fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

CAFÉ CENTRAL COM ANDRÉ TEODÓSIO E MARINA MOTA

[fusion_text]O André Teodósio e a Marina Mota já se conheciam. Eu não sabia disto, por…

Texto de Margarida Marques

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

[fusion_text]O André Teodósio e a Marina Mota já se conheciam. Eu não sabia disto, por isso tinha vindo a ensaiar, discretamente e enquanto me aproximava do ponto de encontro: “Marina, este é o André Teodósio, encenador, escritor e fundador do Teatro Praga; André, esta é a Marina Mota, fadista, actriz e produtora de teatro e televisão”. Mas quando converso com o André enquanto esperamos pela Marina, uma das primeiras coisas que me conta é sobre um projecto que quase tiveram os dois, e que não resistiu à fase do plano.[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]Encontrámo-nos no Vertigo, que é fresco e tem bom café e ar de adega. A Marina passou de carro à porta, saudou-nos, e continuou em busca de estacionamento. Eu e o André vamos conversando até ela chegar; falamos sobre trabalho, descanso, e eu tento lançar ideias para a mesa, assim como quem planta pevides.

Enquanto a Marina se instala, o André termina o que me estava a contar: tem três projectos para preparar até Setembro, e planos já até 2018. Marina ouve, e comenta que faz parte da profissão, da precariedade inerente. "Nós não nos podemos dar ao luxo de esperar que o trabalho caia do céu", diz ela depois de pedir um café. "Os meus projectos cruzam-se muito, mas é porque eu não fico à espera de convites. Não posso".

O André concorda: "No meu caso, a qualidade de vida fora do trabalho é totalmente precária, porque está presa ao trabalho. Não só em termos monetários se posso ou não tê-la, mas que quando a tenho estou já a pensar em trabalhos seguintes, ou o que falta fazer para estes. Isto afecta tudo a nível pessoal, a tua relação com as pessoas, com familiares, amigos, amor".[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]Numa altura em que o sonho colectivo do país inteiro se vira para as férias vindouras, não posso deixar de me perguntar se os actores têm direito às suas. Férias mesmo, com praia e paz interior. A Marina diz que sim: "A primeira vez que tirei férias tinha trinta anos de vida e vinte de profissão. Decidi que se toda a gente podia desligar a banana de xis em xis, comigo não haveria de ser diferente". Mas descansas mesmo?, pergunto eu. "Pelo menos duas semanas sim. Desligo completamente". O André desconfia. "Não sei se acredito", diz ele. "Mesmo que eu passe duas semanas, ou mesmo um mês à beira de uma piscina, estou sempre a trabalhar. Os projectos são coisas muito frágeis, e o trabalho para os manter está sempre presente".

"É preciso cuidado a dizer isto", diz a Marina em resposta, "para não ser entendido com um sentido que não tem. Mas eu já tive a ingenuidade de achar que valia a pena, esta coisa. Fazer, mudar, pensar que as pessoas vão reparar que eu me esforcei por fazer este pormenor assim, e tal... Mas dessas coisas ninguém se lembra ao fim de cinco minutos. Tive de aprender a dosear-me, a retirar-me importância. Sou só uma pessoa".

Nesta altura, as palavras de uma e de outro são abafadas por um buzinar longo mesmo à porta do café, à boa tradição da hora de ponta. A Marina abana a cabeça, confessa que não gosta de vir a Lisboa durante o dia. Mudou-se há anos e nunca se arrependeu. O André, que ainda vive por cá, diz: "Eu não sou muito feliz por estar a viver em Lisboa. Aconteceu. Passo a maior parte do tempo em casa. E ainda assim, viajo muito". A Marina concorda de alma e coração: "Eu preciso de verde e de sandálias, especialmente em férias. Betão nem pensar. Preciso de ouvir os passarinhos. E já estou numa altura em que gostava de poder parar durante um ano. Trabalhar um, parar outro".[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][one_half last="no" spacing="yes" center_content="no" hide_on_mobile="no" background_color="" background_image="https://gerador.eu/beta/wp-content/uploads/2017/08/andre.png" background_repeat="no-repeat" background_position="left top" hover_type="none" link="" border_position="all" border_size="0px" border_color="" border_style="solid" padding="" margin_top="" margin_bottom="" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][/one_half][one_half last="yes" spacing="yes" center_content="no" hide_on_mobile="no" background_color="" background_image="" background_repeat="no-repeat" background_position="left top" hover_type="none" link="" border_position="all" border_size="0px" border_color="" border_style="" padding="" margin_top="" margin_bottom="" animation_type="" animation_direction="" animation_speed="0.1" animation_offset="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][/one_half][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]Pergunto ao André se ele conseguia parar um ano. Ele ri-se e abana cabeça. "Não gostava nada", diz. "Acho que não voltava. Uma vez experimentei, e passei um ano sem encenar. Quando voltei foi um caos, não me lembrava de nada, e morria de medo. E se fosse de férias mesmo... Eh, pá, não voltava mais".

