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Nuno Maulide: “O ensino é sempre mais eficaz quando consegue reportar-se a algo que faz parte do pacote de vivências do aluno”

O cientista português é, desde 2013, professor catedrático na Universidade de Viena. Em 2018, foi eleito Cientista do Ano pelo Clube Austríaco de Jornalistas de Ciência e, em 2021, tornou-se o membro permanente mais jovem da Academia Austríaca de Ciências. Nuno Maulide já é conhecido pela sua abordagem de descomplexificar os problemas da Química, tornando-os simples para públicos não especializados. Ao Gerador, falou sobre o que ainda não conseguiu simplificar, a confiança dos portugueses na Ciência, o papel do ensino e as dificuldades que sente como comunicador de Ciência.

Texto de Débora Cruz

Fotografia de Bárbara Monteiro/Gerador

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Nasceu em Lisboa, em 1979, e foi nessa cidade que se formou em Química, no Instituto Superior Técnico, mas traçou um percurso que é internacional. Nuno Maulide já passou pela Suíça, França, Bélgica, EUA, Alemanha e reside, atualmente, na Áustria. O cientista é o mais jovem membro permanente da Academia Austríaca de Ciências e, em 2013, com 33 anos, tornou-se professor catedrático na Universidade de Viena, onde é também o diretor do Instituto de Química Orgânica.

Quando, no final dos anos 1990, decidiu ler uma edição do Journal of Organic Chemistry do ano em que nasceu, apercebeu-se de que a Química Orgânica continha ainda inúmeros segredos que não entendia. Movido pela vontade de aprender mais e de ter outro tipo de experiência profissional, o químico passou pela Suíça e pela Bélgica, países onde realizou o seu estágio de investigação. Mais tarde, concluiu o seu mestrado na École Polytechnique, em Paris, e, em 2007, terminou o doutoramento na Universidade católica de Louvain, na Bélgica. Os EUA foram o próximo destino: entre 2007 e 2008, foi investigador de pós-doutoramento na Universidade de Stanford. Em 2009, regressa à Europa e assume o cargo de chefe de equipa no Instituto Max Planck para a pesquisa sobre o carvão, na cidade alemã de Mülheim an der Ruhr.

Os prémios e as distinções não são seus desconhecidos. Em 2012, recebeu o Prémio Bayer de Excelência Científica. No ano seguinte, venceu o Prémio Heinz-Maier-Leibnitz, do Ministério Alemão da Educação e da Ciência e, em 2016, o Prémio Elizabeth Lutz, da Academia Austríaca das Ciências. Em 2018, foi o vencedor do prémio Ignaz Lieben, atribuído também pela Academia de Ciências da Áustria e, em 2018, aos 39 anos, foi eleito cientista do ano na Áustria. 

Ao Gerador, confessa-se grato pelo reconhecimento e pelos prémios conquistados, mas garante que não é isso que o move. “Não se deve, e é pernicioso na Ciência, trabalhar para prémios, porque eles podem chegar ou podem não chegar”, atesta. “Acho que é impossível fazer ciência com o objetivo de ganhar alguma coisa.” Por isso, o cientista diz preferir concentrar-se mais nos avanços científicos, ao invés das distinções.

Para além da docência e da investigação, Nuno Maulide é autor dos livros de divulgação científica Como se transforma o ar em pão (2021) e Como desvendar o quebra-cabeças da origem da vida (2022). Conhecido pelo desejo de descomplicar problemas complexos e desmistificar a Química, reconhece, contudo, que existem inúmeros fenómenos que ainda não conseguiu simplificar para o cidadão comum. “O Nuno Maulide que as pessoas acham que consegue explicar tudo e consegue vender neve a um esquimó, por vezes sofre bastante em matéria de comunicar Ciência”, confessa. 

Ainda assim, os seus livros têm sido utilizados nas salas de aulas portuguesas. “Os professores do ensino secundário são os meus maiores aliados”, conta. “Os professores decidiram que aqueles livros valiam a pena ser integrados num currículo de Química do nono ou oitavo ano. Enviam-me cópias de exames e de testes que se referem explicitamente a capítulos dos livros.”

