Pedro Taborda, mais conhecido como Tatanka, é natural de Sintra. De “engenheiro chouriço” passou a marcar a história quando, em 2010, se decidiu juntar a Miguel Casais para formar os The Black Mamba. Nesta banda percorrem o universo do blues, soul e funk. No passado dia 19 de outubro lançaram o terceiro álbum de originais, The Mamba King, uma proposta com uma estética sonora diferente. Para além da banda, o Tatanka está também a trabalhar no seu disco a solo, “Império dos Porcos”, onde se propõe a voltar às origens e em que já são conhecidas duas músicas: “Alfaiate” e “De Alma Despida”.
Uns minutos antes das 18h do dia 19 de outubro, toco à campainha do estúdio do Tatanka, onde combinámos encontrar-nos. É o teclista Marco Pombinho que me recebe e encaminha para o estúdio, dizendo que o Tatanka já aí vem. No computador passam as músicas do disco acabadinho de sair dos Black Mamba – The Mamba King – que estivera a ouvir em loop toda a manhã para me inteirar das novidades. É então que ele aparece e me cumprimenta, oferecendo um copo de vinho, café ou água, tanto a mim como ao Pombinho, que se senta no sofá. Decidimos que o melhor lugar para pousar o nosso tabuleiro seria a mesa de jogo. Colocamo-la no centro do estúdio e puxamos duas cadeiras. Depois de um ou dois dedos de conversa lembrámo-nos do que viemos ali fazer e explico-lhe as regras da Pergunta da Sorte. O Tatanka lança o dado e avançamos 6 casas, indo parar à casa da Carreira, onde as cartas revelam perguntas sobre a vida profissional do artista.
Carreira: O que podemos esperar do projeto em que estás a trabalhar agora?
Tatanka (T): Na verdade, neste momento, estou a trabalhar no lançamento deste disco (The Mamba King). Já gravei, já está tudo feitinho. Agora é a questão da promoção. O que podemos esperar? Não sei, sou um bocado suspeito para responder a esta pergunta. Mas podemos esperar muita entrega, muita paixão pela arte, por aquilo que fazemos. Uma novidade neste novo disco dos The Black Mamba é a estética do som. Estou a trabalhar no meu projeto a solo, também. Lentamente vou lançando uma música ou outra. E o que podemos esperar daí? É um projeto inteiramente cantado em português com algumas exceções de castelhano, mas cantadas por outras pessoas devidamente creditadas para o efeito (risos). É uma cena mais songwriter, mais trovadoresca. É bastante diferente dos The Black Mamba. Já conheces, provavelmente, duas músicas que lancei. A “De Alma Despida”, que escrevi com o Pombinho que está aqui ao nosso lado. As pessoas não vão ver, mas pronto, está aqui ao nosso lado! Diz ‘olá’ Pombinho para as pessoas que estão aí!
Marco Pombinho (MP): Olá Pombinho para as pessoas que estão aí! (risos)
T: E o “Alfaiate”, que escrevi sozinho. O disco vai ter esse fio condutor da guitarra acústica, do songwriter, Bob Dylan, Tom Waits e algum world music também. Não sabemos bem quando sai. Temos de articular com a agenda dos The Black Mamba. Como sou o funk man dos dois não se pode calcar um funk man, ou o outro. As coisas têm de andar paralelamente, mas a respeitar os sinais. Está?
Andreia Monteiro (AM): Sim! Seguimos.
Voltando a lançar o dado este revela o número 5, que nos leva até outra casa da Carreira.
T: Outra vez de Carreira! Isto hoje está a embicar para a carreira (risos).
Carreira: O que menos gostas de fazer na tua profissão?
T: Olha, o que menos gosto de fazer na minha profissão é o que menos gosto de fazer na minha vida. É fazer coisas que não me apetece fazer.
AM: Legítimo.
T: Sabes? É muito simples.
AM: Isso acontece muitas vezes?
T: Há sempre sapos que tens de engolir e cenas que tens de fazer contra a tua vontade. É o que menos gosto de fazer, mas sempre fui assim. Desde pequenino. Quando as pessoas me queriam obrigar a fazer coisas que eu não queria nunca dava bom resultado.
AM: Qual foi a última coisa que te viste obrigado a fazer, podes contar?
T: Há muitas. Às vezes, alterar uma canção que gostas muito em função dessa canção se tornar mais radio friendly. Por vezes, acho o resultado tão fixe que sinto que estou a cortar membros do corpo dessa canção e é das coisas que menos gosto de fazer e foi das últimas que fiz, acho eu. Mais uma! E vai para a Carreira outra vez, que isto hoje é só para falar da Carreira.
