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O underground desmaterializou-se, mas está mais vivo do que nunca

Definir underground é uma tarefa difícil. Não é linear a separação de manifestações e objetos…

Texto de Sofia Craveiro

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Definir underground é uma tarefa difícil. Não é linear a separação de manifestações e objetos culturais underground de fenómenos mainstream (massificados ou generalizados). Podem confundir-se ou influenciar-se mutuamente, mesmo que de forma indireta. Para os envolvidos, é sobretudo uma forma de estar, uma postura contrária àquela que é vigente, uma divergência difícil de clarificar. Para quem está de fora, pode ser apenas um mundo desconhecido, cujos meandros ainda estão por explorar. Seja como for, há sempre um elemento diferenciador, um padrão estético alternativo e uma postura inconformada, ainda que não seja possível olhar a realidade de forma dual.

Ao falar com várias pessoas envolvidas em projetos emergentes ou estéticas alternativas, descobre-se que não existe uma definição estanque, clara, mas antes um conjunto de fenómenos, iniciativas e comunidades em constante mutação.

Paula Guerra, professora no Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora no Instituto de Sociologia da mesma instituição, que estuda várias temáticas relacionadas com arte, subculturas, mudanças sociais e é autora de livros que incidem sobre os movimentos punk, hardcore, DIY e underground, explica, em entrevista ao Gerador, que “o underground é uma construção. Não existe em si. Existe sempre contingencialmente, sempre inacabado”. O problema, segundo diz, está no facto de existirem hoje muitas iniciativas “cooptadas e vendidas como alternativas, ou como underground, quando na verdade não o são”. “Isso é uma questão de partida com a qual nos deparamos constantemente”, diz a investigadora.

Pensar em underground é – indo à raiz da palavra – pensar em algo que está subalternizado, “abaixo” do sistema vigente, mas, percebemos que é mais complexo que isso.

Para Inês Coutinho, co-fundadora da Rádio Quântica, o underground “é aquilo que parece que voa por baixo dos radares, tanto dos programadores, como dos media, da press, das rádios e que acaba por ter de criar as suas próprias estruturas de DIY [Do It Yoursef ou “Faz tu mesmo”], para poder existir e para ter um espaço, porque essa plataforma não lhes é dada naturalmente”. 

Fotografia de Filipa Pinto Machado
Ecossistemas de criação

Esses espaços ou plataformas surgem de forma orgânica, como alternativa às grandes estruturas, e acabam por fazer parte de ecossistemas complexos de artistas, produtores, promotores, fãs, públicos. A Rádio Quântica é, aliás, um bom exemplo disso mesmo.

Fundada em 2015, pelos DJs e produtores Inês Coutinho (também conhecida por Violet) e Marco Rodrigues (Photonz), assume-se como um “refúgio seguro onde as vozes de artistas e ativistas underground podem ser ouvidas”. Nasceu pela vontade de dar palco a talentos emergentes, não só no âmbito de divulgação, mas também “sob uma perspetiva autoral, de dar liberdade total a cada artista para explorar o formato de rádio, à maneira que lhes apetecesse”, afirma Violet. Além disso, surgiu com um intuito comunitário, de estrutura inclusiva e não discriminatória para com artistas de todas as cores, credos, géneros ou queer.

Hoje, a Rádio Quântica é um coletivo com cerca de centena e meia de pessoas, desde artistas, a locutores, programadores e colaboradores. Cresceu pelo passa-palavra, pelo convite feito ao amigo do amigo, que acabava por participar e trazer outro amigo. Tornou-se uma associação cultural e, além do estúdio, ocupa um espaço de convívio e eventos, o espaço Manta, que é partilhado com a Mina e a Rabbit Hole (também elas estruturas ligadas à cultura alternativa).

Esta é uma rádio “que acolhe toda a gente”. “Não está à procura de artistas gigantes ou médios. É indiferente. É por amor à música. E há pessoas que começam na Quântica, e se calhar nunca tocaram antes... crews que se desenvolvem... e depois todas as pequenas editoras que saiem daí”. A afirmação é de Maria Guedes (ou Maria Amor), que, em conjunto com João Ervedosa (Shcuro aka José Acid) fundou a editora Paraíso.

Shcuro e Maria Amor. Fotografia via Instagram Paraíso

Conheceram-se por volta de 2010, 2011, quando o dubstep começou a surgir e a aglomerar interesse em Portugal. As festas do género “eram em sítios que já nem existem”, organizadas por “pessoas que já nem fazem coisas”, diz Maria. Ambos são designers. Ambos são, também, DJs e produtores de música. Ambos têm uma paixão especial por música eletrónica que foram aprendendo e aperfeiçoando de forma autónoma (foi o que aconteceu com a maioria dos artistas com quem falámos).