Em entrevista ao Gerador por videochamada, o químico falou sobre o papel do ensino e as diferenças que encontrou entre o sistema norte-americano e o europeu. “O ensino europeu é centrado na figura do professor, e tudo gravita à sua volta, para o bem e para o mal. O ponto central de qualquer sala de aula nos Estados Unidos é o aluno”, observou o cientista. Nuno Maulide refletiu também sobre a origem da má reputação da Química e discorreu sobre a importância e as dificuldades da comunicação da Ciência. Na opinião do cientista, é um papel por vezes esquecido pela comunidade química.

Tendo como referência os dados publicados pelo Eurobarómetro sobre a visão da população sobre a Ciência e Tecnologia, o professor catedrático falou sobre a evolução da confiança dos portugueses na Ciência. Em retrospetiva, o químico refletiu acerca do que alcançou e gostaria ainda de alcançar na sua carreira, e deu a conhecer alguns dos problemas que ainda não conseguiu descomplicar.

Nuno Maulide no festival Oeiras Ignição Gerador 2023. Fotografia de Bárbara Monteiro/Gerador

No final dos anos 1990, leu uma edição do Journal of Organic Chemistry, de 1979, e percebeu que a Química Orgânica ainda tinha segredos para si. De certa forma, isso motivou-o a sair do país para fazer um estágio. A procura e a descoberta dos segredos da Química é aquilo que o continua a mover enquanto cientista? 

Sim, sem dúvida. Apesar de, com o passar do tempo, a pessoa achar que cada vez vai percebendo melhor o processo de investigação e como é que se resolvem problemas, como se geram projetos, como se adquire financiamento, como é que se supervisiona os alunos. A parte que continua a ser, para todos os efeitos, uma caixinha de surpresas é esta busca de conhecimento: estar na fronteira entre aquilo que se sabe e o que não se sabe e ir continuando lentamente, porque o que nós fazemos é sempre incremental. Vamos sempre tentando empurrar esta parede, que é uma parede mais ou menos flexível, para a frente, bocadinho a bocadinho. Às vezes, empurramos, empurramos, empurramos, e não cede. Não conseguimos mexer aquela parede, porque as hipóteses que tínhamos não funcionam. Às vezes, empurramos aqui e, de repente, sentimos uma abertura, mas não é aqui, é do outro lado, onde um bocadinho de parede rebentou e abriu um espaço enorme. Isto são as chamadas descobertas por serendipidade. Nunca tinha pensado nisto assim, mas acho que é uma imagem bastante eficaz: imaginar estar numa sala com quatro paredes e que, às vezes, estamos a empurrar neste cantinho e, de repente, o que abre é a do outro lado, é a melhor maneira de exprimir o que acontece quando se tem uma descoberta por serendipidade, por acaso, em que achávamos que íamos fazer “isto” e desenhámos as experiências todas para eventualmente descobrimos “isto”, e o que nos saiu na rifa foi algo completamente diferente. Esses momentos são dos mais gratificantes e também são os mais valiosos, porque, para ser sincero, aqueles tipos de descobertas que vão empurrando, vão aumentando o tamanho da sala e expandindo as paredes são bons, importantes e valiosos, mas são previsíveis até certo ponto. Aquele momento em que puxa aqui e abre uma porta secreta daquele lado, são os momentos que ninguém podia ter previsto. As grandes descobertas científicas do século XX e começo do século XXI foram todas feitas desta forma. São coisas que ninguém poderia prever que iam dar assim, por isso, é que são espetaculares. Se fosse possível prever tudo em investigação, não teria assim tanta graça.

É frequente você usar esse tipo de imagens visuais para explicar problemas e desmistificar a Química. Já confessou que quer combater a má reputação associada a esta área da Ciência. De onde vem essa má reputação?

