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Opinião de Francisco Cipriano

Parceiros e parcerias. Qual é o consórcio europeu perfeito? Como encontrar os parceiros certos?

Nas Gargantas Soltas de hoje, Francisco Cipriano indica-nos as melhores estratégias na busca de um parceiro para os projetos europeus.

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Com a maior parte dos programas europeus em velocidade de cruzeiro e com muitos avisos abertos, importa refletir com acuidade num tema central: a parceria. Primeiro, pensar no que torna um consórcio verdadeiramente excecional e depois, como e onde podemos encontrar parceiros para um projeto europeu. A excelência do nosso projeto passa muito pela excelência do consórcio que o vai executar, aliás, é parte fundamental dos respetivos critérios de seleção. Muitas entidades procuram parceiros que pensem apenas em cumprir as regras de participação, mas esta não é de todo a abordagem correta. 

É importante relembrar que um novo projeto europeu precisa de ir além do estado da arte e que deve abordar a excelência numa perspetiva coerente e integral. O sucesso de uma segunda investida num projeto menos bem pontuado pode passar por uma melhoria na qualidade da parceria nos seus vários parâmetros. Seguidamente, aponto alguns aspetos que são essenciais para compor um consórcio de excelência.

O primeiro é a constituição de um consórcio verdadeiro. Para uma parceria resultar bem ela precisa ser vantajosa para todos os envolvidos e representar uma clara vantagem, individualmente e também em termos internacionais. A União Europeia prossegue com projetos transnacionais inovadores. Por isso, criar um consórcio "artificial", apenas para cumprir as regras de participação, não é uma política a seguir. 

O segundo prende-se em contar com parceiros que tenhamum excelente histórico nas temáticas do projeto, quer sejam de natureza artística, técnico-científica ou outras. Nas primeiras conversas com potenciais parceiros, é importante testar os seus conhecimentos e experiência em programas, emprojetos anteriores ou dos profissionais que vão estar envolvidos na proposta. Não quer dizer que não possamos incluir entidades inexperientes, mas ter entidades ou profissionais com um histórico relevante como parceiros irá certamente tranquilizar os avaliadores. 

Igualmente muito importante é ter parceiros com experiência no conjunto dos aspetos determinantes do projeto, ou aqueles que representam as atividades ou os pacotes de trabalho mais importantes. Isto significa que na respetiva escolha é muito importante identificar quais as competências que faltam, quais delas podem ser desenvolvidas internamente e quais podem ser alavancadas por meio de parcerias. Aqui a regra é a da complementaridade, aquela que irá permitir gerar uma vantagem competitiva para alcançar o objetivo do projeto. O importante é, pois, ter parceiros que cobrem toda a cadeia de valor da abordagem do projeto e encontrar o equilíbrio certo.  

Por fim, e de acordo com a temática e com a dimensão da proposta, ser uma parceria representativa no contexto regional. A parceria deve, ela própria, representar um claro valor acrescentado europeu. Este valordeve ser a razão fundamental pela qual fazemos os projetos, pois é através de ações com valor acrescentado europeu que os objetivos do programa são alcançados. Este mede-se em primeira instância mediante o leque de países que serão beneficiados peloprojeto (direta e indiretamente), pelo local onde se realizarão as atividades e pela dimensão europeia das atividades, gerando confiança mútua e cooperação transfronteiriça entre os países da UE, etc. 

Fica, porém, a questão: onde podemos encontrar parceiros para um projeto europeu? Também alguns conselhos nesta matéria.

Embora a tarefa de encontrar parceiros recaia sobre o coordenador, saber onde procurar entidades com experiência e referências, pode ser muito útil no momento de anunciar a sua candidatura, caso se opte por adotar o perfil de parceiro de projeto. Existem ferramentas que são incontornáveis e que facilitarão a pesquisa em qualquer um dos casos, quer queiramos ser parceiros ou líderes de consórcio.

