O Centro para a Valorização de Resíduos da Universidade do Minho e a TO-BE-GREEN iniciaram um projeto de recolha e valorização de máscaras usadas: “Recolher e Valorizar”
Com a nova realidade pandémica, o uso de equipamentos de proteção individual está a aumentar, principalmente o número de máscaras descartáveis. Segundo a Greenmatters1, só em 2020, mais de 1,56 biliões de exemplares usados foram parar aos oceanos. Para contrariar esta realidade, surgiu o projeto “Recolher e Valorizar”, que resultou da parceria entre o Centro para a Valorização de Resíduos da Universidade do Minho (CVR), a TO-BE-GREEN – spinoff da Universidade do Minho (SPINUM) e start-up com atividade na área da valorização de roupas usadas – e a Givaware.
António Dinis Marques, professor da Universidade do Minho e CEO da TO-BE-GREEN, em entrevista, explicou que a ideia de reciclagem das máscaras usadas foi inspirada na empresa francesa Plaxtil2, que transforma máscaras descartáveis em viseiras. Explicou também que esta iniciativa teve início em setembro de 2020, no Colégio da Via Sacra, em Viseu, que em dezembro foi acolhida por dez escolas da Covilhã e, de seguida, avançou para todas as escolas do concelho de Guimarães, em colaboração com o Laboratório da Paisagem e a VITRUS. Acrescentou, ainda, que, embora este projeto esteja mais direcionado para o âmbito escolar, existem empresas que aderiram e outras estão interessadas.
Como funciona o projeto “Recolher e Valorizar”?
Segundo António Dinis Marques, tudo começa na recolha das máscaras, que devem ser colocadas num contentor desenvolvido para o efeito. Quando está relativamente cheio, as escolas contactam a TO-BE-GREEN, responsável pela recolha e, posteriormente, são transportadas para o CVR. Aqui são colocadas em quarentena para garantir a segurança dos colaboradores que vão trabalhar com elas. Caso haja um surto ativo, estas não poderão ser recicladas.
As máscaras são separadas com base na sua composição e sujeitas a ensaios para posterior valorização. As descartáveis são moídas, derretidas por uma extrusora que as transforma num polímero, e finalmente são passadas numa prensa de alta pressão, originando placas poliméricas que podem ser utilizadas para novos produtos de design.
Num outro processo de valorização, as máscaras sociais são trituradas, misturadas com serrim e prensadas com vista à produção de briquetes, culminando numa valorização energética. Contudo, estas máscaras são, ainda, alvo de investigação, por alunos da Universidade do Minho com o objetivo de encontrar novos destinos.
Estima-se que já tenham sido recolhidos 15 a 20Kg de máscaras em projetos-piloto. Embora pareça um número relativamente baixo, deve ter-se em conta que as sociais têm um peso de aproximadamente 15g, porém as descartáveis pesam cerca de 3,4g, e são estas que constituem a maior parte das máscaras recolhidas (99%), segundo António Dinis Marques.
Se a tua escola se quiser juntar a esta iniciativa amiga do ambiente, dirige-te à tua Câmara Municipal, para que esta estabeleça o contacto com a TO-BE-GREEN 4!
Fontes:
1 https://www.greenmatters.com/p/how-many-face-masks-ocean-2020
2 https://www.industriaeambiente.pt/noticias/empresa-recicla-da-segunda-vida-mascaras-descartaveis/
3 https://www.cm-guimaraes.pt/viver/noticias/noticia/municipio-de-guimaraes-coloca-ecopontos-em-escolas-para-recolha-e-valorizacao-de-mascara
4 https://www.to-be-green.pt/