O porquê acho que ninguém saberá ao certo, [mas] que ela existe está evidente e está presente em comentários da população. Às vezes, vejo no supermercado garrafas de sumos que dizem “sem químicos” ou produtos de comida que dizem “sem compostos químicos”. Até há uns que dizem: “sem corantes, nem conservantes”. Quando come um tomate, mesmo que o tomate seja produzido sem recurso a qualquer composto químico adicional, qualquer fertilizante sintético, o tomate está cheio de corantes: aliás, se não tivesse corantes, não era vermelho! Um dos corantes mais famosos chama-se licopeno, e é o responsável pela cor vermelha do tomate. É um corante natural? Sim, mas eu também posso fazer licopeno no laboratório. Pode dizer que a origem não é natural, é uma origem sintética, tudo bem. O que os rótulos querem dizer é que não adicionaram corantes de origem sintética, [o que] é bastante diferente de escrever que não têm corantes. Lembro-me de uma amiga que me dizia que, sempre que comprava roupa nova, punha primeiro a roupa na máquina e depois é que a usava, para se ver livre dos produtos químicos. Mas de que produtos químicos é que se vê livre, se a roupa não é mais nada do que uma mescla de produtos químicos? Nós temos todos aquela tendência de viver no mundo da conspiração, é muito fácil entrar nisso. Basta ir a qualquer site ou ao Reddit, por exemplo: há grupos e grupos de pessoas que discutem os tópicos mais esotéricos naquela ideia fixa de que estão a enganar-nos, andam pessoas a pôr coisas terríveis na nossa comida e não nos dizem nada. No outro dia, encontrei uma antiga aluna de piano, em Bruxelas, e viemos de táxi juntos, do aeroporto até Bruxelas. O taxista começou a dizer que sabia que nós andamos a ingerir nanopartículas e que as põem na nossa água e comida que é para, com o 4G e o 5G, conseguirem ler os nossos pensamentos. O senhor estava convicto disto, e cada vez que eu tentava fazer um comentário mais divertido: “Espero que eles não consigam ler o meu pensamento todos os dias, porque há momentos em que realmente penso coisas um bocadinho disparatadas.” O senhor dizia: “Não acredita no que estou a dizer? Está a gozar comigo? É porque não acredita.” Às vezes, as pessoas entram muito facilmente neste tipo de teorias de conspiração, e não é difícil, se acreditam neste tipo de coisas, também acreditarem que alguém anda a por coisas na nossa comida, que são compostos químicos que nos destroem. Isto tudo para dizer que a má reputação está aí. De onde é que ela vem? Talvez de uma falta de comunicação e de uma certa demissão da comunidade química da sua função primordial, que é resolver problemas da humanidade e explicar à humanidade para que é que serve o nosso trabalho. Se calhar, temo-nos esquecido um bocadinho de fazer isso, temos perdido a oportunidade de explicar coisas. Eu explico, no meu segundo livro, que a diminuição drástica do buraco da camada do ozono é uma vitória da química, e é uma vitória de se ter percebido que havia um problema, que há um composto que faz algo valioso para nós, mas que causa um problema para o nosso ambiente. Então, encontre-se outro composto que continue a ter a função que nos é valiosa, mas que não cause problemas para o ambiente. Com isso e mais um bocadinho de vontade política, todos os países do mundo assinaram protocolos e resolveram um problema que, na altura dos anos 1980 e 1990, quando eu era criança, parecia quase insolúvel. Por isso, perdemos ali uma boa oportunidade de comunicar ao público em geral que a camada de ozono já não é o problema dramático que era nos anos 1980, porque a Química lhe deu a volta. Como esse, há tantos outros casos em que devíamos começar a comunicar onde é que a Química resolve os problemas. A Química tem momentos em que resolve, tem momentos em que levou a coisas que se tornaram problemas, mas acho também que é importante perceber que a Química é mais ou menos agnóstica, ou seja, a expressão “composto químico” deveria ter tanta conotação como a palavra “rato” ou “t-shirt" ou “headphones”. Quando penso nos fones, não penso que sejam bons ou maus e, no entanto, se eu passar o dia todo com música a altos berros, eles são maus. Da mesma forma, “Química” ou composto “químico” são palavras que não deveriam ter uma conotação, porque tudo depende do uso que se lhes der. Podem dizer-me: “Mas os compostos químicos são quase todos maus.” Não, digo sempre que a água é um composto químico: é bom ou mau? As pessoas dizem que é bom, precisamos de água para viver e 70 % do nosso corpo é água. No entanto, se tentar beber mais do que quatro litros de água numa hora, morre. A água também pode ser um composto químico mau, depende do uso que lhe dermos e isso é válido para praticamente tudo nesta vida. É um bocadinho infeliz que a expressão “composto químico” tenha adquirido uma “cor” desagradável. 

Tem tido um percurso internacional, tendo já passado pela Suíça, França, Bélgica, EUA, Alemanha e pela Áustria. Quais são as principais diferenças que tem encontrado na forma como os países comunicam a Ciência e ensinam a Ciência, em comparação a Portugal? 