"Mas se isso acontecesse talvez fosse bom", responde a Marina. "Queria dizer que se calhar não era isso... Acho que todos nós devíamos ter a experiência de trabalhar porque nos apetece trabalhar, sem que nada nos obrigue. Eu gosto muito do que faço, mas a minha profissão nunca foi nem nunca será o meu pilar. Vivia bem sem", acrescenta. Depois dá um gole de café, sorri, e diz, "mas talvez não para sempre".

"Mesmo que fosse cantar?", pergunta o André.

"É trabalho", responde a Marina. "Trabalho de que gosto muito – e aliás, também gosto muito de actuar – mas são tudo coisas que eu produzo, e depois tens as pessoas que dependem de ti".

Porque o André não sente o mesmo que a Marina no que toca ao descanso, quero saber se o trabalho é então pilar da vida dele. A resposta surge ao fim de um instante: "Eu acho que é muito importante contribuir com ferramentas para entendimento do mundo. Não me importo de ter as minhas férias afectadas por trabalho, e preciso ainda de passar muito por isto até pensar: Pronto, já tenho quarenta anos a tentar mudar o mundo, ele não mudou, agora vou descansar. Não sei se é o pilar, mas é um deles, sim".[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][imageframe lightbox="no" gallery_id="" lightbox_image="" style_type="none" hover_type="none" bordercolor="" bordersize="0px" borderradius="0" stylecolor="" align="none" link="" linktarget="_self" animation_type="0" animation_direction="down" animation_speed="0.1" animation_offset="" hide_on_mobile="no" class="" id=""] [/imageframe][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]"Eu gosto dessa tua esperança", diz a Marina. "Cada vez mais eu gostava de ser ignorante. Não ver notícias, não saber de nada. Acho que perdi muita coisa por achar que se eu parasse, o mundo terminava. Mas se eu parar, o mundo avança sem mim, se eu estiver doente ele avança sem mim, se eu morrer ele avança sem mim, por isso porque é que eu não hei de dosear o meu envolvimento? Porque eu não tenho peso nenhum na humanidade".

O André protesta: "Mas as coisas que tu fazes têm importância. Afectam um discurso, como aquele número da violência doméstica", diz, referindo-se a um fado da autoria de Marina. Ela anui. "Ainda não havia APAV quando isso apareceu. E isso é o que podemos fazer, não é? Ir chamando a atenção de alguém com o que podemos fazer, esperar que alguém com importância e poder ponha as coisas a mexer".

Ao fim de uma hora, tive de abandonar o Vertigo, e regressar à cidade e à confusão. Deixei-os lá ainda, os dois em amena cavaqueira, certamente a falar de destinos de férias. Se os virem depois do Verão, lembrem-se de perguntar por onde andaram, se estão mais descansados. Eles merecem.[/fusion_text][separator style_type="none" top_margin="" bottom_margin="" sep_color="" border_size="" icon="" icon_circle="" icon_circle_color="" width="" alignment="" class="" id=""][fusion_text]

Café Central por Gil Sousa
Fotos do Andreia Mayer

[/fusion_text]

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

29 Maio 2025

Últimos dias para te candidatares ao programa de Residências Artísticas OASis Lisboa

29 Maio 2025

Maribel López: “Temos de tentar garantir que os artistas possam dar forma às suas ideias”

28 Maio 2025

Às Indiferentes

28 Maio 2025

EuroPride: associações LGBTI+ demarcam-se do evento mas organização espera “milhares” em Lisboa

26 Maio 2025

Escreve uma reportagem sobre recursos hídricos com apoio desta bolsa para jornalistas

26 Maio 2025

Um dia na vida de um colecionador de garrafas no maior festival de música do norte da Europa

23 Maio 2025

Tempos Livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

21 Maio 2025

Os Gonzaga

21 Maio 2025

A saúde mental sob o peso da ordem neoliberal

19 Maio 2025

“Resistência artística ontem e hoje”: uma conversa que junta Leonor Rosas, João Costa e Gerd Hammer

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

3 MARÇO 2025

Onde a mina rasga a montanha

Há sete anos, ao mesmo tempo que se tornava Património Agrícola Mundial, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o Barroso viu-se no epicentro da corrida europeia pelo lítio, considerado um metal precioso no movimento de descarbonização das sociedades contemporâneas. “Onde a mina rasga a montanha” é uma investigação em 3 partes dedicada à problemática da exploração de lítio em Covas do Barroso.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0