Os dois reconhecem a importância de estruturas como a Rádio Quântica, que consideram uma plataforma de lançamento para os artistas emergentes. Dizem mesmo que a editora que fundaram, a Paraíso, não existiria sem esta rádio, onde desenvolveram um programa de entrevistas.

O nome que escolheram honra o “paraíso” de música eletrónica que foi o Portugal dos anos 90/2000, no tempo da mítica editora Kaos. Nessa altura, as raves e festas de música eletrónica em Portugal tomaram grandes proporções e invadiam espaços como catedrais, conventos, castelos, armazéns e barracões, mas nunca de forma ilegal. Contrariamente ao que acontecia noutros países, aqui a polícia colaborava e não existiam restrições de horário ao consumo de álcool. Este facto levou um jornalista da revista inglesa Muzik, a usar a expressão — “a paradise called Portugal” (ou “um paraíso chamado Portugal). A expressão cristalizou, popularizou-se e serviu de inspiração para a editora.

Esta nasceu por perceberem “que havia mais gente com a paixão por esta cena original da música de dança em Portugal e inspiravam-se muito nisso”, diz João Ervedosa. Uma inspiração que, aliás, continua no imaginário coletivo dos aficionados de música de dança e atravessa gerações.

Mas, se estamos a falar de underground, de algo que não é (supostamente) generalizado, será um paradoxo referir um episódio que é popular e que muitos conhecem?

A investigadora Paula Guerra diz que não será assim tão linear. “Muitas das manifestações do underground, nos últimos 60 anos, têm-se vindo a institucionalizar e nós temos consciência disso”. De tal forma que algo que nasce underground não deixa necessariamente de o ser, caso se popularize. É tudo uma questão de postura.

 “Hoje, já não vivemos uma lógica de capitalismo de massas, como por exemplo na altura do Taylor ou do Ford, em que houve um [carro] modelo T e convinha a toda a gente”, explica. “Hoje há uma lógica de nichos, mas não quer dizer que essa lógica de nichos seja propriamente não capitalista. E isto é o grande problema. É a grande questão que nos mobiliza a refletir continuamente”, afirma.

De acordo com Paula Guerra, “o círculo da autenticidade — ou o do underground — acaba por se reverter em consumo, e isso chama-se capitalismo tardio ou capitalismo avançado. É um capitalismo, não de massificação, mas de diferenciação, já que “a compra de coisas encaradas como diferentes está estandartizada. Há, portanto, uma normalização do diferente, que se agrupa consoante as suas muitas variantes.

A questão que se coloca, de acordo com Marco Rodrigues, não é tanto a de ceder ou não ao capitalismo (pois este é omnipresente). “Podes ser anticapitalista e participar no capitalismo como estratégia de sobrevivência”, diz. Ao invés, a contestação e a postura anticonformista vê-se no uso que é feito, como este é encarado e como as suas estruturas são utilizadas. “Acho que [se deve] usar o capitalismo e as suas ferramentas, de maneira a tentar adulterá-lo de alguma forma”, defende. “Porque, no underground, temos coisas que não sobrevivem ao teste do mercado. Logo, em essência, acabam por não ter lugar no capitalismo, mas nós podemos tentar usar aquilo que está à nossa disposição para subverter essa lógicae dar primazia à arte antes do lucro. “É-nos imposta uma série de estruturas sem as quais é difícil fazer a coisa funcionar. Nós temos de as ocupar”, afirma o cofundador da Quântica.

Plataformas digitais e o novo DIY

É isso que faz Diogo Cabral. Sob o nome Cabril, produz e divulga música através das plataformas digitais mais famosas, com enfoque no SoundCloud, onde diz estar a “verdadeira música underground”. Integra o coletivo/editora Armário Records, que produz e lança álbuns de hip hop, em grupo ou de forma individual. O nome retrata o início das primeiras experiências, quando usavam um microfone de má qualidade que os obrigava a cantar dentro de um armário, para obter melhor som. Desde essa altura, o grupo tem vindo a evoluir e a colecionar experiências, que ganham de forma comunitária. “Isto é uma coisa que é mais bem feita se for em conjunto do que se formos individualistas. Sozinho não se chega a lado nenhum”, diz.

“Conhecer e falar com outras pessoas abre portas a muitas coisas, gera conhecimento, partilha de informação. O que é importante é a partilha de informação, e ajudarmo-nos uns aos outros”, acrescenta, deixando críticas a quem não pensa da mesma forma.

Coletivo Armário Records. Fotografia de Pedro Alves (Angrypete)

No caso de específico de Cabril, o interesse pelo instrumental surgiu por acaso, pelo convívio com amigos que gostavam de rimar. Juntou o útil ao agradável e passou a dar ritmo aos versos de outros. Não tendo conhecimentos técnicos sobre a produção de música, foi descobrindo aos poucos, com pesquisa e experimentação. “O YouTube é meu professor desde pequenino. Em tudo”, diz.