O que eu noto em termos de ensino é que, claramente, os Estados Unidos e a Europa têm dois modelos muito diferentes no ensino. O ensino europeu é um ensino que é centrado no professor: a figura central de qualquer sala de aula, esteja no jardim de infância, ou na escola primária, na escola secundária ou na universidade, o ponto central da sala de aula é o professor, e tudo gravita à volta do professor, para o bem e para o mal. O ponto central de qualquer sala de aula, nos Estados Unidos, é o aluno, e tudo gravita em torno dos alunos. Por isso é que se vê, por exemplo, nas salas de aula nos Estados Unidos, os alunos interromperem os professores por tudo e por nada, às vezes para fazer perguntas que a pessoa vinda do sistema europeu tem o reflexo de pensar: “Mas que pergunta tão disparatada.” Quantos de nós, no sistema de ensino europeu, é que não nos lembramos de estar numa sala de aula e temos aquela pergunta que gostávamos de fazer — ou aquele aspecto que ficou pouco claro — e não termos a coragem de levantar o braço para fazer a pergunta? Quantos de nós não experimentámos ter essa pergunta na cabeça e um colega faz a mesma pergunta e o professor diz: “Que pergunta tão boa!” E nós ficamos a pensar: “Bolas, devia ter perguntado.” Às vezes, temos um bocadinho mais de coragem e vamos no final da aula fazer a pergunta, e o professor questiona porque não perguntámos durante a aula. No sistema de ensino americano, a dúvida nem sequer se levanta: “Será que devo perguntar? Será que não devo perguntar?” Eles, simplesmente, largam tudo cá para fora. No ensino europeu, como está tudo centrado no professor, temos muito medo de interromper este ciclo virtuoso centrado na sua figura. Isso é algo que notei ser bastante diferente. Em termos de comunicação de Ciência, acho que o que todos os países fazem bem é criar mecanismos — e acho que Portugal é um exemplo — de aproximação da Ciência ao público. Como o Ciência Viva, que é, de facto, a grande razão pela qual nós, no Eurobarómetro, estamos tão bem posicionados. A Áustria, neste momento, está em último lugar do Eurobarómetro na confiança na Ciência, e isto é um paradoxo. A Áustria, que investe 3,1 % do PIB em Ciência está no último lugar, porque os cidadãos não têm confiança na Ciência e acham que a Ciência não serve para nada. Portugal, que investe apenas 1,7 % — muito abaixo das necessidades do país — está em primeiro lugar, porque as pessoas percebem que a Ciência e a tecnologia são fundamentais para a nossa vida. Então, na Áustria, dizem que é necessário arranjar maneira de sair do último lugar e pensam: “Temos aqui o Nuno Maulide, que é português, vamos começar a envolvê-lo e descobrir qual é o segredo de Portugal, vamos copiar e fazer a mesma coisa.” A primeira coisa que a Rosalia Vargas, do Ciência Viva, diz, é sempre: “Isto demora uma quantidade de tempo, que não é previsível ou antecipável, a realizar.” A Rosalia conta que o trabalho se iniciou em 1996, que durante toda a primeira década do século XXI estávamos no último lugar do Eurobarómetro. Eles até tinham medo quando saía o Eurobarómetro, diziam: “Lá vem mais um daqueles, lá vamos nós aparecer no último lugar. Que vergonha!” E o Mariano Gago só dizia: “É para continuar, é para continuar. Estamos no bom caminho, é preciso continuar.” É um daqueles trabalhos de fundo que a pessoa vai fazendo, fazendo, fazendo, fazendo, e parece que não está a dar nada. Depois, de repente, dá-se conta de que não só está a dar, como já deu tanto que se consegue o primeiro lugar. É um bocadinho como quem vai ao ginásio: uma pessoa está fora de forma e tem 20 quilos a mais, não tem energia para fazer nada. Não é por ir esta semana três vezes ao ginásio que, de repente, vai ter o corpo do Ryan Gosling. Nem é por, na semana a seguir, ir mais três vezes, porque são mudanças incrementais que demoram muito tempo até passar o ponto em que se nota realmente uma mudança perceptível. Folheei recentemente o livro “Hábitos atómicos” que tem uma mensagem semelhante: as coisas demoram e são tão progressivas que a mudança não é percetível nem previsível. Depois, há uma determinada altura em que apesar de já haver uma mudança brutal, ela não nos salta à vista porque nos comparamo com o que vimos ontem e não com que vimos há um ano, certo? E nessa altura alguém que está de fora faz uma avaliação e diz: “Vocês estão lá em cima, comparados com todo o resto da Europa.”