Começando pelo Portal da Comissão Europeia, Funding & Tenders. Aqui é o local ideal para construir o consórcio de excelência e encontrar entidades experientes que já tenham projetos em curso. Junto a cada call existe a possibilidade de apresentar ou consultar as entidades que estão interessadas neste aviso em particular e que estão em fase de constituição de consórcio. No mesmo portal é ainda possível pesquisar a base de dados de organizações registadas, na seção “busca de parceiros”. Pode pesquisar por palavras-chave/área geográfica/tipo de financiamento, etc. Os resultados da pesquisa incluem perfis completos de organizações com listas de projetos financiados e a possibilidade de contactar os seus representantes.

Ainda na Comissão Europeia, a base de dados de projetos já aprovados permite por texto livre ou através de pesquisa avançada encontrar informação sobre os projetos apoiados no âmbito dos vários programas. Estes são elementos fundamentais de referência para quem prepara uma nova candidatura e para saber quem são os parceiros de referência numa determinada temática. Para além disso, conhecer outros projetos bem-sucedidos, serve de bom referencial para a construção e apresentação de futuras candidaturas.

Outro elemento fundamental na constituição das parcerias são os Pontos de Contacto Nacionais (NCPs) dos vários programas. A maioria dos programas europeus tem pontos de contacto nacionais que,  além de resolverem dúvidas e questões relacionadas com a apresentação e gestão de projetos, podem ajudar na procura de parceiros. É importante lembrar que os NCPs dos diferentes países estão em contacto permanente uns com os outros e pedir-lhes ajuda pode ser uma boa opção. Nos seus websites dedicados, os Pontos de Contacto Nacionais contam com frequência com instrumentos fundamentais para quem pretende apresentar uma candidatura. Especialmente no que diz respeito à procura e oferta de parceiros, existe a possibilidade de divulgação da informação sobre o projeto por intermédio de um template que é depois difundido a todos os colegas europeus. Uma ação dupla que permite procurar e ser procurado para projetos culturais.

Por último, as redes sociais e os grupos podem ser boas opções para encontrar parceiros. Na verdade, existem diversos grupos ligados a este objetivo. Mas lembre-se que ao ser uma rede social estará aberto a todo o tipo de entidades, incluindo aquelas que nunca participaram em projetos europeus, pelo que o trabalho de filtragem e seleção demorará mais tempo. O meu conselho é que se utilizar uma rede social, verificar se a entidade está registada e se já participou em projetos europeus através do Portal Funding & Tenders. 

A maioria dos projetos financiados pela União Europeia são colaborativos, envolvendo pelo menos três organizações de diferentes Estados-Membros da UE ou de países associados. Conforme explicado, o número não é apenas um requisito formal. Há que ter em conta que a Comissão Europeia é cada vez mais exigente com a pertinência dos parceiros, procurando a excelência nas propostas dos consórcios.

-Sobre Francisco Cipriano-

Nasceu a 20 de maio de 1969, possui grau de mestre em Geografia e Planeamento Regional e Local. A sua vida profissional está ligada à gestão dos fundos comunitários em Portugal e de projetos de cooperação internacional, na Administração Pública Portuguesa, na Comissão Europeia e atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian. É ainda o impulsionador do projeto Laboratório de Candidaturas, Fundos Europeus para a Arte, Cultura e Criatividade, um espaço de confluência de ideias e pessoas em torno  das principais iniciativas de financiamento europeu para o setor cultural. Para além disso é homem para muitas atividades: publicidade, escrita, fotografia, viagens. Apaixonado pelo surf vê̂ nas ondas uma forma de libertação e um momento único de harmonia entre o homem e a natureza. É co-autor do primeiro guia nacional de surf, Portugal Surf Guide e host no documentário Movement, a journey into Creative Lives. O Francisco Cipriano é responsável pelo curso Fundos Europeus para as Artes e Cultura – Da ideia ao projeto que pretende proporcionar motivação, conhecimento e capacidade de detetar oportunidades de financiamento para projetos artísticos e culturais facilitando o acesso à informação e o conhecimento sobre os potenciais instrumentos de financiamento.

Texto de Francisco Cipriano
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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