Veremos se o Tatanka tem razão, ou se o dado decide variar. Avançamos 3 casas e calhamos na Pergunta Rápida, onde temos cartas com perguntas de sim ou não que têm de ser respondidas sem pensar muito.
Pergunta Rápida: Fá ou Dó?
T: Dó.
AM: Uau! És o primeiro. Já entrevistei alguns músicos e és o primeiro que me responde Dó.
T: Toda a gente tem a mania de fugir do Dó. São todos uns pseudointelectuais! (risos) Não, o Dó é a nota careta que qualquer gajo sabe fazer no piano. Mesmo na guitarra acontece o mesmo. É aquela notinha fácil que se aprende logo ao princípio. Sei lá, provavelmente de todos os modos da música ocidental, o Dó é o pai de todas as outras notas. Pelo menos das cenas sem serem muito alteradas, sem serem muito jazz. É a partir do Dó que se constroem os outros acordes. Portanto, o Ré menor (Dm) tem as mesmas notas que o Dó maior (C). O Mi menor (Em), quando é frígio, tem as mesmas notas do Dó maior natural. Portanto, eu acho que é a origem, pelo que não tenho problema nenhum em escolher o Dó. Não temos que ter vergonha das nossas origens, não é? (risos)
Antes de prosseguirmos com a aventura tabuleiresca (palavra propositadamente inventada), penso que será melhor esclarecer um conceito musical de que o Tatanka falou, ou pelo menos fazê-lo com os poucos conhecimentos que tenho. O que é isto do frígio? O frígio é um dos Modos Gregorianos, que surgiram na Grécia, e que não são mais do que um conjunto de notas numa ordem alfabética. O frígio será, então, o terceiro modo calculado a partir de uma escala maior e que tem a característica de ter meio-tom da primeira para a segunda e da quinta para a sexta notas da escala. Demasiado complexo? Trocado por miúdos, os modos são diferentes formas de organizar os sons, que diferiam de região para região da Grécia Antiga, e consoante as tradições culturais e estéticas de cada uma dessas regiões. O modo frígio é o originário da região da Frígia.
Seguimos para bingo e o dado manda-nos avançar 2 casas indo parar, ora adivinhem, a mais uma pergunta sobre Carreira.
T: Carreira, que é aquilo de que eu quero falar! (risos)
Carreira: O que gostavas de fazer que ainda não tiveste oportunidade de concretizar?
T: Profissionalmente o que eu gostava mesmo de fazer, até já fiz, mas não da forma que queria. Gostava de ter uma carreira internacional mais assídua, mais presente, com mais força, que crescesse da forma como cresceu em Portugal. Principalmente com os The Black Mamba, que é uma música que me parece ser facilmente internacionalizável. Já tocámos pelo mundo inteiro, mas nunca com uma regularidade suficiente para que nos pudéssemos afirmar nos países onde fomos e nos mercados. Isso era uma coisa que gostava de fazer no futuro.
AM: Há algum país que gostes particularmente, ou onde queiras ir?
T: Já fui a muitos. Já fui tocar à América, ao Brasil, a Inglaterra. Já toquei em quase todo o lado, Alemanha, França… Mas Inglaterra é um sítio onde as pessoas rapidamente percebem aquilo que os The Black Mamba fazem, por exemplo. No grosso dos nossos concertos andamos muito pelas aldeias e nem sempre o estilo de música que tocamos é o estilo de música que é familiar para o público. Chegas a Inglaterra e as pessoas ficam na boa a curtir o teu som, porque lhes é muito familiar. É um sítio onde gostava de vingar, porque se o fazes lá podes vingar no mundo inteiro.
Vingando pelo jogo fora avançamos 4 casas e vamos parar a uma Pergunta da Sorte, em que posso fazer a pergunta que escolher na altura.
Pergunta da Sorte: Descobriste a música através da influência do teu pai, ou seja, não foste tu a ir à sua procura?
T: Foi bem o contrário. Os meus pais eram meio hippies e tal. O meu pai tocava viola naquela onda autodidata dele. Havia sempre pessoal nas guitarras, outros nos jambés à volta da fogueira. Era uma cena fixe quando era puto. Esse foi um dos fatores mais importantes para que eu visse as coisas como as vejo hoje. A liberdade na música, a própria criatividade que talvez tenha explorado e desenvolvido inconscientemente nessa altura. Houve ali uma altura em que queria ser jogador de futebol e era mais o meu pai que insistia comigo, do que eu a querer tocar viola. (risos) Andei a tocar para aí um ano e tal com medo de lhe dizer, para ele não ficar triste. Mas houve um dia em que lhe disse que não queria ir mais (às aulas de viola). Não fui mais durante quatro, ou cinco anos. Depois, quando voltei, já adolescente no liceu, foi por minha livre e espontânea vontade e a partir daí nunca mais parou. Acho que isto foi no ano de 2001/2002, por aí. Reacendi esta cena e dessa vez foi mesmo a valer para sempre.