Quais foram os principais fatores para essa mudança? 

Penso que a vontade política sustentada, independente da composição dos governos, foi muito importante. Ter um orçamento definido, que não se modificou por causa de mudanças políticas, ter uma estratégia definida, que não se alterou por causa de mudanças políticas, é um factor muito importante. Quem tem esse tipo de confiança política e essa capacidade de planear a longo prazo pode fazer coisas de maneira diferente. Pode, por exemplo, relacionar-se com as autarquias de uma maneira muito mais fácil. A criação dos Centros Ciência Viva foi importante, sobretudo com a forte prioridade de ir a sítios que não são os grandes centros urbanos, porque é aí que se pode ter um impacto maior. Portanto, há toda uma vontade de levar a Ciência aos sítios onde ela é mais precisa. Não é em Lisboa, provavelmente, que será tão necessário convencer as pessoas do valor da Ciência, será mais na província, no interior, em algumas cidades que são cidades grandes, mas que estão fora dos centros de decisão. Além disso, a Ciência Viva tem ideias fantásticas, nomeadamente a política de os professores poderem estar destacados para trabalhar um ano letivo inteiro no Ciência Viva e, com isso, estão nos centros a receber alunos de todas as escolas daquela região. Todos os dias, vêm classes e turmas de todas as escolas daquela região para fazer experiências, para aprender coisas, para ver Ciência. Acho que isso aproximou a Ciência da sociedade e, por isso, é um trabalho de fundo. Porque tudo o que faço hoje com classes de alunos entre (por exemplo) os sete e os 12 anos, só vai realmente dar fruto quando essas pessoas chegarem à maioridade e transportarem consigo a ideia de: “Vou estudar Filosofia ou Direito, mas quando eu era criança, lembro-me de fazer experiências de Química e perceber que a Química é fascinante e pode explicar fenómenos do dia-a-dia.” Diria que os maiores aliados da Ciência são as pessoas que não trabalham em áreas de Ciência, mas que percebem o seu valor. Porque quem faz um curso de Física, de Matemática, de Ciências Naturais, já será aliado: é quem não vai para a universidade que nós temos de sensibilizar. É, se calhar, quem nem passa do nono ano que precisamos de aproximar mais à Ciência e tecnologia, porque essas pessoas são as mais vulneráveis às teorias da conspiração. O Ciência Viva, indo às escolas, consegue, pelo menos tendencialmente, apanhar toda a gente. Eu, enquanto aluno, não me lembro uma única vez de ter feito nada que fosse fora do normal, fora do programa, em matéria de exposição à Ciência. Hoje, não haverá muitas crianças que passem pela escolaridade obrigatória e não tenham ido, pelo menos uma vez, a um Centro de Ciência Viva.

Dizia há pouco que o sistema europeu está muito centrado na figura do professor. Como é que invertemos essa centralidade e construímos um ensino centrado no aluno? 

Acho que, sobretudo em Portugal, mas é capaz de ser um fenómeno europeu, a figura do professor é uma figura complexa. Os professores, sabemos todos, não têm as melhores condições de vida ou de trabalho. Não é uma carreira particularmente gratificante, não me parece que tenham condições salariais particularmente boas: não sei se isto é algo geral no continente europeu ou se é mais um problema do nosso país. Portanto, é cada vez menos uma profissão para a qual consigamos atrair os nossos melhores talentos. Há quem diga: “És tão inteligente, porque é que vais ser professor do ensino secundário?” Quando, na verdade, estas pessoas estão ali com uma função fulcral. Quantos dos meus alunos de Química na universidade só estão em Química porque tiveram um professor ou uma professora no secundário que os apaixonou para a disciplina? As nossas escolhas das disciplinas das quais gostamos e não gostamos são 99 % motivadas pelo professor. Conheço muito poucos alunos que possam adorar uma disciplina para a qual o professor não os consegue cativar. Conheço muito pouca gente que não consiga pelo menos ver interesse numa disciplina em que o professor é excelente, mesmo que possa dizer que não é aquilo que gosta, nem é algo que gostasse de estudar durante quatro anos na universidade. Mas acha que a disciplina está muito bem explicada, faz todo o sentido e é divertida. Por isso, a importância dos professores no ensino secundário e básico é muito grande. Paradoxalmente, está em dissonância com o papel e relevo que a sociedade lhes dá, e acho que era aí que devíamos começar. Devíamos encontrar uma forma qualquer de tornar a carreira do professor muito mais apelativa, até porque existem muitas escolas onde não se encontram professores para certas disciplinas. Ouvi dizer de uma amiga que, durante todos os anos do secundário, os seus filhos nunca tiveram um professor fixo para certas disciplinas, como o Inglês. Há certas disciplinas em que não se encontram professores, mesmo em escolas privadas, vem sempre um professor substituto que dá uns quantos meses e depois vem outro, mas que não têm pessoas porque não há ninguém para dar essas aulas. Tendo professores mais motivados, mais competentes, mais valorizados, com uma carreira mais atrativa, se calhar, mais facilmente, esses mesmos professores conseguem ser criativos o suficiente para encontrar modelos de aula que permitam retirar essas barreiras da mente dos alunos. Eu diria que é por aí… Até porque os professores do ensino secundário são os meus maiores aliados. Os meus livros têm o sucesso que têm, porque os professores do secundário decidiram que aqueles livros e aquelas larachas que eu contei ali, valiam a pena ser integradas num currículo de Química do nono ou oitavo ano. Enviam-me cópias de exames e de testes que se referem explicitamente a capítulos dos livros. 