De facto, Diogo Cabral é um exemplo paradigmático do que acontece na génese de muitos projetos underground: há um interesse, uma vontade de criar e uma consequente aprendizagem autónoma, frequentemente feita através de vídeos e explicações disponíveis na Internet. Há um fazer por si próprio, um Do It Yourself (DIY) digital, que abriu novas portas a criações de todo o tipo.

Abriu portas à criação e não só, já que a abertura trazida pelo underground também se pode traduzir em inclusividade. Yen Sung, DJ residente do LuxFrágil com uma vasta carreira na música da dança em Portugal, reconhece que, atualmente, é bem mais fácil enveredar por esta profissão. “Se, por um lado, [a tecnologia e as plataformas digitais] vieram democratizar esta possibilidade, por outro lado também veio facilitar bastante, o que significa que quase qualquer pessoa pode fazê-lo, tem acesso, independentemente da vocação.” Em entrevista ao Gerador, explica que esta democratização é um pau de dois bicos: se por um lado abre possibilidades, por outro, torna mais difícil separar o trigo do joio. “É uma coisa boa porque facilita a todos, mas por outro lado dificulta as escolhas e o filtro”, explica.

Sendo pioneira na indústria da dance music em Portugal, assume ter enfrentado grandes dificuldades durante o seu percurso, devido ao facto de ser mulher. “A questão não era o que acontecia quando eu estava a pôr música, era todo o processo até lá. O acesso à música, para comprar música, a visibilidade, os contratos, as viagens, toda a logística, toda a forma como me encaravam” era muito difícil. Hoje, acredita que o meio está mais inclusivo, também em resultado das possibilidades trazidas pelas ferramentas digitais, e da abertura que estas trouxeram.

Rui Gameiro, diretor e fundador da Threshold, revista online dedicada a vários géneros de música e cultura underground, diz mesmo, que, atualmente é “quase impossível” começar um projeto do zero sem recorrer a plataformas digitais (uma opinião que, aliás, é comum ao restantes entrevistados). “Se não houver uma presença online, é quase como se não existisse, porque é partir daí que se ouve música e se conhece”, diz Rui Gameiro.

 “Neste momento, se não há música online não se consegue chegar às pessoas, porque até aqueles artistas que nem sequer revelam a sua identidade, acabam por ceder a esta era do streaming, disponibilizando os seus trabalhos no Spotify como nas outras plataformas”, diz o responsável que é, também, analista químico de profissão.

Mas também há quem não pense assim. Carlos Ferreira, guitarrista e baixista na banda de rock psicadélico Asimov, diz não investir muito tempo nas plataformas digitais, pois cada banda que ali divulgue o seu trabalho “é como uma gota num oceano”. “Nós não temos nada contra ninguém fazer [o que quer que seja], mas até que ponto nos é vantajoso?”, questiona.

Assume dar primazia ao vinil que, no caso da sua banda, “é algo mais natural”. “A cena física tem o aspeto visual, mnemónico. Tu vês, sabes, sentes e limitas [a experiência] um pouco mais”, explica o músico.

Fotografia Pedro Roque/ Eyes of Madness via Facebook Asimov
Realidades que não se excluem: o objeto físico como complemento

De facto, a criação de música em formato digital não excluiu os objetos físicos. O gosto pelo vinil, CD e cassete continua vivo e complementa o lançamento em plataformas como as já referidas SoundCloud, Spotify, BandCamp ou YouTube. No underground, a grande diferença é que tudo é feito, de uma forma geral, pelos próprios artistas ou produtores, “artesanalmente”.

Na Rotten Fresh é habitual que a produção de música em formato digital seja acompanhada de um CD-R “feito da forma o mais DIY possível”, que é vendido a quem queira apoiar esta editora underground. “O formato físico também surge um bocado para justificar o formato digital”, diz Diogo Oliveira.

O fundador desta editora de música eletrónica, assegura que o digital é incontornável, mas, apesar disso, diz que “nunca comprou música digital na vida”, pois acredita que o “que vai parar à Internet deve ser gratuito”.

Rottenfest, evento produzido pela RottenFresh. Fotografia de Filipa Pinto Machado


“Se for preciso comprar, prefiro comprar pelo objeto físico, porque já tive discos externos, cheios de música, que se desintegraram e perdi tudo. Até pode haver um incêndio em minha casa, mas a possibilidade de eu perder um disco externo, é muito superior à possibilidade de eu perder todos os discos que comprei na minha vida”. Além disso, diz que “quem, de facto, quer ajudar os artistas, continua a comprar o formato físico”.

