O Grupo de Acção Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia enviou, no passado dia 11 de setembro, uma carta aberta a várias entidades da esfera política e jurídica, onde pede ações concretas contra a “escalada do ódio” em Portugal.
No documento, assinado por 105 coletivos e 1298 pessoas de diversas áreas, é feito um apelo à “necessidade urgente de serem tomadas medidas” e criados “mecanismos que realmente permitam a melhoria das condições de vida de todas as pessoas, assegurando o acesso a direitos básicos de saúde, educação, justiça, participação e reconhecimento cívico.”
“Temos visto como funciona o ódio nas mãos de gente sem escrúpulos, agindo em bando, como pode ser perigoso e mortal. Temos visto também as multidões que vieram para a rua apoiar, resistir, dizendo que as suas cidades recusam embarcar nesta violência contra imigrantes. São pessoas que defendem uma sociedade em que a vida de cada pessoa importa, independentemente da sua origem étnica, geográfica, cor da pele ou a quem confiam as suas orações”, lê-se na missiva.
A carta alerta particularmente para as ações levadas a cabo pelo grupo neonazi 1143, de Mário Machado, que marcou, para o próximo dia 5 de outubro, em Guimarães, mais uma marcha nacionalista e xenófoba. Também a manifestação anti-imigração convocada pelo partido Chega, para dia 21 de setembro, é motivo de preocupação para os signatários que ainda destacam as ações intimidatórias do movimento Reconquista, Habeas Corpus, entre outros.“As pessoas e organizações signatárias desta carta consideram urgente clarificar o posicionamento público e institucional sobre a imigração em Portugal. É ou não indispensável, para a sociedade portuguesa, promover uma melhor e universal educação pública, habitação acessível, transportes com mais qualidade, um sistema de saúde de qualidade, que sirva para todas as comunidades imigrantes, em condições de igualdade em relação à população portuguesa?”, questionam.
Neste sentido, o grupo insta o Estado português a explicar “ao Comité de peritos da ONU, que acompanha a implementação da Convenção Internacional Para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, como é que permitiu que manifestações contra comunidades racializadas pudessem ter lugar, à revelia da Constituição da República Portuguesa e da Lei Penal aplicável em Portugal”.
Em resposta à marcha de extrema-direita agendada para o Dia da Implantação da República, foi convocada uma manifestação sob o mote “Guimarães pela Liberdade – Mobilização Nacional Contra o Neonazismo”, a realizar na mesma data.
Dia 21 de setembro, em Lisboa, está marcada a Marcha Cabral - Contra o fascismo, a xenofobia e o neocolonialismo. Esta manifestação, que honra a memória de Amílcar Cabral, foi convocada pelo Movimento Negro, que também lançou uma carta e manifesto apelando à mobilização popular.