Isso também deve ser muito gratificante para si...

Então, não é? É gratificante e deixa-me completamente espantado! Nunca na vida eu esperaria... Mas aqueles livros têm uma coisa que os professores acham valiosa: a ligação destes conceitos da Química, que são, por vezes, muito abstratos, com algo do nosso dia-a-dia. Por exemplo: a estrutura de uma molécula é algo extremamente abstrato. Quando olho para uma laranja e sinto o seu aroma, o que estou a sentir e a cheirar, aquele aroma, é um anel de seis membros com dois substituintes a sair de cada ponta, que é uma visualização completamente abstrata, porque não vejo na laranja esse hexágono com esses substituintes. Portanto, o que o livro faz, com algum sucesso, é transportar estes conceitos muito abstratos, que são conceitos difíceis, para coisas tão palpáveis e tão óbvias no dia a dia, que a relação entre os dois se torna muito mais evidente. Acho que é por isso que os professores talvez lhe acham piada em termos de ensino. 

É esse o papel do ensino? Descomplicar problemas complexos?

Sim, porque o ensino é sempre mais eficiente e mais eficaz na transmissão da sua mensagem quando consegue reportar-se a algo que faz parte do pacote de vivências do aluno. É sempre mais fácil explicar algo que possa imediatamente ter uma associação direta com um fenómeno que se vê todos os dias ou que já viu o ano passado. Acho que isso torna a mensagem muito mais indelével, fica gravada e não sai mais da memória. Como aluno, lembro-me de que algumas das coisas que ficaram mais gravadas na minha memória são aquelas em que os professores usaram ou uma mnemónica, ou um acrónimo qualquer fácil de lembrar, ou uma frase feita que é tão divertida ou tão ridícula que, por si, fica gravada na memória num espaço específico. Sempre que eu preciso vou lá, puxo pelo acrónimo, pela mnemónica, e sai aquilo tudo. É quase como ter uma tag [etiqueta] que fica pendurada de fora, e eu só preciso de puxar e sai tudo o resto... enquanto que a maior parte do conhecimento está fechado dentro de uma gaveta, e eu para o encontrar preciso antes de saber qual é a gaveta certa e, às vezes, tenho de procurar nas gavetas todas. Não é uma experiência que já teve nos exames? Às vezes, está a ver uma pergunta e até sabe que sabe o necessário para responder à pergunta, mas não sabe em qual das gavetas é que está e tem de as abrir todas, que é uma chatice. Os alunos do secundário e do ensino superior têm um bocadinho aquela tendência para perguntar: “Para que é que isto me serve?” Mesmo os alunos que tenho na Química Orgânica na Universidade de Viena, às vezes, perguntam-me: “Porque é que tenho de saber isto? Isto não me serve de nada.” Mas não é um pequeno pedacinho de conhecimento que te vai servir, o que vai servir é a organização de conceitos na tua cabeça e a forma como estruturas o saber na tua cabeça e como estruturas o teu cerebro, que só podes desenvolver desta forma se conseguires perceber este tipo de conceitos. Mas é sempre difícil, e às vezes, parece que nos esquecemos por estamos tão obcecados com: “Têm de saber isto tudo, têm de ter estes conceitos todos na cabeça porque o programa da disciplina diz que sim.” Quando, na verdade, o verdadeiro valor do ensino é uma dimensão-meta. Está por cima de tudo isto, é aquela big picture que só se adquire quando se tem pequenos pedacinhos de conhecimento estruturados e alicerçados uns nos outros como peças de lego que se vão construindo umas em cima das outras. 

