fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Laura Bastos

Laura Bastos é licenciada em Jornalismo e doutorada em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra. Colabora como voluntária com a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável desde Setembro de 2022.

A culpa e as viagens

Nas Gargantas Soltas de hoje, Laura Bastos fala-nos sobre viagens e sustentabilidade.

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Há mudanças em nós mesmos que nos surpreendem bastante. No meu caso, uma delas foi o facto de, desde há uns anos para cá, ter deixado de ter vontade de viajar, pelo menos para longe. Um espanto para mim e para quem me conhece, pois desde pequena que aproveitava qualquer oportunidade para ir para fora. É verdade que há vários fatores que influenciaram esta minha transformação: primeiro foi a pandemia e depois a maternidade e todo o cansaço associado. No entanto, sinto que foi na verdade um desencanto com a própria ideia de viajar, sobretudo aquela viagem de duas semanas (se tivermos sorte), em que se percorre vários sítios numa assentada, tentando encontrar clips de formas diferentes de vida, que na realidade demoraríamos anos para começar a entender.  Comecei a olhar para o viajar como mais uma forma de consumismo, mais ou menos como ir ao supermercado, comprar um produto feito à medida das nossas preferências, sem ter a noção do processo, muitas vezes devastador, que foi necessário para tê-lo nas nossas mãos. 

A mudança apesar de surpreendente teve um momento exato de rutura. Numas férias ao México em 2018, escolhemos ir para uma ilha que os guias do “viajante”, e não do “turista” (uma outra discussão que precisaria de outro texto), indicavam como sendo um paraíso de belas praias ainda não totalmente rendido aos grandes hotéis para turistas e, portanto, um sítio mais “genuíno”. Era realmente uma pequena ilha que apenas recentemente tinha começado a receber turistas, o que fez com que, ao tentar fugir do turismo, eu tivesse acabado por dar de caras com o seu pior lado. O crescimento da ilha em termos populacionais não estava a acontecer de forma sustentável para o ambiente, o que me fez sentir como um agente de contaminação naquele pequeno pedaço de terra. 

No entanto, sei que a vontade de viajar e conhecer novas realidades é inato em muitos de nós. Por isso, para aqueles que não perderam a vontade de viajar, há formas de o fazer de forma mais sustentável, e aqui estão algumas: 

- Apesar de minha experiência pessoal na escolha de um destino menos turístico não ter sido a melhor, a verdade é que continua a ser preferível evitar locais com muitas pessoas para não sobrecarregar ainda mais o ecossistema local, assim como escolher épocas menos concorridas e, é claro, tentar escolher destinos mais perto; 

- No hotel, podemos levar os nossos próprios produtos de higiene, pedir para não efetuar mudança diária de toalha, usar o ar condicionado com temperaturas menos baixas e colocar as embalagens vazias no ecoponto. O campismo só deve ser feito em locais permitidos e devemos levar os nossos próprios produtos de higiene que não poluam lagos/rios/oceanos, não acender fogueiras e respeitar a fauna e flora locais; 

- Na escolha do transporte, é importante evitar o avião e, se possível, fazer uso da ferrovia. No local de destino, devemos andar a pé, de bicicleta ou de transportes públicos.  Caso seja mesmo necessário um carro, este deve ser elétrico e devemos também ter em conta que o tamanho da viatura deve ser adequado ao número de pessoas e às malas com que se viaja; 

- Devemos levar o menos bagagem possível; 

- Evitar desportos motorizados e preferir atividades como caminhada, bicicleta ou corrida; 

- Planear pequenos lanches com produtos a granel e priorizar os alimentos locais na altura da compra, e levar connosco sacos reutilizáveis; 

- A trazer lembranças, devemos tentar comprar artefactos de produção manual local, se possível com materiais locais de origem sustentável; 

- Nas praias, devemos preservar a paisagem e os ecossistemas envolventes das zonas balneares, evitando o pisoteio de dunas ou outras áreas sensíveis.

É provável que esta nuvem passe e que eu volte a ter vontade de viajar. Felizmente, há cada vez mais opções de turismo sustentável e, quem sabe, talvez também já as haja naquela pequena ilha mexicana. 

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

19 Dezembro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

12 Dezembro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

10 Dezembro 2025

Dia 18 de janeiro não votamos no Presidente da República

8 Dezembro 2025

‘A ação climática é demasiado cara’: como a extrema-direita e as grandes empresas estão a instrumentalizar a instabilidade social

7 Dezembro 2025

Meet Reset! Lisboa: desafios e caminhos para o futuro dos espaços culturais

5 Dezembro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

3 Dezembro 2025

Estado daquilo que é violento

1 Dezembro 2025

Os novos guarda-rios no Antropoceno

28 Novembro 2025

Tempos livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

26 Novembro 2025

Uma filha aos 56: carta ao futuro

Academia: Programa de pensamento crítico do Gerador

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e Manutenção de Associações Culturais

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Oficina Imaginação para entender o Futuro

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Oficina Literacia Mediática

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Autor Leitor: um livro escrito com quem lê 

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Curso Política e Cidadania para a Democracia

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Clube de Leitura Anti-Desinformação 

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

17 novembro 2025

A profissão com nome de liberdade

Durante o século XX, as linhas de água de Portugal contavam com o zelo próximo e permanente dos guarda-rios: figuras de autoridade que percorriam diariamente as margens, mediavam conflitos e garantiam a preservação daquele bem comum. A profissão foi extinta em 1995. Nos últimos anos, na tentativa de fazer face aos desafios cada vez mais urgentes pela preservação dos recursos hídricos, têm ressurgido pelo país novos guarda-rios.

27 outubro 2025

Inseminação caseira: engravidar fora do sistema

Perante as falhas do serviço público e os preços altos do privado, procuram-se alternativas. Com kits comprados pela Internet, a inseminação caseira é feita de forma improvisada e longe de qualquer vigilância médica. Redes sociais facilitam o encontro de dadores e tentantes, gerando um ambiente complexo, onde o risco convive com a boa vontade. Entidades de saúde alertam para o perigo de transmissão de doenças, lesões e até problemas legais de uma prática sem regulação.

Carrinho de compras0
There are no products in the cart!
Continuar na loja
0