AM: Tive uma conversa interessante com uma pessoa que nunca teve uma aula de música e que me disse que adorava ir a concertos e adora música, mas como não aprendeu vê que não tem a ligação à música que alguém que passou por aulas tem. E que, mesmo as pessoas que não seguiram uma vida profissional na área da música, ficam com o bichinho para sempre. Também sentes isso?
T: Não sei, porque há casos diferentes. Antes os pais quase te proibiam de tocares nos instrumentos e fazeres música. Hoje em dia parece que os pais acham que é uma cena super cool e obrigam os putos a terem aulas. Eles não têm a obrigação de gostar daquilo, ou de querer e acredito que quando as pessoas fazem as coisas muito contrariadas esse bichinho não deve ficar, percebes? Conheço pessoas que foram obrigadas em putos e parece que ganham uma aversão à cena. Acho que há casos e casos.
A próxima paragem está 4 casas à frente, em mais uma Pergunta da Sorte.
Pergunta da Sorte: Quando te tornaste músico percebeste que para fazeres as tuas próprias músicas te tinhas de tornar independente e aprender também a produzir a tua música?
T: Ah! Foi ao livro, também (risos). Respect!
AM: Porque sentiste essa necessidade?
T: Foi muito simples, não é nada de muito filosófico. Na altura trabalhava com um brother que falhava muito. Aparecia poucas vezes. Marcava dez vezes e ele aparecia três. No processo de gravação de um disco, em que tens que batalhar muito, passar muitas horas no estúdio para que as coisas saiam o melhor possível para as pessoas ouvirem, foi uma coisa que atrasou muito o meu início de carreira. Houve um dia em que percebi que tinha de ter autonomia suficiente para eu poder fazer isto. Outra das razões foi gostar de compor em casa, mesmo que não fosse uma cena final. Poder ser eu a fazer as demos com as coisas que eu idealizava e que, por vezes, são difíceis de verbalizar e registar de alguma forma para quando chegasse às gravações finais já ter uma ideia bastante mais concreta para poder mostrar às pessoas aquilo que eu pretendia. São essas duas razões que me levaram a ser autodidata na questão da engenharia de som, produção e afins. Na verdade, nunca quis ser engenheiro de sons, nem produtor. Produção é uma coisa que gosto de fazer uma ou duas vezes por ano, mas é algo que exige um trabalho muito de rato de laboratório. Sou um gajo meio selvagem. Ficar muito tempo fechado a olhar para um computador é uma cena que me chateia um bocado. Então no segundo disco dos The Black Mamba, o “Dirty Little Brother”, assumi toda essa parte de captação, produção e composição. Cheguei ao fim e estava quase a ficar maluco, é muito desgastante. Quando foi para cantar já estava todo roto, farto, farto. Daí ter percebido que no disco que saiu hoje (lembremo-nos que falei com o Tatanka no dia 19) tinha de procurar alguém para fazer esse papel de produção, então chamámos o João André, que é do Porto. É uma pessoa com uma maneira de ver as coisas incrível e com uma filosofia em relação à vida e à música muito cativante e interessante. Foi ele o escolhido para fazer tanto o meu trabalho a solo como este disco, The Mamba King, e acabou por resultar em grande, porque sempre que fui para fazer a parte mais importante do processo, que é a performance artística, estava super descansado e tranquilo, a curtir a vibe do momento para que possa transparecer essa vibe para as pessoas. Foi um erro no segundo disco. Nota-se que estou muito cansado, principalmente a cantar. E é assim a história.
AM: É uma bonita história.
É hora de voltar a lançar o dado e avançamos 1 casa indo parar a mais uma pergunta sobre Carreira.
Carreira: Qual foi a maior peripécia que te aconteceu num dia de trabalho?
