de desenvolvimento social, educação e cultura da Câmara Municipal de Oeiras. Foi secretário de Estado da Cultura, diretor-geral das Artes, vereador da Cultura, coordenador da comissão interministerial Educação-Cultura, diretor da bienal de jovens criadores da Europa e do Mediterrâneo. Foi fundador do Clube Português de Artes e Ideias, do Lugar Comum – centro de experimentação artística, da bienal de jovens criadores dos países lusófonos, da MARE, rede de centros culturais do Mediterrâneo. Foi perito da agência europeia de Educação, Audiovisual e Cultura, consultor da Reitoria da Universidade de Lisboa, do Centro Cultural de Belém, da Fundação Calouste Gulbenkian, do ACIDI, da Casa Pia de Lisboa, do Intelligence on Culture, de Copenhaga, Capital Europeia da Cultura. Foi diretor e membro de diversas redes europeias e nacionais na área da Educação e da Cultura. Tem diversos livros e capítulos de livros publicados.

Texto e fotografia de Jorge Barreto Xavier

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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