Rafael Brazuna também afirma a importância dos objetos. Ligado à cena punk/hardcore desde o início da adolescência, no final dos anos 90, fez profissão da venda e distribuição de discos de vinil. A loja Neat Records, que cofundou, em Lisboa é o seu maior empreendimento, que surge a par com a constante atividade como baterista em bandas como Subcaos, Atentado ou Etacarinae. “Agora tenho uns projetos novos que são os Carnage e os Asco”, conta.

Dentro do seu género de eleição, diz que o vinil sempre foi um objeto de culto, ainda que exista a perceção de se ter vindo a popularizar na última década. “Claro que os discos que se vendem hoje em dia são radicalmente diferentes dos discos que se vendiam há 25 anos”, pois as edições têm menos exemplares.

Neat Records. Fotografia de Sofia Craveiro

Afirma que a realidade atual “é muito diferente daquela que nós vivemos nos anos 90, com tudo de bom e de mau que isso acarreta”. O mau, segundo diz, é a falta de envolvimento profundo nos movimentos. “As pessoas que antigamente estavam envolvidas, estavam verdadeiramente envolvidas. Tinhas mesmo de querer fazer parte daquela cultura – ou como lhe queiras chamar — e tinhas de sair à rua”. Hoje, isso deixou de ser necessário, porque é mais fácil dizeres isto ou aquilo, levantares bandeiras, sem efetivamente estares envolvido”.

Underground além da música: fanzines

Que não se pense, no entanto, que esta ideia de culto dos objetos físicos se restringe à música e aos seus diferentes suportes. Um elemento relevante do underground e da chamada cultura DIY, são os fanzines. Este género de revista feita e distribuída artesanalmente pode incidir sobre qualquer tema, apresentar qualquer formato e ter qualquer periodicidade que o autor queira. “Um fanzine é o que o seu criador quer que seja. Não há limites editorais”, diz Fernando Ferreira.

Fanzines à venda na Neat Records. Fotografia de Sofia Craveiro


Fernando é um aficionado dos fanzines. Dono de uma livraria de Banda Desenhada (Dr. Kartoon) em Coimbra, sempre apreciou o lado da cultura alternativa, “seja na publicação editorial, musical ou artística”. Criou a Fanzineteca (biblioteca de fanzines), que resulta da vontade de partilhar com outros a vasta coleção que detém. “Pensei que fazia mais sentido os fanzines verem a luz do dia e serem mexidos e lidos por outras pessoas que, tal como eu, gostam de publicações alternativas, sejam elas de que género forem” explica, referindo-se ao espaço que atualmente ocupa na Casa das Artes Bissaya Barreto, em Coimbra.

A coleção que reuniu vem acompanhada de um grande conhecimento sobre o assunto que explora há muito tempo. Ao Gerador, explica que o objetivo destas fanatic magazines “é dar voz a quem não pertence ao mundo dos grandes media”. “Usemos como exemplo os fanzines do movimento punk que eram mais do que simples folhas agrafadas ou dobradas. O fanzine representava a estética e os ideais de uma subcultura inteira, era uma publicação em versão condensada de uma revolta cultural contra o autoritarismo. É uma forma de cultura underground (cultura de combate e resistência)”, explica.

Biblioteca de fanzines, em Coimbra. Fotografias cedidas por Fernando Ferreira

Com o advento da Internet e dos meios digitais terá esta forma de expressão caído em desuso? “Ora aqui está um facto que eu acho, no mínimo, interessante”, responde. “Com a Internet e com este mundo digital e tecnológico, tornou-se não só mais fácil criar/produzir fanzines devido às ferramentas de edição de imagem, paginação, etc.,  como o contacto com outros autores e distribuidoras de fanzines (as distro) ficou mais fácil e rápido. Agora, se quisermos contactar um fanzinista da Nova Zelândia, é imediato. Antes demorávamos, pelo menos, uns dois meses. Demorava, mas se calhar era mais romântico desta forma”, explica o também responsável pelo site “mais antigo de Portugal dedicado à cultura japonesa”.

De facto, a investigadora Paula Guerra assegura que os fanzines “estão num dinamismo enorme”. “O papel transmutou-se, as temáticas estão cada vez mais interessantes. Extravasaram a música, por exemplo. Foram para questões do dia a dia, da vida. Questões femininas, ecologia feminina”, mas também questões de género, LGBTQI+, questões ambientalistas, as questões dos direitos dos animais”. Há, até, fanzines que se desmaterializaram, e extravasaram o papel, existindo em formato escrito digital ou até sonoro (podcast). “Neste caso, chamam-se e-zines”, diz a coordenadora da Kismif conference.

Texto de Sofia Craveiro
Fotografia de destaque cedida por João Ervedosa (Shcuro)

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