T: Tenho várias! Tenho uma muito engraçada com um cantor meu amigo. Não vou dizer quem é. Estávamos a tocar num casamento e a noiva era uma senhora muito forte e robusta, não era gordinha. Já estávamos naquela fase do casamento em que toda a gente está bêbada e esse brother dançava muito e ia dançar para o meio do público. Ela (a noiva) tinha um vestido de cauda enorme em que são precisos dois gajos a segurar para não ficar preso em tudo o que aparece. Ele estava a dançar em cima do vestido, sem reparar, e ela arranca galvanizada quando vê um amigo e decide dar-lhe um abraço. Arranca a correr! Tiraram-lhe o tapete e ele ficou paralelo ao chão, mas no ar. Bateu com as costas de lado no chão e estava com uns óculinhos, que ficaram na ponta do nariz, a cantar muito desmoralizado. Fiquei ali dez minutos a tocar de costas para as pessoas, eu e o resto da banda, porque não conseguíamos parar de rir. Foi mesmo cómico. Depois houve outra no Porto em que uma inglesa me esteve a mostrar os seios o concerto inteiro.
AM: Incrível essa ideia…
T: Foi uma peripécia também.
MP: É altruísta.
T: Ela? (risos)
Com o estúdio invadido por gargalhadas o dado exibe o número 6 e vamos calhar ao número 32, onde nada acontece. Lançando novamente o dado, ficamos na casa vizinha, uma Pergunta da Sorte.
Pergunta da Sorte: Ainda te chamam “engenheiro chouriço”?
T: Ela sabe! (risos)
MP: Por acaso estava à espera que dissesses isso há bocado.
T: Vou quebrar aqui o meu mito! O engenheiro chouriço não sou eu. (risos) Roubei o nome a uma pessoa. Eu também era o engenheiro chouriço, mas o original é outro engenheiro de um estúdio onde trabalhámos em Campo de Ourique. Era um estúdio só de freaks, quase Júlio de Matos. Era pessoal muito fixe. Conheci lá malta que era altamente. Conheci lá o Zé Leonel, o fundador dos Xutos, o Carlos Gonçalves, que é cantor e compositor das primeiras bandas de punk portuguesas, que são os Corpo Diplomático. Também tinham uma banda muito interessante, que eu depois passei a tocar com eles durante uns largos anos, que era os The Offshores. Se não conheces investiga, que é muito bom. Passo a publicidade, mas é mesmo digno de se ouvir e apreciar. Lá é que residia o verdadeiro engenheiro chouriço, num pequeno estúdio. Como depois comecei a fazer as produções autointitulei-me e roubei-lhe o nome de engenheiro chouriço, porque eu não percebia nada. Não tinha tido aulas, era tudo de ouvido. Não sabia nada de frequências. Aquilo do cortares aos cinquenta, ao não sei o quê, o excitas ali, os compressores, não percebia nada. Fazia tudo de ouvido e comecei a chamar-me de engenheiro chouriço. A fama transcendeu tudo e acabou por chegar aí, mas o verdadeiro chouriço é outra pessoa. Agora já não sou tão engenheiro, nem tão chouriço (risos).
Voltando a dar corda ao dado este leva-nos para uma Pergunta Rápida, 6 casas à frente.
Pergunta Rápida: Praia ou piscina?
T: Uau! Há uns anos atrás praia, mas agora, se calhar, é piscina.
AM: Não fazes surf?
T: Sim, agora menos. Fazia muito bodyboard e andava nos campeonatos. Só que agora as praias no verão têm muita gente. No verão um gajo anda sempre em tournée. Chego a casa e vivo a 1km de uma praia maravilhosa, quero lá ir e está uma confusão! Parece que estás na IC19 em Lisboa. É muito confuso. Então sou apologista da piscina por essa razão, mas adoro praia. Valem as duas neste caso.
Desta feita o dado manda-nos avançar 6 casas. Vamos parar a uma Pergunta da Sorte.
Pergunta da Sorte: Quais são as histórias que te fazem regressar onde foste feliz?
T: Ah! Essa também é uma boa! Estás a ver? Estás a caprichar fortemente.
AM: Ohhh (risos).
T: Olha, para te ser franco, tive uma infância muito feliz. Tive uma felicidade enorme em ter os pais que tive e a disponibilidade que eles tiveram para acompanhar os processos do crescimento próprios de uma criança. A minha mãe não trabalhava. Vivia numa quinta enorme e incrível. O meu pai até certo ponto trabalhou na quinta em que vivíamos. Depois houve uma altura em teve de ir trabalhar também noutros sítios, mas esteve sempre muito presente em tudo e continua a estar. Continua a ir a todos os concertos, está sempre em todas as cenas. Provavelmente esses são os sítios onde eu gostaria de regressar. Volta e meia dar lá uma espreitadela, ver como estavam as coisas e voltar.
AM: Que lugar bonito!