É conhecido por essa atitude de descomplicar problemas complexos. Já encontrou algum problema ou fenómeno que ainda não tenha conseguido traduzir para o cidadão comum? Há algo ainda demasiado complicado para descomplicar? 

Nuno Maulide no Oeiras Ignição Gerador 2023. Fotografia de Bárbara Monteiro/Gerador

Tudo, tudo. Na investigação científica, pelo menos nas ciências naturais, há sempre um objetivo de publicar os resultados obtidos numa revista científica e, entre estas, acaba por existir uma certa hierarquia. Há revistas muito muito boas, aquelas em que toda a Ciência poderia aspirar a ser publicada: a Science e a Nature, que são revistas de alto impacto, porque publicam aquilo que é (em princípio) mais relevante em qualquer área da Ciência. É muito difícil ter um artigo na Science, para alguns investigadores pode ser uma vez numa carreira inteira, e a maior parte das pessoas pode nunca conseguir publicar um artigo nessas revistas. nós publicámos um trabalho, em 2018, na Science. No meu Departamento de Química da Universidade de Viena, toda a Química, nos últimos dez ou quinze anos, é capaz de ter tido um artigo na Science, que foi o nosso. Não é um prémio Nobel, mas é um feito difícil de atingir – e, no entanto, não conseguimos explicar de forma fácil o que tínhamos feito… Foi uma descoberta tão ground breaking [inovadora], tão relevante, que o artigo passou limpinho, nem sequer houve grande oposição. Todas as pessoas e os colegas da área mandaram e-mail a dizer: “Li o teu artigo, parabéns!”, “Muitos parabéns, acabei de ver que tens este artigo na Science, que maravilha! Trabalho fantástico, excelente artigo, excelente trabalho”. Depois, quando chegou a altura de escrever o press release [comunicado de imprensa], percebi logo: este trabalho não se deixa explicar de forma simples e, portanto, tivemos de pegar por um ângulo que não é sequer um ângulo que permita ao leitor comum perceber por que é que isto é tão valioso. Explicámos algo para fazer uns compostos que são valiosos contra o cancro… Quer dizer, há todos os dias artigos sobre compostos que são valiosos contra o cancro, por isso, o que é que isto tem de tão especial? Foi difícil, demos ali a volta, mas haverá sempre casos em que um avanço notável para a investigação não é fácil de perceber para a população geral. Digo-lhe que, todos os dias, o Nuno Maulide (que as pessoas acham que consegue explicar tudo e consegue vender neve a um esquimó), encontra dificuldades em matéria de comunicar Ciência, e até a Ciência que o seu próprio grupo de investigação faz. 

Parece que, quanto mais se percebe de algum assunto, pode ser mais difícil explicá-lo. De repente, todos os detalhes parecem importantes e, para o leitor comum, podem ser esses detalhes que dificultam a compreensão…

É verdade, e não só os detalhes, temos de simplificar a mensagem. Muitos dos meus colegas debatem-se e sofrem com a necessidade de simplificar a mensagem, porque sentem que com cada simplificação, a mensagem se está a perder ou a perder valor ou que está a tornar-se incorreta. É um dos grandes desafios essa capacidade de simplificar. Quando nós simplificámos a mensagem até ao ponto de compostos para combater o cancro, simplificámos a mensagem imenso e, se calhar, até lhe retirámos uma grande parte do rigor e daquilo que realmente caracterizava a mensagem, mas não encontrámos outra forma. Acho que é daqueles casos em que “os fins justificam os meios”. Aliás, penso que é aí que está a parte divertida da comunicação de ciência, cada comunicador de ciência tem esta escolha a fazer. Esta imagem que tenho de empurrar as paredes — que me ocorreu agora consigo, nunca tinha pensado nisto assim — e com esse empurrar de parede vamos aumentando o conhecimento científico, acho-a tão satisfatória e tão agradável, que me tenho referido a ela durante a entrevista várias vezes e se calhar vou começar a usá-la com mais frequência. No entanto, não é difícil encontrar aspetos em que poderia comentar que essa imagem não está correta ou não reflete de forma 100% correta a investigação científica. Por exemplo: reduz a investigação científica a um empurrar de uma parede, quando, na verdade, a geração de ideias de investigação é algo de muito mais criativo do que simplesmente pôr as duas mãos numa parede e empurrar. Outrém dirá que é uma imagem redutora, porque a Ciência não avança só em quatro direções. Está a ver? Cada vez que eu reduzo algo a uma imagem, estou necessariamente a introduzir erros e a fazer coisas que se calhar não são 100 % corretas, mas é a minha escolha pessoal, como investigador e como comunicador, dizer: “Tudo bem, tens razão, não é bem assim, mas eu acho a imagem poderosa demais para não a utilizar, apesar de estar consciente dos seus problemas.” Acho que é isso que é divertido dentro da comunicação da Ciência, é cada um tomar esta sua própria decisão. 

