fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

200 anos de políticas de habitação em Lisboa, em exposição no Palácio Pimenta

Os resultados urbanos das políticas habitacionais na cidade são o tema de uma exposição organizada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), e que pode ser vista no Pavilhão Preto, do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, até ao dia 30 de abril.

Texto de Flavia Brito

Bairro da Quinta das Laranjeiras, Olivais, 1979. Arquivo Municipal de Lisboa

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Fotografias, plantas, mapas de distribuição e maquetas compõem a mostra “Políticas de Habitação em Lisboa: da Monarquia à Democracia”, promovida pelo Arquivo Municipal de Lisboa, da CML, em parceria com o Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (NOVA FCSH).

A iniciativa, refere a autarquia em comunicado, destaca “as diferenças práticas e conceptuais das várias políticas promulgadas nos últimos duzentos anos”, no que respeita às opções de arquitetura, morfologia, desenho urbano, destinatários e localização de bairros promovidos direta ou indiretamente pelo Estado.

Para os organizadores, abordar a experiência do município de Lisboa “é também falar do caso nacional no seu todo, no sentido em que as medidas implementadas foram frequentemente pioneiras e influenciaram o resto do país.”

Para Gonçalo Antunes, curador científico da exposição, o Estado é sempre a “figura central” nas políticas de habitação. “É ao Estado que cabe agir e encontrar soluções que apoiem as famílias, afirma, ao Gerador. “O olhar retrospetivo ensina-nos que devem ser as entidades públicas a assegurar a resolução dos vários problemas habitacionais, sejam os mais prioritários, como é o caso das famílias que ainda vivem em bairros de habitações precárias, sejam os (novos) problemas da classe média no acesso à habitação”, continua. “Cabe ao Estado assegurar as respostas, relacionando-se de forma produtiva e amigável com as entidades privadas, o terceiro setor e os proprietários.”

Com uma comissão científica que conta ainda com Helena Roseta, João Seixas, Luís Baptista, Miguel Silva Graça, Nuno Pires Soares, Ricardo Santos, Sandra Marques Pereira e Teresa Costa Pinto, esta mostra encontra-se organizada por regimes políticos – Monarquia Constitucional, Primeira República, Ditadura Militar, Estado Novo e Portugal Democrático.

Pormenor do projeto do primeiro bairro social de Lisboa (Arco do Cego), perspetiva geral, da autoria dos arquitetos Adães Bermudes, Edmundo Tavares e Frederico Caetano de Carvalho, 1919. Arquivo Municipal de Lisboa
Telhados de Alfama, 1963. Arquivo Municipal de Lisboa

Foi em 1883 “que foi discutida a primeira proposta de lei”, refere Gonçalo Antunes. “No total, foram debatidos sete projetos-lei até 1910, sobre o "problema da habitação", mas nunca se passou da teoria à prática.” O primeiro diploma “de política de habitação propriamente dita” foi publicado apenas em 1918, durante o interregno sidonista.

Como esclarece o também investigador do CICS.NOVA-NOVA FCSH, esse diploma, assim como outro de 1919, tiveram resultados “muito residuais, sem qualquer significado”. “A Ditadura Militar acaba por ser um período de transição e o Estado Novo começa em 1933 com uma medida habitacional muito icónica, a política de casas económicas, que pretendia trazer uma imagem ruralista para a cidade”, explica ao Gerador.

Uma das intenções desta exposição – que conta com visitas orientadas e de grupo – passa exatamente por demonstrar como a postura do Estado Novo se foi alterado no que respeita à linguagem das políticas de habitação. “Vai desde o ruralismo vernáculo das casas económicas, na década de 1930, que passa por casas de renda económica, no bairro de Alvalade, no final da década de 1940, com uma linguagem muito mais urbana, e termina já numa linguagem muito diferente em Olivais Norte, Olivais Sul e Chelas”, diz o comissário.

O período da Democracia, continua, acaba por ser marcado pela necessidade de solucionar “de forma urgente” os popularmente conhecidos "bairros de barracas" ou "de lata". “Nestes bairros, só na cidade de Lisboa, residiam várias dezenas de milhares de pessoas. Todo esse problema, de dignidade humana elementar, teve intenções de resolução logo em 1974, com o SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), mas apenas foi solucionado já na década de 1990, com o último grande programa de habitação pública, o Programa Especial de Realojamento.”

Podes consultar o site da exposição aqui

A mostra, desenvolvida no âmbito das comemorações dos 30 anos do PER, vai ainda incluir um ciclo de cinema e conversas com especialistas, a decorrer entre até julho deste ano, que pretende contribuir para a reflexão sobre a habitação e a cidade numa perspetiva temporal e territorial alargada.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

20 Novembro 2024

Visita as antigas instalações da Manutenção Militar Norte, no Beato, a 23 e 24 de novembro

20 Novembro 2024

Trabalhas em cultura num território de baixa densidade? Isto pode ser para ti

18 Novembro 2024

Património sonoro de Aveiro é protagonista de novo disco

7 Novembro 2024

A 2.ª edição do ciclo Afro-Portugal está de volta a Coimbra para questionar identidades

6 Novembro 2024

500 paus pela melhor banda desenhada: concurso da Chili Com Carne está de volta

4 Novembro 2024

Mulheres na tecnologia continuam a sentir-se discriminadas, mal pagas e pouco representadas

28 Outubro 2024

Organizações propõem medidas para atingir a plena integração dos jovens nas políticas públicas

23 Outubro 2024

Síncopes: histórias de mulheres negras no século XX em cinco episódios

22 Outubro 2024

“Urgência Climática”, ou um olhar humanizado sobre o ativismo. Estreia hoje no São Luiz

7 Outubro 2024

MediaCon reuniu hoje com o Governo 

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura II – Redação de candidaturas [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e manutenção de Associações Culturais (online)

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 Julho 2024

A nuvem cinzenta dos crimes de ódio

Apesar do aumento das denúncias de crimes motivados por ódio, o número de acusações mantém-se baixo. A maioria dos casos são arquivados, mas a avaliação do contexto torna-se difícil face à dispersão de informação. A realidade dos crimes está envolta numa nuvem cinzenta. Nesta série escrutinamos o que está em causa no enquadramento jurídico dos crimes de ódio e quais os contextos que ajudam a explicar o aumento das queixas.

5 JUNHO 2024

Parlamento Europeu: extrema-direita cresce e os moderados estão a deixar-se contagiar

A extrema-direita está a crescer na Europa, e a sua influência já se faz sentir nas instituições democráticas. As previsões são unânimes: a representação destes partidos no Parlamento Europeu deve aumentar após as eleições de junho. Apesar de este não ser o órgão com maior peso na execução das políticas comunitárias, a alteração de forças poderá ter implicações na agenda, nomeadamente pela influência que a extrema-direita já exerce sobre a direita moderada.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0