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Opinião de Sofia Dinis

Olá, eu sou a Sofia Dinis e sou artista

“Olá, eu sou a Sofia Dinis e sou artista” — nos últimos anos, esta tem…

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"Olá, eu sou a Sofia Dinis e sou artista" — nos últimos anos, esta tem sido a frase que uso para me dar a conhecer ao mundo. Sei que as pessoas me identificam pela arte que crio na pele e que divulgo no meu Instagram. Foi esse meio que me deu voz no mundo da arte e que fez com que fosse tão acarinhada. O que muitos não sabem é que eu, Sofia Dinis, vivo da expressão artística seja ela qual for. Não me limito ao meio que uso para comunicar e gosto de me expressar tanto através do desenho e da pintura, como das palavras. Só posso ser eu, só posso ser verdadeiramente feliz e realizada se tiver espaço neste mundo para dar ar e vida à minha arte.

Desde sempre que sou artista. Mal sabia andar, ainda caía e esfolava os joelhos, e já vendia bilhetes aos meus familiares para os meus espetáculos de música. Antes de compreender este mundo, de perceber todas as componentes da expressão, já eu apenas florescia como pessoa usando a arte como combustível. Qualquer banco, qualquer mesa, eram o palco em que me mostrava como artista, como comunicadora.

Em adolescente, comecei a ver no traço a minha libertação. Tenho psoríase e, aos 16 anos, o meu corpo transformou-se numa ferida. A pele que me protegia do mundo e que me resguardava virava-se contra mim com uma força que não sabia possível. Nessa fase, em que sair à rua era sinónimo de receber olhares de pena e de curiosidade, apenas encontrei a verdadeira liberdade enquanto criava dentro das quatro paredes da minha casa. A arte transformou-se no meu oxigénio, no meu céu, na minha natureza. Com 16 anos, a arte tornou-se o meu mundo.

Claro que, muito antes deste episódio marcante da minha vida, já tinha percebido a minha inclinação artística e a minha necessidade de comunicar com o mundo. Mas foi aos 16 anos que compreendi, sem qualquer réstia de dúvida, que a verdadeira Sofia era arte em ebulição, pronta a espalhar-se pelas ruas e recantos do mundo. Adolescente, agarrei-me à arte em todas as suas vertentes e jurei nunca mais a largar.

Desde essa altura, passaram-se 20 anos. Fui fazendo o meu percurso e nele encontrei centenas de pedras pelo caminho. Tropecei e esfolei os joelhos. Tive percalços que acreditava não serem possíveis e que jamais sonhei que poderiam vir a fazer parte da minha história. Neste trilho que fiz, vivi vários momentos em que a arte quase se perdia por entre a correria da profissão que chamava de minha.

Quando a vida que tinha escolhido para mim começou a despedaçar-se por entre os meus dedos, parei e escutei o que eu realmente queria. Decidi que a tatuagem seria o meu novo meio de expressão principal. A linha preta ganhou cor na minha vida e, em pouco tempo, muitas eram as pessoas que me procuravam para transmitir, através do meu traço, as mais variadas coisas. Nessa fase, a minha arte passou a não ser apenas minha, para fazer parte do mundo.

Amo o que faço. Amo a liberdade que tantas pessoas me dão quando me chegam com tela em branco e pedem-me para encher a sua pele de arte. Mas não é só este meio artístico que me dá vida.

Aceitei este convite porque sinto falta de me expressar de outras formas. Sim, sou conhecida pelo meu traço e pela arte que faço ao contar histórias na pele, mas quando digo que sou arte e que respiro arte, o que quero realmente transmitir é que sou arte em todas as suas formas. Desenhar é uma paixão, mas também as palavras tomam papel principal na história da minha vida. Sinto que com palavras consigo complementar aquilo que nem sempre o traço consegue. Há poesia no significado das palavras e há magia na forma como as podemos juntar para transmitir um pensamento, uma crença, uma memória.

Escrever para o Gerador dá-me oportunidade de partilhar com todas as pessoas uma vertente minha mais desconhecida. Dá-me oportunidade de ter voz e de brincar com as palavras. Dá-me espaço para chegar até ti usando a língua e as formas únicas de prosa que se podem criar.

Expressar-me em texto é, em si, uma forma de arte que abraço com todo o amor e que espero que chegue até ti. Agradeço-te por me leres e por me ouvires, porque, no final, toda esta expressão só me é possível porque tenho alguém desse lado que gosta do que faço e do que crio. Da mesma forma que agradeço a quem me permite ser arte no mundo da tatuagem, quero também agradecer a quem lê este texto, dando-me palco para me expressar através da minha língua.

O meu caminho é repleto de arte em todas as formas porque só assim posso ser realmente feliz.

Com amor,
Sofia Dinis

-Sobre Sofia Dinis-

Sofia Dinis é tatuadora, fotógrafa, designer, ilustradora, criadora de conteúdos e muito mais. Sofia Dinis é artista.
Nasceu e cresceu em Albufeira, mas foi em Lisboa que floresceu. Mudou-se para a capital para tirar a licenciatura em design de comunicação, no IADE, e foi nesta cidade que construiu todos os seus projetos. Teve um espaço de estética e deu formação na área, trabalhou como fotógrafa e designer e abraçou a tatuagem como hobby.
Em 2017, viu-se obrigada a repensar o seu percurso profissional quando fechou o seu espaço de estética e design e regressou a Albufeira. No meio do caos, decidiu que queria ser tatuadora a tempo inteiro e a 15 de fevereiro de 2018 regressou a Lisboa. Dava assim o primeiro passo para se tornar a tatuadora que toda a gente conhece.
O projeto SHE IS ART nasceu em pleno coração de Lisboa, numa casa de Air BnB de uma amiga. Durante duas semanas, Sofia tatuou 2 amigos e fotografou os trabalhos de forma a parecer que tinha um extenso portfólio. Desenhou o seu Instagram, desenvolveu a marca e, duas semanas depois, começou a receber vários pedidos para tatuar, não tendo parado desde então. Em menos de um ano, tinha mais de 50 mil seguidores no Instagram e uma lista de espera de 8 meses.
A marca SHE IS ART não parou de crescer ao longo destes 3 anos. Neste momento, é muito mais do que um projeto de tatuagens, é um projeto artístico. O ano passado, Sofia lançou o seu primeiro produto, o Diário 2021. Este ano, tem já planeados novos projetos para apresentar ao público. Afinal, criar faz parte da sua essência.

Texto de Sofia Dinis
Fotografia cortesia de Sofia Dinis

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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