Tendo publicado o seu artigo na Science e tendo recebido múltiplos prémios e distinções ao longo destes anos, há algo que ainda tenha a ambição de conquistar?

Depende. Esse algo é o quê? 

Diga-me você... 

Se está a falar de prémios, eu dou sempre uma resposta tipo “latinha de conserva” que é: não se deve e é pernicioso na Ciência trabalhar para prémios, porque eles podem chegar ou podem não chegar. São valiosos, são uma medida de que estamos no caminho certo e de saber que quem está de fora acha que estamos a fazer as coisas bem. No entanto, há muita gente que ganha prémios Nobel sem nunca ter vencido prémios nenhuns durante a carreira, porque demorou imenso tempo até alguém se aperceber de que aquilo realmente tinha valor, e, quando as pessoas chegaram à idade em que se começaram a aperceber-se, se calhar já eram velhas demais para receber os prémios clássicos. Diria que não há nenhum prémio que me interesse ou que eu esteja desesperado por ganhar, graças a Deus. Em outras áreas com no Desporto é diferente, mas acho que é impossível fazer ciência com o objetivo de ganhar prémios. Em termos de descobertas, sim, há imensas reações químicas que eu gostava de inventar e descobrir. Depois, há a grande descoberta científica que acho que ainda estamos muito longe de lá chegar, que é a pergunta do meu segundo livro: “Como Desvendar o Quebra-Cabeças da Origem da Vida?” É um exemplo de uma pergunta a que, muito provavelmente, daqui a cem anos ainda não teremos conseguido responder. Em termos científicos, há imensa coisa por descobrir, e eu estou muito consciente disso. Em termos de reconhecimento pelos meus pares, considero-me muito afortunado por ter vencido tantos prémios. Se me perguntar se não gostava de ganhar o prémio Nobel, digo-lhe que não sei... Primeiro, acho que não fiz nada que valesse o suficiente para ganhar um, e, segundo, tenho um bocadinho de medo desse tipo de prémios que se perfilam como the ultimate prize, porque o que se faz depois disso? Há casos de pessoas que ficam um bocadinho: “Então? Já ganhei este e agora?” Se calhar, é melhor não pensar muito em prémios e pensar mais em avanços científicos. O que eu também gostava era de fazer descobertas com valor comercial, nomeadamente conseguir participar na translação dessas descobertas para uma aplicação com relevância económica. No fundo, é aquela ideia de, a partir de algo puramente científico e puramente investigação fundamental, se gerar um contexto em que criamos postos de trabalho, em que criamos atividade económica, em que há produtos que estão a ir para os mercados e que as lojas e as pessoas compram. É mais esta satisfação mental de uma ideia, provavelmente com base numa pergunta do tipo, “Porque é que o céu é azul?”, resultar numa coisa que, de certa forma, melhora a qualidade de vida das pessoas, ou pelo menos, contribui para uma melhoria do nível de vida da sociedade. Penso que qualquer um de nós, cientista ou não cientista, qualquer pessoa, consegue reconhecer o valor emocional desse tipo de descobertas. 

Já tem alguns planos para alcançar esse objetivo?

Muitos. Mas a aplicação económica da investigação é um problema muito complexo e difícil. Isto é como aquela coisa do atirar o barro à parede. Pode ser que, se tiver umas 20 ideias destas, talvez uma realmente consiga chegar a bom porto. 

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29 Maio 2025

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Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

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Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

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Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

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Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

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Jornalismo e Crítica Musical [online]

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Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

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Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

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