Entre os próximos dias 23 e 26 de Maio terá lugar, no Lumiar, mais uma edição do Muro – Festival de Arte Urbana, organizado pela GAU – Galeria de Arte Urbana, que este ano desafiou o Gerador a pensar em ideias que proporcionassem, durante estes dias, encontros únicos entre as duas formas de arte em destaque este ano – a arte urbana e a música.
Deste maravilhoso desafio resultaram dois momentos que não vais querer mesmo (mesmo!) perder – harmonizações que juntam três artistas visuais e três músicos portugueses, e um concerto de encerramento nunca antes visto. Hoje convidamos-te a descobrir um pouco mais sobre este último.
Embebido daquele que é o espírito do Festival, este é (mais) um momento que nos desafia a sair da nossa zona de conforto, desconstruindo limites e rótulos e arriscando combinações musicais improváveis.
Para o encerramento do Festival, criámos então uma disputa musical que coloca frente-a-frente dois nomes sonantes do Jazz e uma das editoras/produtoras mais influentes do Hip Hop nacional. Falamos de André Rosinha e Samuel Lercher Vs Monster Jinx.
André Rosinha
O André é natural de Sintra e um apaixonado pelo mundo do Jazz. Ao contrário da maioria dos músicos, encontrou o gosto pelo contrabaixo já na casa dos vinte, por um feliz acidente que o fez largar o baixo eléctrico com que havia iniciado o seu percurso musical. Hoje é uma referência maior incontestável do Jazz nacional.
Mais do que músico, é amante e entusiasta da música, uma curiosidade que o levou já a tocar com vários músicos de renome, como Perico Sambeat, Greg Osby, Alexi Tuomarila, Mário Laginha, Marc Miralta, Théo Ceccaldi, Abe Rábade, Jeffery Davis, Ben Van Gelder, João Paulo Esteves da Silva, Xavi Torres, João Barradas, Roberto Negro, Bruno Pedroso, Júlio Resende, João Moreira, Afonso Pais, André Fernandes, entre outros.
Hoje podemos ouvi-lo na banda do Salvador Sobral, no grupo do João Barradas (acordeão), do Júlio Resende (piano), do Eduardo Cardinho (vibrafone), entre outros projectos, sendo o mais recente o seu primeiro disco, "Pórtico", a que os críticos não têm poupado elogios desde o seu lançamento, no início deste ano. Nas palavras do próprio: "é de ouvir!".
A acompanhá-lo nesta aventura estará Samuel Lercher.
Samuel Lercher
Samuel Lercher é um pianista e compositor francês residente em Portugal. Iniciou os seus estudos musicais em Paris na Université Paris VIII e na École Normale de Musique de Paris, prosseguindo em Lisboa na Universidade Nova e na Escola Superior de Música onde se formou em Ciências Musicais, Pedagogia e Piano. Em 2014 fundou o seu trio com os músicos André Rosinha e Marcelo Araújo, com os quais gravou o disco de originais “Épilogue” (Sintoma, 2015). O álbum foi muito bem recebido pela crítica portuguesa e espanhola tendo sido destacado na Antena 1, Antena 2, RTP2, TSF, Público, Jazz.pt entre outros, e apresentado em vários festivais e salas em Portugal, Espanha e França. Ainda em 2015 lança um novo projeto de temos originais, o Fauksa 4tet., juntando músicos franceses e portugueses (Hamza Touré, Freddy Blondeau e Rui Pereira).
Como Sideman, destaca-se o trabalho com o cantor Salvador Sobral com quem actuou no VodafoneMexeFest, Lisbon Jazz Sessions, Velvet Bejazz, Oitavos Beat, Espaço Espelho d’água, Braço de Prata, café Tati, Belem Art Fest entre outros.
O seu próximo disco, « Ballade » será lançado em 2019 e conta com a participação de músicos importantes da cena Jazz nacional, Gonçalo Marques, Bruno Pedroso e André Rosinha, e internacional com a cantora francesa Lou Tavano (Act Music Artist).
Monster Jinx
A Monster Jinx é simultaneamente um colectivo artístico e uma plataforma de edição e distribuição de música, dedicada ao lançamento de sonoridades independentes e de ideias descomprometidas. Fundada em 2008, com mais de 40 lançamentos e mais de 20 artistas editados, o termo "Independência" pode ser considerado um sinónimo para a sua actuação. Fundamentada em valores como Música Livre, o desprendimento de rótulos ou géneros, aforça do colectivo sobre a individual e o alcance infinito do Hip Hop, 11 anos depois do seu nascimento a Monster Jinx continua empenhada no manifesto da sua génese: continuar a partir barreiras e a entregar a música mais fresca.
A representar o colectivo, estarão dois dos seus membros: J-K e Maria.
J-K
J-K nasceu no Congo, cresceu na Sertã, viveu em Lisboa, morou no Porto e voltou a Lisboa. Não que isso tenha influenciado a sua música. Foram outros os poderes que açucaram a sua imaginação. Quando não está irritado com tudo ou contente com nada, distorce a vida, cria novos enredos para o dia a dia e novos finais para os guiões das conversas.
Existe em paralelo. De um lado, a fantasia. Do outro, aquilo que realmente existe. O que o confunde. E a única forma que conhece para organizar o cérebro é a música e o único método que lhe enche as medidas é o Hip-Hop.
Maria
As cidades pequenas são terrenos férteis para a criatividade. Quando não há grandes distracções, coisas para fazer ou sitíos onde ir, o ócio, quando bem explorado, acaba por transformar-se em arte.
Foi mais ou menos essa a origem de Maria. Reza a lenda que levava uma MPC para a escola e faltava às aulas para ficar a produzir. Aí começaria a explorar os caminhos do hip-hop — de Detroit a Bristol — trabalhando para poder comprar os seus próprios discos. Talvez tenha sido aí também que — mesmo sem ter consciência disso — se começaria a tornar no ás do sampling que hoje conhecemos. A certa altura, a sua jornada virou-se para a electrónica, a bordo de sintetizadores e maquinaria pesada que o levaram a criar vários alter-egos, mas que, de certa forma, fizeram com que o universo o trouxesse até nós. Com uma sensibilidade fora do vulgar, transpõe o seu sentido estético e a sua capacidade de organização para as suas produções, provando que ser sentimentalista sem ser lamechas é proeza possível.
Esta disputa musical acontecerá no dia 26 de Maio, dia de encerramento do Festival, às 18h.
O palco estará montado junto à rotunda onde se cruzam a Av. Carlos Paredes, a Av. David Mourão Ferreira e a Estrada da Torre em frente ao edifício do Continente, no Lumiar, Lisboa.
A entrada é livre, o momento prevê-se inesquecível.