fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

OS SENTIDOS DA MÚSICA #10

John Almeida – (Little Friend) Para se evocar um sentimento ou uma emoção através da…

Texto de Margarida Marques

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

John Almeida - (Little Friend)

Para se evocar um sentimento ou uma emoção através da música, o lado racional pode atrapalhar ou, pelo contrário, ajudar?

Eu acho sempre que atrapalha! Tento sempre ser instintivo quando posso e, por vezes, quando não posso. Sempre achei que pensar demasiado na música, quando se está a compor, lhe suga a emoção, lhe retira os sentimentos que nos fizeram querer escrevê-la. Tudo o que for muito técnico soa a falso, soa a plástico. Eu digo sempre que apesar de fazer música hippie, o meu espírito e (falta de) técnica são punk. Hippie-punk, sou eu.

Qual é ou quais são as músicas que fazem o teu corpo mexer?

Bem, isso é muito difícil, estar a limitar a uma ou duas músicas. São muitas as que me fazem mexer, mas há algumas que me vêm à cabeça: a ‘Queen Bitch’, do David Bowie; a ‘Babies’, dos Pulp; a ‘Dancing Queen’, dos Abba e a ‘Crazy in Love’, da Beyoncé. São uns exemplos de géneros diferentes que me fazem querer dançar.

E aquelas que te conduzem a um estado de espírito imediato?

Bem, são tantas! As músicas do Elliott Smith são um veículo que me transporta, sempre, para um tempo e um lugar específico e que me deixa alegre e triste ao mesmo tempo. A música ‘Good Dancers’, dos Sleepy Jackson, transporta-me sempre, deixa-me nostálgico. Com a ‘One More Time’, dos Cure; a ‘Holes’, dos Mercury Rev e a ‘Little Red Corvette’, do Prince é sempre assim também. A ‘Many Rivers to Cross’, a versão do Harry Nilsson, leva-me sempre para um estado muito, muito específico, para uma recordação que me é muito querida.

Achas que o facto de a música ser invisível, não palpável, ajuda-a a ser mais intuitiva e, por conseguinte, ter uma outra relação com a nossa consciência?

Claro. Difere das outras artes, nesse aspecto, porque o nosso olhar não pode captá-la e avaliá-la. Muitas vezes, acho que dependemos tanto da visão para decidir o que achamos das coisas, mas a música obriga-nos a “fechar os olhos”, às vezes literalmente, e entra por nós adentro. Temos de confiar no instinto, naquele baque inicial quando ouvimos as primeiras notas, o refrão, uma melodia.

Já te aconteceu pensares numa imagem, num ambiente específico ou espaços enquanto compões?

Claro, acontece sempre e de uma forma quase inconsciente. Quando componho sinto sempre que estou a ir para um lugar, para um tempo, para um estado de espírito. Eu associo sempre as coisas assim: a música com um tempo, com uma cidade, com uma casa ou pessoa.

Se pudesses desenhar e pintar a tua música, como seria e que cores teria?

Correndo o risco de ser muito previsível, acho que seria muito azul, tons de azul. A textura seria muito de relevo, como um quadro onde se pintou camada atrás de camada, sem disfarçar as emendas, muito tridimensional. Por vezes, penso que também seria de um vermelho muito vivo. Sou muito primário.


Como é que imaginarias o sabor da música mais especial para ti? Doce, amargo, salgado como o mar, agridoce?

Acho que imagino um sabor salgado, como a tua boca depois de nadar no mar.

Pensa no cheiro mais importante para ti, aquele que ficou na tua memória. Que música lhe associarias?

O cheiro das minhas filhas quando eram recém-nascidas. A música que associo é a ‘California Dreamin’, dos Mamas&Papas, que lhes cantava para as adormecer.

Achas que a música pode ser um bom veículo para fixar e guardar memórias?

A música e o cheiro são, decididamente, as chaves para as minhas memórias. Associo automaticamente cheiros a experiências, e como a música sempre foi uma presença constante na minha vida, todas essas experiências têm uma banda sonora. Sem sombra de dúvida que uso a música para fixar as memórias. Tudo o que fiz na vida é como um filme e a banda sonora é essencial para as sensações e lembranças.

Entrevista por Ana Isabel Fernandes

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

17 Outubro 2025

Horizontes Vivos: vem refletir sobre ética e direitos de autor no jornalismo

17 Outubro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

16 Outubro 2025

Fica a conhecer Bernardo Machado, Gonçalo Tavares e Sofia Bodas de Carvalho, vencedores de declamação na MNJC24

16 Outubro 2025

Documentário ambiental “Até à última gota” conquista reconhecimento internacional

15 Outubro 2025

Mariana Gomes: “A justiça climática tem de partir do pressuposto que a transição energética não deixa ninguém para trás”

15 Outubro 2025

Proximidade e política

15 Outubro 2025

Francisco, Lisboa faz-te feliz? Vê a segunda entrevista deste projeto

14 Outubro 2025

Dia 8 de novembro vem debater soluções colaborativas para o setor cultural

14 Outubro 2025

MNJC: conhece no dia 23 de outubro quem são os criadores selecionados da edição de 2025

13 Outubro 2025

Estamos a oferecer convites duplos para a sessão de abertura do Doclisboa, com o filme “With Hasan in Gaza”

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e Manutenção de Associações Culturais

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

29 DE SETEMBRO

A Idade da incerteza: ser jovem é cada vez mais lidar com instabilidade futura

Ser jovem hoje é substancialmente diferente do que era há algumas décadas. O conceito de juventude não é estanque e está ligado à própria dinâmica social e cultural envolvente. Aspetos como a demografia, a geografia, a educação e o contexto familiar influenciam a vida atual e futura. Esta última tem vindo a ser cada vez mais condicionada pela crise da habitação e precariedade laboral, agravando as desigualdades, o que preocupa os especialistas.

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

Carrinho de compras0
There are no products in the cart!
Continuar na loja
0