fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Jorge Pinto

Jorge Pinto é formado em Engenharia do Ambiente, e doutor em Filosofia Social e Política. A nível académico, é o autor do livro A Liberdade dos Futuros - Ecorrepublicanismo para o século XXI, e co-autor do livro Rendimento Básico Incondicional: Uma Defesa da Liberdade. Escreveu ainda o livro Tamem digo. Em 2014, foi um dos co-fundadores do partido LIVRE.

Proximidade e política

Nas Gargantas Soltas de hoje, Jorge Pinto faz uma breve análise dos resultados das eleições autárquicas e de como a proximidade entre os cidadãos e os seus representantes políticos é essencial para combater a política feita pelo ódio.

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Em maio deste ano, e pela primeira vez na história da nossa Segunda República, uma força política de extrema direita tornou-se a segunda mais representada na Assembleia da República. O país acordou para uma realidade em relação à qual se acreditou durante demasiado tempo estar imune e o rotativismo entre centro direita e centro esquerda, representativo do grosso da política nacional no pós-25 de Abril, foi colocado em causa. As eleições autárquicas do passado dia 12 ganharam, assim, uma relevância acrescida: afinal, até que ponto esta transformação profunda do sistema político português teria também expressão no nível político mais próximo dos cidadãos?

Os resultados mostraram que, pelo menos ao nível local, ficou tudo mais ou menos na mesma. PSD e PS continuam a liderar o grosso dos municípios, as listas de cidadãos - das verdadeiramente cidadãs às compostas por dissidentes e excluídos dos partidos - continuam a ter uma palavra a dizer na política local e a proximidade e conhecimento dos candidatos continua a ser determinante na hora da escolha. Não é, ainda assim, fácil fazer grandes comparações entre as eleições legislativas de há apenas alguns meses e estas eleições autárquicas.

O PSD terá sido o principal vencedor, com mais municípios e vitórias nas principais capitais de distrito. O PS, também por comparação com o recente desaire, sai em relativa boa forma destas eleições, com vitórias em várias capitais de distrito que estavam às mãos da direita. À esquerda, o LIVRE consegue um crescimento exponencial do seu número de eleitos, começando a sua afirmação enquanto partido autárquico. Relativamente ao Chega, como justificar que aqueles que apenas há uns meses foram eleitos deputados - e foram, na sua enormíssima maioria, agora candidatos autárquicos - tenham tido resultados incomparavelmente inferiores? O partido de extrema direita continua a ser um partido de apenas um rosto e parece, pelo menos para já, ser mais para o protesto do que para a governação.

Estas eleições autárquicas não são, nem podem ser, bitola para a política a nível nacional, mas podem dar algumas pistas. É onde os políticos são mais próximos dos cidadãos, onde ouvem, conhecem e experienciam os seus problemas que são mais capazes de fazer política concreta. É quando estão no terreno todos os dias, dialogam com os munícipes, têm nomes e caras para os seus concidadãos que os representantes locais melhor trabalham para quem neles vota. E esse continua a ser o melhor remédio contra o populismo e a política do ódio.

Também quanto aos assuntos que interessam verdadeiramente às pessoas, estas eleições dão pistas. Não são as perceções, não são os problemas fabricados e empoladas, são as coisas básicas e concretas: o acesso à habitação, o centro de saúde e o hospital abertos, a escolha que funcione, os transportes, a recolha do lixo, os buracos na rua, no fundo, a política do dia-a-dia. Saibam os partidos a nível nacional ler estes resultados deste modo e a política portuguesa só tem a ganhar.

Também por isso este é o momento de voltar a discutir seriamente a regionalização. Obrigação constitucional, a promoção das regiões aproximaria os portugueses dos seus representantes, dando-lhes um nível de gestão e proximidade intermédio, entre o município,  próximo, mas com meios limitados, e o governo central, muitas vezes demasiado longe e demasiado desfasado das realidades específicas do território. Toda a política é proximidade e Portugal precisa de partidos que cresçam junto dos cidadãos. Saibamos ouvir e saibamos estar à altura do desafio.

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

7 Novembro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

6 Novembro 2025

Ovar Expande: ser cantautor para lá das convenções

5 Novembro 2025

Por trás da Burqa: o Feminacionalismo em ascensão

3 Novembro 2025

Miguel Carvalho: “O Chega conseguiu vender a todos a ideia de que os estava a defender”

31 Outubro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

29 Outubro 2025

Catarina e a beleza de criar desconforto

27 Outubro 2025

Inseminação caseira: engravidar fora do sistema

24 Outubro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

22 Outubro 2025

O que tem a imigração de tão extraordinário?

17 Outubro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e Manutenção de Associações Culturais

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

27 outubro 2025

Inseminação caseira: engravidar fora do sistema

Perante as falhas do serviço público e os preços altos do privado, procuram-se alternativas. Com kits comprados pela Internet, a inseminação caseira é feita de forma improvisada e longe de qualquer vigilância médica. Redes sociais facilitam o encontro de dadores e tentantes, gerando um ambiente complexo, onde o risco convive com a boa vontade. Entidades de saúde alertam para o perigo de transmissão de doenças, lesões e até problemas legais de uma prática sem regulação.

29 SETEMBRO 2025

A Idade da incerteza: ser jovem é cada vez mais lidar com instabilidade futura

Ser jovem hoje é substancialmente diferente do que era há algumas décadas. O conceito de juventude não é estanque e está ligado à própria dinâmica social e cultural envolvente. Aspetos como a demografia, a geografia, a educação e o contexto familiar influenciam a vida atual e futura. Esta última tem vindo a ser cada vez mais condicionada pela crise da habitação e precariedade laboral, agravando as desigualdades, o que preocupa os especialistas.

Carrinho de compras0
There are no products in the cart!
Continuar na loja
0