Após uma viagem pelas histórias que nos fazem felizes, avançamos 2 casas, calhando numa Pergunta Rápida.
Pergunta Rápida: Primeiro o leite ou os cereais?
T: Os cereais! Por uma simples razão, sei onde é que eles ficam na tigela para depois o leite preencher até à tona e ficar aquele equilíbrio top. Tem de ser aquele equilíbrio que me apraz (risos).
MP: Aquele equilíbrio científico. (risos)
T: É! Com o leite já não o tenho o controlo do equilíbrio entre as duas cenas.
AM: Faço ao contrário. Posso falar-te da minha técnica?
T: Podes!
AM: Primeiro meto o leite até onde acho que consigo aguentar naquela refeição. Depois, como não gosto dos cereais moles, vou metendo pequenas camadinhas.
T: Ahhhh! E vais pondo, e pondo, e pondo. Oh! Gostei!
AM: Exato! Fica sempre estaladiço.
T: Maravilha! Fica sempre aquele puro crispizinho. Boa técnica! Vou experimentar amanhã.
Enternecidos pela perícia técnica da ingestão de cereais, avançamos cinco casas e o momento mais aguardado chega! Aterramos no Sê Criativo, a casa que lança um desafio que o convidado tem de resolver de forma criativa.
Sê Criativo: Muahahahah, Hora do desafio!!!
T: Era essa que tu querias!
AM: Ah pois! Numa entrevista disseste que tinhas saudades dos tempos em que tocavas na tua primeira banda, em que era tocar só pela música com uma guitarra na mão. Posso lançar-te o desafio de matares essas saudades e pegares numa guitarra para fazeres algo que farias nessa altura?
T: Hum Hum. Vamos é ver se eu consigo! Realmente essa coisa que eu disse tem muito a ver com o facto de ser uma cena muito libertina. Na altura não havia estratégias, managers, editoras, ter de editar as músicas para passar na rádio, não havia nada. Mas também só os nossos brothers é que gostavam da nossa música, não é? (risos) Mas era uma cena tão fixe, porque era só mesmo pela arte, pela paixão à cena e nunca tinha terceiras intenções.
Antes de começar a gravar o vídeo em que o Tatanka nos cantou “Who The Cap Fit”, do Bob Marley, pediu-me para o deixar dar uma passadinha para ver se apanhava a hormona da música. Devo confessar que foi um dos momentos mais especiais que vivi e que, até o que ele chama de relembrar uma música, era já uma versão digna de aquecer o coração que remonta perfeitamente para as memórias de uma altura me que se tocava somente pela paixão à arte. Podem ver a reposta do Tatanka a este desafio em baixo.
Após umas guitarradas extra, movidas pela saudade, testamos a amizade que o dado nos tem e lançamo-lo mais uma vez. E não é que nos manda avançar 2 casas, concedendo-nos a oportunidade de ver respondida mais uma Pergunta da Sorte?
Pergunta da Sorte: Fazer música, tocá-la e depois cantá-la para um público é a maior forma de despir a alma?
T: É, de certa forma. Começa tudo no pensamento, numa ideia da tua cabeça que é super íntima. Mais íntimo do que o teu cérebro não deve haver (risos). Depois passas para os teus brothers, eles ajudam a compor a música com as suas maneiras de ver as cenas, acabam por moldar a música com a sua presença e intervenção, gravas e depois é chegar às pessoas que não conheces e expores o que te vai na alma e o que te foi na alma na altura em que pensaste as músicas, letras e mensagens que queres passar. Às vezes são super íntimas. Por exemplo, quando se fala de amor. Há sempre um certo tabu em falar-se de amor. Principalmente os soul mans é que adotam muito aquela cena do “baby, baby”. Tem sempre muito baby para cá e para lá. Acho que a cena do soul é fixe por ser super descomprometida a falar de amor. Mas o amor é algo super íntimo que depois expões para pessoas que não conheces de lado nenhum. É um bocadinho despir a alma para as pessoas verem.
Respondida a pergunta, chegamos, por fim, à Casa Gerador, a casa final do jogo, onde o entrevistado irá responder a uma pergunta da convidada anterior e deixar uma pergunta para o próximo. Ainda se lembram da pergunta da Hey Luísa? “Se pudesses escolher um superpoder, qualquer superpoder, qual é que escolhias?”. Podes rever a pergunta da Luísa aqui.
Vê o vídeo em baixo para saberes qual a resposta do Tatanka e a pergunta que deixou para o próximo convidado da Pergunta da Sorte! Vemo-nos em breve! ;-)